O ministério mais importante da Esplanada está novamente sem comando porque o currículo de Carlos Alberto Decotelli derreteu em cinco dias. Festejado por ex-alunos e até ex-ministros da Educação, o professor sustentou que tinha títulos de doutorado e pós-doutorado que jamais conquistou.
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Além da suspeita de plágio no mestrado, a Fundação Getúlio Vargas afirmou que ele jamais foi professor do quadro, mas chegou a ser contratado para cursos a executivos. Mas esse desmentido foi a gota d´água para a única saída possível, que foi o pedido de demissão. À repórter Silvana Pires, Decotelli afirmou que a FGV acabou com a reputação dele. Não é bem assim.
O desgaste relâmpago ocorreu pelas inconsistências em série. E lá se vai mais um ministro, enquanto o MEC permanece em constrangedora paralisia. Em um ano e meio de governo, o presidente Jair Bolsonaro terá que escolher o quarto titular para a pasta. As alas ideológica e militar fracassaram nas indicações. E isso não ocorreu à toa.
A educação está abandonada desde os primeiros dias da administração. Jamais houve um plano para a área, levando-se em consideração as mudanças no Ensino Médio, necessidades de investimento, financiamento da educação básica, papel das universidades federais e assim por diante. Distraído com a questões de costumes, o presidente jamais se debruçou sobre o que realmente interessa.
> Quando corrupto é seu vizinho
Questionado pela coluna, o vice-presidente, general Hamilton Mourão, deu a dica: o próximo ministro tem de conhecer o sistema educacional e ser um bom gestor. O general só se esqueceu de citar que aquela clássica revisada no currículo nunca é demais.
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Superstição
Políticos experientes jamais sentam na cadeira de titular antes da cerimônia de posse. No governo Bolsonaro, o delegado Alexandre Ramagem fez reunião e ocupou o gabinete na sede da Polícia Federal antes do tempo. Decotelli também se adiantou e já organizava até reunião de transição. Nenhum dos dois, escolhidos pelo presidente Jair Bolsonaro, esquentou a cadeira.
Seguindo o roteiro
Em clima de brincadeira com os presidentes da Câmara e do Senado, o presidente Bolsonaro fez um discurso equilibrado e sem ataques ao anunciar a prorrogação do auxílio emergencial. A equação foi política: antes que o Congresso anabolizasse parcelas menores, o governo mesmo manteve mais dois meses de R$ 600. O próximo passo é ampliar a agenda de inaugurações para as viagens presidenciais.