Uma nova realidade está chamando a atenção no Brasil, o crescimento de pedidos de recuperação judicial no setor rural. Os principais argumentos para a medida são choques climáticos e juros altos ao setor. SC não é um dos estados que aparecem com alto índice desses pedidos, mas o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faesc), José Zeferino Pedrozo, se manifestou pela primeira vez sobre o tema e alertou que existe uma insuficiência de crédito rural no Brasil.
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A recuperação judicial – um recurso utilizado por empresas ou pessoas físicas para evitar a falência porque não estão conseguindo pagar dívidas financeiras – passou a ser vista como um problema no agro brasileiro a partir da explosão no número de pedidos em 2024, quando somaram 2.273 no país, 62% mais que no ano anterior. No segundo trimestre deste ano, dados da Serasa Experian mostram crescimento de 31,7% frente ao mesmo período do ano anterior, com 429 pedidos.
Chama a atenção no agro, segundo a Serasa, é que os pedidos são feitos por pessoas físicas, jurídicas e empresas, de todos os portes, embora sejam mais por propriedades maiores. Alguns especialistas dessa área avaliam que pode haver um exagero nos pedidos. A incidência no segundo trimestre foi mais em Goiás, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraná.
Em artigo publicado nesta segunda-feira, o presidente da Faesc mostra preocupação com esse crescimento de pedidos de recuperação judicial no país. Ele atribui isso à série de obstáculos enfrentados pelo setor que levaram a explosão de custos de produção nos últimos anos.
Ficaram mais caros insumos dolarizados sementes, energia e os salários de trabalhadores, além dos juros no Brasil pressionados pela taxa básica Selic em 15% ao ano. Isso tem resultado em menores margens e mais propriedades com dificuldades para pagar contas. Além disso, o dirigente alerta que a oferta de crédito oficial ao setor está mais limitada.
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– A insuficiência de recursos para o crédito rural tornou-se o drama cotidiano do campo brasileiro. As linhas de custeio e investimento — que deveriam garantir estabilidade, continuidade e planejamento — chegam tarde, chegam em volume insuficiente ou simplesmente não chegam. A escassez de recursos é hoje o maior obstáculo para manter a produção ativa e evitar um colapso anunciado – ressaltou Pedrozo.
Para o líder rural catarinense, essa questão do crédito insuficiente e irregular deveria ser observada pelo governo federal com urgência. Ele argumenta que crédito rural subsidiado não é um favor, é uma política pública estruturada, que garante produção, abastecimento e estabilidade econômica. Sem ele, não há agricultura forte.
As atividades agrícolas têm seu tempo e a série de desafios, especialmente os climáticos. Sem a produção necessária, a oferta cai e gera inflação, causando dificuldades tanto para os que estão no campo, quanto para quem está nas cidades.
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