A Vindima é um dos momentos mais esperados no ciclo da produção do vinho e sempre foi motivo de comemoração e festa em todo o mundo desde os primórdios da humanidade. Trata-se de uma atividade milenar, que transcende o processo agrícola; ela é um evento cultural e social que tem sido celebrado há milênios em regiões vinícolas do mundo. Historicamente, a colheita das uvas moldou a vida e as tradições de muitas comunidades, sendo também um marco para a cultura e o turismo.
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Majoritariamente na Europa, mas que está se disseminando por todos os países produtores de vinho, muitos festivais marcam esta época do ano, reunindo música, gastronomia e tradição, que vai sendo passada de geração em geração, preservando técnicas ancestrais e promovendo a qualidade dos vinhos. Este é o período que envolve a colheita das uvas que são cuidadosamente cultivadas e cuidadas ao longo do ano de muito trabalho para as vinícolas.
Hoje, com a produção de vinhos disseminada no mundo e os avanços tecnológicos, o período das vindimas não apenas influencia as economias, mas também reforçam fatores identitários e culturais das regiões vitivinícolas nas quais estão inseridas.
Para que o vinho chegue com qualidade a sua taça, um grande trabalho no campo é desenvolvido. Enólogos e viticultores acompanham o vinhedo em todas as suas fases de crescimento, maturação das uvas, até o momento da colheita. Para ter um vinho de qualidade, é necessário respeitar o ritmo de cada variedade, que são diferentes.
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O momento certo da colheita das uvas
Definir qual o exato momento de colher as uvas é um desafio; pois é a decisão mais importante que viticultores e enólogos devem tomar todos os anos. É um momento fundamental porque está em jogo o trabalho de um ano inteiro nos vinhedos e que vai determinar a qualidade do vinho.
Com o aquecimento global, o período de colheita está se antecipando a cada ano. Os cientistas estudaram que cada grau centígrado de aquecimento antecipa as colheitas das uva de seis a sete dias. Um estudo controverso feito por nove cientistas de universidades distintas, projeta que em 2050, cerca de dois terços das regiões vinícolas, poderão não ter climas apropriados para as uvas que cultivam atualmente.
Não há como negar que a tendência de mudança climática em escala global está afetando as regiões vitivinícolas, mesmo que as antecipações das datas de colheita possa alguma relação com uma mudança de paladar e filosofia dos enólogos, que por conta do mercado estar preferindo vinhos menos alcoólicos e mais frescos, a colheita deve ser antecipada para ter uvas menos doces e com mais acidez, atendendo esta preferência de estilo de vinho do consumidor.
O período de colheita das uvas para produção de vinhos varia de acordo com a região, o clima, e o tipo de uva cultivada. No entanto, em geral, a vindima no Hemisfério Sul ocorre no verão, entre os meses de Fevereiro a Abril. Já no hemisfério norte as uvas são colhidas no outono entre julho e setembro.
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A data ideal para a colheita é definida quando as uvas estão na maturação ideal ao estilo de vinho desejado a ser produzido e o clima está favorável. As variedades de uvas possuem janelas de colheita específicas, influenciadas por fatores como maturação dos bagos, condições climáticas locais e as práticas agrícolas utilizadas em campo.
São 3 os principais tipos de colheitas
Colheita Manual
Como o nome evidencia, trata-se da retirada dos cachos direto do pé unicamente por meio do esforço humano. Até os anos 1960, este era o único meio de colheita utilizado.
Hoje em dia, por conta da tecnologia utilizada nos vinhedos, é mais utilizado por pequenos produtores, vinícolas com produção limitada, vinhos de alta gama, vinhos de parcelas especiais e únicas e de vinhas antigas. Permite uma seleção mais criteriosa das uvas e evita danos à videira. Também é utilizada em vinhedos localizados em relevos acidentados, onde a utilização de maquinários fica dificultado.
A colheita manual produz os melhores vinhos e frutos, por ser mais seletiva e minuciosa na seleção das uvas.
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Colheita Mecânica
A partir da década de 1960, surgiu a colheita mecânica, técnica que utiliza máquinas para realizar o trabalho de colher as uvas, que era destinado ao ser humano. Com uso de máquinas colheitadeiras, é possível cobrir uma extensa área de cultivo sendo utilizada para produção de vinhos em larga escala. O trabalho mecânico equivale ao de 5 trabalhadores na relação hora-hectare.
Apesar da manual já selecionar os cachos no momento da colheita, nada impede que esta seleção seja feita na mecânica após a colheita, dando continuidade no processo de produção do vinho.
Colheita Especial
Alguns vinhos são produzidos com uvas em condições bem específicas, inseridos nas vindimas mais difíceis e caras do mundo, portanto seus vinhos além de raros estão entre os mais caros do globo.
Nesta categoria estão os “Icewine”’ ou “vinhos do gelo“, que para produzir este estilo, as uvas são colhidas à noite, quando atingem a temperatura de 8º C negativos. Assim que chegam na adega são prensadas imediatamente de forma a manter os cristais de gelo e o mosto doce. São produzidos em poucas localidades do Canadá e Alemanha.
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Já os vinhos feitos com as uvas atacadas por um fungo, o “botrytis cinerea”, que resulta na “podridão nobre” que ataca gradualmente os cachos, a colheita deve ser realizada em diversos momentos justamente para colher os bagos atingidos pelo fungo. O que certamente encarece muito o processo de colheita e vinificação, tornando seus vinhos uma verdadeira joia.
Como precisam de condições climáticas muito específicas, que ocorrem somente em poucas regiões no mundo, como os Tokaj na Hungria e Sauternes na França. Estes dois exemplares são vinhos extremamente longevos, de sabores e aromas únicos, que certamente proporcionam uma experiência única, que garanto, vale cada centavo investido.
Saúde!
Néa Silveira
@neasommeliere