Santa Catarina fechou o mês de maio com saldo positivo de apenas 366 postos de trabalho com carteira assinada, bem abaixo dos 4.926 novos postos de trabalho criados no mesmo mês de 2024. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. No acumulado de janeiro a maio, SC ficou em quinto lugar no ranking nacional com 73,8 mil novas vagas, atrás de SP, MG, PR e RS. O economista da Federação das Indústrias do Estado (Fiesc), Marcelo Masera de Albuquerque, explica que o resultado de maio reflete os cenários econômicos nacional e internacional.
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Considerando os setores em Santa Catarina, em maio os serviços lideraram os resultados positivos com a criação de 1.344 novas vagas, a indústria abriu 239 novos postos de trabalho e o setor de construção civil gerou 11 novas vagas. A agropecuária liderou o saldo negativo com o fechamento de 980 vagas e o comércio fechou 248 vagas.
O elevado fechamento de vagas na agropecuária é sazonal, um efeito positivo da diversidade produtiva de Santa Catarina. São contratos temporários feitos nos primeiros meses para fazer as colheitas das safras que se estendem até maio ou junho. O estado tem elevadas produções de arroz, soja, milho, maçã e uva, que têm colheitas vão até junho.
Mas o recuo na criação de vagas na indústria, está mais ligado à economia nacional e internacional, destaca o economista Marcelo Masera de Albuquerque. Ele lembra que em 2024, a indústria de transformação brasileira teve um crescimento médio de 3,8% enquanto em SC cresceu 7,6%. Isso sob a influência do ciclo de queda dos juros que o Banco Central iniciou em 2023 e se manteve até setembro de 2024, quando voltou a subir de novo.
– Agora, temos a Selic em 15% ao ano, definida na última reunião do Copom, do Banco Central. Por isso, entendemos que, em grande medida, o ano de 2025 será pautado por uma desaceleração em vários setores econômicos. É lógico que existe um efeito de defasagem em relação a esses juros para ter um impacto direto na economia, que vai de seis a oito meses. Mas é provável que a gente possa já ter observado esse impacto em alguns setores a partir desse mês de maio olhando os dados de emprego – comenta Marcelo Masera.
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Ele explica que isso pode ser observado em SC no caso de fechamentos de vagas no setor químico e plástico, por exemplo. É um setor que registra desaceleração desde o segundo semestre do ano passado. Em outubro de 2024 estava com crescimento anualizado de 10,5%, em dezembro recuou para 6,5% e em abril caiu para 3,2%. O setor têxtil e de confecções no ano passado avançou 7,4% e agora, e abril, recuou para 5,3%.
– A demanda de consumo das famílias estava num patamar elevado, mas, nos últimos trimestres teve uma limitação na trajetória de crescimento. Isso tende a ser potencializado com juros mais altos num cenário de Selic a 15% ao ano. O próprio setor da construção pode ter um impacto importante em outros setores, como o de metalurgia. O juro alto inviabiliza o financiamento de novos imóveis. E quando a gente olha o cenário internacional, temos incertezas em várias regiões. O principal destaque talvez seja a condução da política econômica dos Estados Unidos – explica o economista da Fiesc.
Mas como a economia catarinense é diversificada, enquanto alguns setores sofrem, outros seguem com bom nível de atividade e crescem. Um dos que estão bem é o de proteína animal, com exportações crescentes de carne suína e carne de aves, observa Marcelo Masera.
Os setores de comércio e serviços em SC também sentem o impacto da mudança provocada pelos juros altos e geraram menos empregos em maio. O comércio, por exemplo, teve saldo negativo e o maior recuo, de 226 vagas foi no comércio atacadista.
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