Além de abrir mão de liderar um plano nacional de combate aos efeitos do coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro ainda resolveu contribuir para tumultuar a rotina dos hospitais. A declaração, incentivando pessoas a entrarem nas UTIs para filmarem leitos vazios, já entrou para a coleção de bravatas, mas mexeu com os aloprados.
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Em São Paulo e no Distrito Federal houve invasões em unidades de saúde. Cobrado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, o procurador-Geral da República, Augusto Aras, solicitou a abertura de procedimentos para apurar eventuais responsabilidades. Uma ação para inglês ver, porque não chegará ao presidente da República. Mas serve como recado.
As frases polêmicas de Bolsonaro podem ser estratégicas para manter a polarização, mas são um tiro no pé. Durante o final de semana, o STF também resolveu aumentar o tom contra manifestantes bolsonaristas. Na noite de sábado, um manifestante jogou fogos de artifício contra o prédio da Corte. Em nota, o presidente Dias Toffoli afirmou que essas atitudes são “financiadas ilegalmente e estimuladas por uma minoria da população e por integrantes do próprio Estado”.
Aliado do presidente Bolsonaro, o governador do DF, Ibaneis Rocha, determinou a prisão de um dos responsáveis pelo ataque e o desmonte do acampamento do grupo chamado “300 pelo Brasil” ainda no início do sábado.
No momento em que os casos de coronavírus alcançam o pico e que governadores e prefeitos precisam tomar decisões impopulares, mas necessárias para evitar um caos na saúde –como é o caso no Rio Grande do Sul –, o governo federal precisa abandonar o cabo de guerra e se concentrar no que realmente é prioridade.
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E a educação?
Na sexta-feira, o Comitê Técnico da Educação do Instituto Rui Barbosa e o Instituto Iede apresentam diagnóstico sobre as principais dificuldades das redes de ensino dos Estados e municípios durante o período da pandemia. O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Cezar Miola afirma que 26 dos 33 TCEs participaram do levantamento. Miola explica que o foco também é oferecer propostas concretas de retomada das aulas à rede de ensino. O conselheiro também chama a atenção para a redução dos recursos do Fundeb, o fundo da educação básica, financiado com a arrecadação do ICMS.
Guedes perdeu
O desembarque de Mansueto Almeida da equipe do Ministério da Economia já era pedra cantada na capital federal. Secretário do Tesouro, ele vinha se manifestando publicamente a favor do distanciamento social e demonstrando insatisfação no cargo. A equipe econômica perde um importante interlocutor junto aos governadores e ao Congresso.
Vetos na berlinda
O Congresso tem 26 vetos presidenciais para serem analisados, entre eles o que liberaria R$ 8,6 bilhões para Estados e municípios usarem no combate à pandemia. O presidente Rodrigo Maia (Câmara) chegou a afirmar que ficou surpreso com o veto de Bolsonaro. Hoje, na reunião de líderes, deve ser definida a data da sessão do Congresso desta semana.