O descaminho de vinhos é uma prática que afeta negativamente tanto o mercado de vinhos quanto os consumidores, não apenas porque distorce a competição no mercado, mas também compromete a segurança dos produtos.

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O grande problema que enfrentamos neste tipo de ilegalidade vai muito além das leis. Se tornou um problema de saúde para os consumidores, subsistência dos produtores e importadoras brasileiras, pois cria uma concorrência desleal, afetando também os consumidores de vinhos, que não sabem o que estão comprando. Ainda afeta a economia do país por não pagar impostos, gerando ainda mais problemas sociais.

Além disso, não podemos esquecer que nossos produtores seguem regras e enfrentam dificuldades para competir com aqueles que vendem vinhos mais baratos, pois não pagam impostos. Esta diferença de preço engana o consumidor, que pode presumir que vinhos de alta qualidade podem ser baratos, prejudicando principalmente vinícolas menores, que muitas vezes operam com margens de lucro reduzidas. Quando essas vinícolas têm que competir com preços artificialmente baixos, a sustentabilidade de seu negócio fica em risco.

(Foto: Divulgação)

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O problema se agrava a cada ano. Nos últimos três anos, foram apreendidos mais de 531 mil litros de bebidas provenientes apenas de descaminho, que é a sonegação de imposto sobre mercadoria. Estes produtos, oriundos principalmente da Argentina, já estão espalhados por todos os estados brasileiros, em lojas, restaurantes e nas casas dos consumidores, que se sentem atraídos por valores abaixo do preço de mercado. Porém, este valor mais barato pode sair muito caro em outros aspectos, principalmente na saúde de quem bebe.

Riscos à saúde dos consumidores

Uma quantidade muito grande de rótulos de vinícolas muito conhecidas, principalmente dos países vizinhos ao Brasil, certamente não são produzidos nas vinícolas, mas em algum laboratório clandestino. Certamente, o que sairá dali não é vinho, mas uma mistura inimaginável de substâncias tóxicas que podem causar consequências seríssimas à saúde do consumidor, pois são elaborados usando aditivos coadjuvantes no processo que não são recomendados para o consumo humano.

E, mesmo que o produto não seja falsificado, as condições de armazenamento são péssimas e o transporte é feito em condições completamente inadequadas, que certamente trarão prejuízo ao vinho. Ele perderá características essenciais que fazem dele uma bebida agradável e de qualidade, e podem fazer com que o consumidor final acredite que este é o padrão do vinho, trazendo uma impressão ruim e equivocada da vinícola, que, nesta situação, não tem responsabilidade por esses atos ilícitos, que foram os responsáveis por alterar as características originais de seus produtos. Mesmo que seja um rótulo original, as nuances proporcionadas pelo vinho são perdidas, pois chega ao Brasil em condições muito precárias, perdendo toda sua complexidade, que é a alma da bebida.

(Foto: Banco de imagem)

Não podemos esquecer que o vinho é um ser vivo e, assim como nós, sofre alterações. Neste caso, para pior, pois as garrafas não ficaram armazenadas de forma adequada. Não sabemos por quanto tempo ficaram sob a incidência de luz, temperaturas altas e umidade excessiva. Se cada um desses fatores, isoladamente, prejudica a sanidade dos vinhos, imagine todos juntos!

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Então vamos fazer nossa parte em toda esta cadeia que envolve muito mais do que imaginamos. Nós como consumidores, podemos ajudar a combater o descaminho com atitudes como:

  • Comprar vinhos em fontes confiáveis, como lojas e distribuidores licenciados ou diretamente das vinícolas.
  • Desconfiar de preços muito baixos, que podem ser indicativos de práticas ilegais ou de produtos de qualidade inferior ou adulterados.
  • Verificar as certificações e selos de qualidade é uma maneira eficaz de garantir a origem e a qualidade dos vinhos.

Portanto, fazer escolhas conscientes contribui para a integridade do setor vinícola, garantindo a continuidade de desfrutar vinhos de alta qualidade, preservando a reputação das regiões vinícolas e protegendo a nossa saúde e a consciência de que estamos fazendo o que é certo.

(Foto: Banco de imagem)

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