Abro a coluna de hoje na carona de um importante texto do jornalista Fernando de Barros Silva, em que ele escreveu: “Quantas concessões à barbárie ainda serão feitas em nome do ‘pluralismo’? O momento é de debilidade e perda de parâmetros. Racismo não é ponto de vista. É crime”. Agradeço, desço na estrada e sigo com o também jornalista e advogado Thiago Amparo, que disse recentemente: “Pluralismo é um rio onde as ideias se movem dentro das margens da verdade e da ciência”. E sigo meu caminho com o ex-craque e hoje comentarista de futebol Casagrande: “Se você entra numa sala e se senta com seis nazistas, então teremos sete nazistas”.
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O esporte brasileiro teve uma semana agitada. Atletas se manifestaram fortemente contra Maurício Souza, que fez publicações homofóbicas nas redes sociais e teve o contrato rescindido por seu clube, o Minas Tênis Clube, devido à pressão de poderosos patrocinadores. E quem mais poderia sair em defesa do jogador de vôlei? Um disco do Aguinaldo Timóteo, uma camisa velha do Botafogo e uma cocada para quem fizer a escolha certa.
Claro, o presidente da República, aquele que estupidamente associou a vacina contra a Covid-19 à Aids. Sem jamais controlar o esgoto de absurdos que corre em seu organismo e sai de sua boca, ele disse: “Puta que o pariu, impressionante né? Tudo é homofobia, tudo é feminismo”. O mesmo sujeito apontado por crimes de responsabilidade e contra a humanidade, no relatório final da CPI que investigou o agravamento da pandemia no Brasil de mais de 600 mil vidas perdidas.
Jogador talentoso, medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 2016, Maurício Souza não consegue esconder o que é: preconceituoso e homofóbico. Douglas Souza, companheiro de Seleção Brasileira, afirmou: “Não dá em pleno 2021 para as pessoas acharem que liberdade de expressão é você ser homofóbico”. Maurício limitou-se a uma tímida retratação também nas redes sociais. Era tarde.
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Demonstrações covardes e perversas são frequentes em estádios de futebol, por exemplo. Pusilânimes travestidos de torcedores vão às arquibancadas para xingar, ameaçar, despejar rancores. Tudo reflexo de um país que normatiza preconceitos, polarizações e narrativas odiosas.
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“No Brasil de hoje, líderes políticos praticam diariamente atos de homofobia, misoginia e racismo, e isso funciona como um sinal verde para seus apoiadores, que se sentem autorizados para ofender, caluniar e disseminar linguagem de ódio”, afirma a esta coluna a jornalista Patrícia Campos Mello, autora do obrigatório livro “A Máquina do Ódio”. Casagrande acrescenta: “Qualquer tipo de preconceito é covardia porque fere a alma da pessoa”.
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Não há discussão com quem pratica homofobia, xenofobia, misoginia, racismo, pedofilia, com quem faz apologia ao nazismo e prega intolerância religiosa. Não há conversa possível com quem agride desabrigados sob marquises, espanca mulheres em casa ou joga gasolina sobre índios em pontos de ônibus. Não há diálogo com quem defende preconceitos e criminosos.
Pra refletir:
De Albert Einstein:
Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito.
De Machado de Assis:
O medo é um preconceito dos nervos. E um preconceito desfaz-se – basta a simples reflexão.
De Voltaire:
Preconceito é opinião sem conhecimento.
De Bob Marley:
Que país é esse onde o preconceito está guardado em cada peito? Que país é esse onde as pessoas não podem ser iguais, devido a suas classes sociais?
De Paulo Autran:
Todo preconceito é fruto da burrice, da ignorância, e qualquer atividade cultural contra preconceitos é válida.
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