Além de Santa Catarina, o setor de moda e confecções é forte em diversas regiões do Brasil. O evento ONDM – O Negócio da Moda, que nasceu em Balneário Camboriú em 2015 para atender necessidades do setor de confecções, realiza a edição catarinense deste ano, o ONDM Brasil, nos dias 22, 23 e 24 de outubro, no Expocentro de Balneário. Em março de 2025 terá a segunda edição no Nordeste, em Santa Cruz do Capibaribe, Pernambuco; e em maio do ano que vem, realiza a segunda em Goiânia, Goiás.
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O empresário Ivan Jasper, de Brusque, fundador e realizador do ONDM, diz que o evento foi ampliado para essas regiões porque é preciso ir “aonde o ouro está”, parafraseando o consultor de moda Carlos Ferreirinha, um dos palestrantes do evento. Conforme Jasper, além do forte e completo polo têxtil de SC e da participação de São Paulo, o Brasil conta com grandes polos de confecções, como os de Pernambuco e Goiás.
O ONDM Brasil, em Balneário Camboriú, deverá receber público de 15 mil pessoas e contará com 100 expositores, que são fornecedores de insumos para a indústria de confecção.
Veja imagens de palestrantes do próximo ONDM em Balneário e de público no evento pelo Brasil:
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A programação de palestras contará com nomes fortes do setor de moda e consultores, destaca Ivan Jasper. Além de Carlos Ferreirinha, participarão a jornalista Mônica Salgado, o CEO da Hugo Boss no Brasil Romeo Bonadio, a CEO da Swarovski Carla Assumpção, a criadora do Provador Fashion Joy Alano e o CEO da marca Aramis, Richard Stad.
Entre os líderes catarinenses, estarão palestrando o CEO do Grupo La Moda Hugo Olivo e as gestoras de marcas do grupo, Bruna e Bianca Olivo. Também falarão no evento o presidente do Grupo Lunelli, Denis Lunelli e Juan Pablo Boeira, da Abstrato, empresa de tecnologia de SC.
Saiba mais sobre o ONDM e os polos de confecções de Pernambuco e Goiânia na entrevista do empresário Ivan Jasper, a seguir:
O que motivou o senhor a criar o evento ONDM – O Negócio Da Moda em 2015 e como ele chega neste ano de 2024?
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– O evento e feira ONDM – O Negócio Da Moda foi lançado em 2015 porque, naquele período, faltava no mercado de Santa Catarina alguém que se atentasse à indústria de confecção. A indústria têxtil pesada estava sendo atendida pela Febratex, que é uma feira excepcional realizada em Blumenau a cada dois anos.
Mas o mercado das confecções tinha uma carência muito grande de empresas fornecedoras de insumos, produtos e serviços, como fornecedores de malha, tecidos planos, fio, tinturaria, aviamento, botões e outros. Então, essa é a proposta da feira do ONDM.
Além disso, tínhamos carência muito grande de trocar informação nesse mercado. Então, passamos a fazer também uma série de palestras com conteúdo sobre moda e outros temas do setor. Por isso a gente continua muito forte com o compartilhamento de inteligência de conteúdo. A grande maioria das feiras deixa um espacinho pequeno para conhecimento, informação para o mercado
Quais são os destaques para a edição deste ano?
– O evento cresceu muito. Esperamos nesta edição cerca de 15 mil pessoas, a maioria potenciais compradores. Serão cerca de 5 mil por dia. Tivemos um crescimento orgânico importante desde o início do evento, em 2015. Foi muito em função de entregas para o expositor e para o público, com a realização de negócios e informações.
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Isso faz com que as pessoas continuem retornando ao ONDM e também indicando para outras participarem. Por isso, estamos num momento muito bom.
O evento será pela segunda vez no Expocentro Balneário Camboriú. Fizemos nesse local no ano passado, foi sensacional e vamos repetir. Reservei espaço no Expocentro para as edições dos próximos anos também, até para 2029.
Neste ano, teremos na feira cerca de 100 expositores. São empresas fornecedoras de diversos produtos e serviços ao setor, incluindo máquinas de costura para confecções e máquina de estamparia digital. Então, todas as soluções para a indústria da confecção a gente tem lá.
Teremos até um escritório de contabilidade. Ele oferece serviço específico porque cada estado tem uma legislação têxtil. Além disso, network é muito importante nesses eventos. Os executivos trocam muitas informações sobre negócios porque a gente traz quem faz acontecer na moda do Brasil.
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Como será a programação de conteúdo do ONDM 2024?
– O evento abre às 13h30min e vai até às 21h, nos três dias. Nesse período, teremos grandes palestras e talks (painéis com mais de um palestrante). Além disso, teremos “Pitchs”, pequenas apresentações de 10 minutos para destacar alguns assuntos. No nosso espaço de palestras cabe mil pessoas. Então, quem chega primeiro entra.
Estamos trazendo nomes fortes para as palestras. A primeira palestra, dia 22, será com a jornalista Mônica Salgado. Depois, teremos palestra com o Carlos Ferreirinha, MCF Consultoria, que fala sobre moda premium. Ele é unanimidade, presidiu a Louis Vuitton no Brasil por sete anos. Ele vai trazer junto Romeo Bonadio, CEO da Hugo Boss no Brasil e a Carla Assunpção, CEO da Swarovski na America Latina. A Swarovski é uma marca europeia fantástica de 129 anos.
No dia 23, a primeira palestra será de Mariana Santiloni, do WGSN, que atua com tendências de moda. Nesse dia, também teremos palestra dos acionistas do Grupo La Moda, de Nova Veneza, Santa Catarina. Hugo Olivo, CEO do Grupo La Moda, e as gestoras das marcas do grupo Bruna Olivo, da Lança Perfume, e Bianca Olivo, da My Favorite Things.
E no último dia (25), o destaque será a palestra de Richard Stad, CEO da marca masculina Aramis, uma das que mais crescem no Brasil. Ele tem como parceiro na produção o ator Cauã Raymond, ator da Rede Globo. Também estamos trazendo o jovem empresário Bento Meireles, sócio da Minimal Club, de Belo Horizonte, que entrou na lista Forbes Under 30, e o empresário Juan Pablo Boeira, da empresa de tecnologia Abstrato, voltada a inteligência Artificial.
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Por que a decisão de fazer o evento ONDM também em outras regiões do Brasil, como em Santa Cruz do Capibaribe, em Pernambuco?
– Vamos fazer a próxima edição em Santa Cruz do Capibaribe, cidade do Agreste de Pernambuco, nos dias 25 e 26 de março de 2025. É um lugar maltratado pelo tempo porque não tem água, mas constituiu um grande polo de confecção.
A gente tem que distinguir Santa Catarina de outras regiões. Temos aqui no Estado um polo têxtil, desde a transformação do algodão, produção do fio, até o processamento final, que inclui a venda da roupa numa loja.
Santa Catarina é o maior polo com essa característica, polo têxtil do início ao fim da cadeia. Nós ultrapassamos São Paulo na pandemia e hoje ninguém mais nos segura. Mas uma coisa é polo de confecção e outra é polo têxtil.
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Nós não somos o maior polo de confecção, esses que se caracterizam pela compra do tecido e confecção. Existem outros polos no Brasil que são maiores. O primeiro deles é São Paulo, com as regiões de Brás e Bom Retiro.
E depois vêm outros polos que são de igual tamanho, mas que dependem da sazonalidade. Um desses fica no Agreste nordestino, que envolve 54 municípios. Vai do Sul da Paraíba ao Agreste de Pernambuco. A cidade mais conhecida do Agreste de Pernambuco é Caruaru.
Como surgiu esse polo do Agreste?
– Começou no final da década de 1970 para 1980. Eles tinham lá um minério, uma pedra, que vendiam em São Paulo. Os caminhoneiros traziam aquela pedra para São Paulo e ficavam ali de seis a 12 horas parados para descarregar.
Um dia, um desses caminhoneiros estava no Brás e, naquela região, uma empresa estava sobrando uns tecidos, aquele tecido helanca. Ele levou os retalhos para casa, no Nordeste. Todas as famílias tinham uma máquina de costura em casa. A esposa dele pegou e fez umas roupas.
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A vizinha descobriu, também tinha marido caminhoneiro. Pediu para ele trazer retalhos de helanca. Num determinado momento, elas começaram a fazer mais do que consumiam e começaram a comprar tecidos. Isso, de uma forma endêmica, foi se alastrando.
Elas pegaram um pequeno tapete, colocaram na porta de casa e começaram a colocar as peças em cima do tapete para vender. Alguém resolveu fazer uma mesinha dobrável e outras também fizeram.
Um dia, elas foram vender na principal rua da cidade. Começaram a fazer uma feira como se fosse uma feira de frutas. E chamaram essa feira de Sul, por causa de São Paulo. Então, em vários lugares do Agreste tem a tal da Sul Helanca, que para eles é sinônimo de feira.
E um homem mais esperto reuniu um grupo de pessoas e resolveu construir um teto para essas costureiras. E aí começou um lugar em Santa Cruz do Capibaribe chamado Moda Center. Naquele lugar, tem 10.800 lojas. Eles recebem de 90 mil a 150 mil compradores. É uma loucura. Não dá para acreditar.
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O senhor foi lá para conhecer e fez uma edição do ONDM para a região?
– Fui para conhecer e já fiz um evento lá em 2023. Farei outro em 2025. Fui conhecer porque muitas pessoas falavam desse polo. Muitos fornecedores de malha daqui do Sul vendem lá. Santa Catarina é um dos principais fornecedores para eles.
Eu achava que nós éramos maiores. Fui lá ver um lugar em que havia falta de água. Mas fui acolhido de forma tão calorosa. Foi fantástico. Aí me tornei um grande embaixador daquele lugar hoje. Ah, mas eles competem com Santa Catalina? Esquece! O Brasil é um país cosmopolita. A gente não consegue fabricar tudo paro Brasil inteiro. É um país gigante. Todo mundo consome roupa.
E o que levou o senhor a fazer o ONDM em Goiânia?
– É dessa mesma forma. É um outro polo fortíssimo de confecção do Brasil. Lá eu vou fazer o evento nos dias 14 e 15 de maio de 2025. Eu fiz este ano. E foi fantástico.
Bem, o que está acontecendo em Goiânia? O Carlos Ferreirinha brinca nas palestras dele dizendo que a gente tem que ir aonde o ouro está. Uma espécie de analogia com o velho oeste americano, sabe?Daquela época da corrida do ouro. E o ouro hoje está em Goiânia.
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O setor de confecções está forte em Goiânia por causa do agronegócio. A expansão do setor de moda é uma consequência, a exemplo de outros setores como a construção civil. Goiânia fica no centro do país. É considerada a Nashville (polo de música country) do Brasil. Tudo quanto é músico ou compositor sertanejo do Brasil tem escritório lá. Então, é um pessoal que fatura muito, que consome muito e que gasta muito naquela cidade também.
Em Goiânia existe a tal Rua 44, com 700 grandes e pequenos shoppings, que vendem muita confecção e outros produtos. É uma economia pujante que você não faz ideia.
Considerando todo esse seu conhecimento sobre confecção e moda que se faz em Santa Catarina e no Brasil, o senhor acredita que poderiam ser criadas grifes catarinenses fortes, de projeção internacional?
– Muito, muito! Nós temos a maior qualificação das pessoas técnicas do Brasil. Vale a pena contar uma pequena história. No evento de Goiânia deste ano, esteve expondo na nossa feira uma cidade chamada Campo Verde, do Mato Grosso.
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Campo Verde deseja levar indústria têxtil para lá, porque eles são um dos maiores produtores de algodão do Brasil. A logística seria muito simples se eles tivessem empresas fazendo fio e malha lá. E eu estava na feira com o secretário da Indústria e Comércio do Estado de Goiás.
Quando ele viu um município de Mato Grosso na feira, questionou por que Goiás não estava fazendo o mesmo. Eu disse que o governo de Goiás não acreditou no evento, o primeiro evento. Tudo tem seu tempo.
Depois, debateu com um empresário sobre indústrias do setor e foi informado de que é preciso 15 anos para formar um polo de indústria têxtil. São necessários engenharia têxtil e trabalhadores qualificados. Destacou que o polo têxtil de Santa Catarina começou em 1860.
Nós temos uma qualidade incrível, mas a gente tem que ter mais coragem (para fortalecer marcas). Temos algumas marcas que estão se destacando no exterior. Uma é a Farm (do Rio de Janeiro) que, com suas estampas, está crescendo na França, Japão e Estados Unidos. Nós temos daqui de Santa Catarina a Mormaii, marca de surfwear porque os surfistas levam suas marcas para todos os cantos do mundo.
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