A imagem do celular Maikon Costa (PSDB) sendo arremessado pelo plenário da Câmara de Vereadores de Florianópolis depois de um tapa do presidente da Casa, Roberto Katumi (PSD), é a ponta do iceberg de um roteiro que começou bem antes da sessão de terça-feira, 26 de novembro. Os enfrentamentos entre a oposição e Katumi são comuns. Vereadores reclamam que o pessedista é autoritário em suas decisões, por isso frequentemente questionam as determinações da presidência nas sessões.

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Maikon Costa e Katumi já tiveram outros embates neste ano. Em um deles, inclusive, a sessão também foi encerrada antes da hora. A rixa entre eles é conhecida na Câmara. O tucano diz ser perseguido pelo presidente. Já Katumi alega que cumpre o regimento interno da Casa em seus atos. Mas as discussões não envolvem somente os dois. Lela (PDT) e Pedrão (sem partido) constantemente questionam os atos do pessedista.

Neste cenário também é importante destacar outro ponto: apesar de estar na presidência, Katumi faz parte da base de Gean Loureiro (sem partido). Inclusive já foi líder de governo na Câmara. Para os oposicionistas, as atitudes são em defesa do prefeito. Katumi nega.

Na sessão desta terça-feira, a confusão já dava indícios de que estava prestes a ocorrer quando Afrânio Boppré (PSOL) foi à tribuna para discutir o projeto do Executivo para a adesão de Florianópolis à Associação Internacional de Cidades Educadoras. O pessolista aproveitou seu tempo para falar também sobre a denúncia feita pelo Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis (Sintrasem) em relação à organização social que administra creches na Capital. Leia aqui e entenda o que apontou o sindicato dos servidores.

Para Boppré, antes de votar o projeto das cidades educadoras, a Câmara deveria ouvir o prefeito sobre as informações do Sintrasem. Assim que o vereador deixou a tribuna, Katumi disse que concordava com os esclarecimentos, mas pontuou que Boppré fugiu do tema do projeto em sua manifestação. Esta foi a deixa para o que viria logo em seguida.

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Lela foi o próximo a falar. Ele pretendia mostrar um vídeo sobre a atuação das organizações sociais nas unidades de educação de Florianópolis. Para o presidente, isto fugiria do tema do projeto. Os dois discutiram e Katumi encerrou a sessão.

Logo depois viriam as cenas que estão no vídeo abaixo e que ganharam a internet desde a noite de terça. A oposição passou, então, a reforçar o discurso de censura por parte da presidência, enquanto o pessedista diz ter sido coagido.

O clima não parece favorável para uma reconciliação. Os dois lados seguem com discurso de embate. Até mesmo o líder do governo na Câmara, Renato Geske (PL), criticou a postura de Katumi e se enfileirou ao discurso da oposição.

A disputa política claramente ganhou mais espaço do que deveria dentro do Legislativo de Florianópolis. Isso que ainda faltam pouco menos de doze meses para a eleição de 2020. Os embates deixaram de ter foco na cidade, o que prejudica tanto a população quanto os próprios parlamentares.

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As discussões dentro de uma Câmara são naturais e fazem parte do processo. O que não deve imperar é o desrespeito. A imagem refletida pelos vereadores neste 2019 destoa do que se espera de um parlamento. Diferenças se resolvem no diálogo, não com enfrentamentos.

Katumi internado

O presidente da Câmara foi internado na tarde desta quarta-feira após um mal súbito, segundo a assessoria da Casa. Na semana passada ele passou por um cirurgia cardíaca. Foram colocados sete stents durante o procedimento. O médico do vereador recomendou a internação nesta quarta após Katumi se sentir mal.

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