Pauta recorrente nas eleições municipais de Blumenau, o transporte coletivo ganhou capítulo à parte na maioria dos planos de governo dos 12 candidatos a prefeito da cidade. E nem poderia ser diferente nas Eleições 2020: em um ano marcado por uma pandemia que mudou hábitos das pessoas, incluindo aí o deslocamento urbano, o atual sistema de ônibus foi colocado em xeque.
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Em linhas gerais, há muitas promessas de ampliação de horários e integração com demais modais de transporte. São pontos que soam como música aos ouvidos dos passageiros, mas que precisam ser debatidos com um olhar mais detalhado sobre o impacto financeiro que eles causariam em uma operação que vem sofrendo com queda de usuários nos últimos anos. Espera-se que a campanha cumpra esse papel.
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Há também propostas antigas, como a implantação do VLT, e outras ousadas, que se levadas adiante mexeriam substancialmente na estrutura do modelo – e que dependeriam de estudos mais aprofundados de viabilidade econômica e operacional. Entre elas estão a criação de uma empresa pública para gerir o sistema, tarifa zero, extinção da função do cobrador e implantação de ar-condicionado nos ônibus.
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Os planos de governo já estão disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O documento é um pré-requisito para o registro das candidaturas, mas não é escrito em pedra. Serve como ponto de partida e costuma sofrer alterações a partir de contribuições e observações colhidas ao longo da campanha.
Abaixo um resumo das principais propostas dos candidatos sobre o tema. As informações foram extraídas dos documentos que haviam sido cadastrados na página do TSE até o meio-dia de quarta-feira (30).
Ana Paula Lima (PT)
Uma das ideias de Ana Paula Lima é resgatar o Domingo Livre, legado da gestão do marido, Décio Lima. Os ônibus de Blumenau já chegaram a circular um domingo por mês sem cobrança de passagem, mas o benefício foi extinto há anos. Outra proposta é a implantação do chamado Bilhete Único, alternativa que já existe em grandes cidades. Normalmente, nestes casos, o usuário paga uma única tarifa e pode usar o transporte coletivo várias vezes dentro de uma janela de tempo.
Débora Arenhardt (Cidadania)
A candidata do Cidadania propõe integrar meios de transporte não motorizados, com ciclovias com trajetos e pontos de ônibus. Débora Arenhardt também defende a possibilidade de estruturar a cidade para alternativas como scooters elétricas, além de sugerir a implantação de novos corredores exclusivos de ônibus. É uma das que prometem reavaliar as condições do atual contrato de prestação do transporte público.
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Georgia Faust (PSOL)
A socialista Georgia Faust defende o fim do convênio com a Agir, a agência reguladora que fiscaliza a atual concessão, e a criação de uma empresa pública para gerir o transporte coletivo. Outra proposta é reduzir de maneira progressiva o preço da passagem para garantir tarifa zero ao final dos quatro anos de mandato. Essa conta seria paga, sugere o plano de governo, por meio de um fundo municipal para a mobilidade urbana, abastecido com valores arrecadados com multas de trânsito, propagandas em ônibus e contribuição empresarial.
Ivan Naatz (PL)
Além da ampliação de linhas e de uma reavaliação do atual contrato, Ivan Naatz defende ônibus com melhor qualidade de sinal wi-fi e ar-condicionado. Também cita no plano de governo a necessidade de se testar projetos-pilotos de veículos leves sobre trilho, os VLTs – alternativa que nunca vingou, embora sempre seja lembrada em campanhas eleitorais. O atual deputado estadual também promete fazer um estudo para implantação de vans de transporte entre os terminais.
Jairo Santos (PRTB)
Dono do plano de governo mais enxuto entre os 12 postulantes ao cargo de prefeito – o documento cadastrado no site do TSE tem apenas cinco páginas –, Jairo Santos se resume a dizer que vai fazer “um estudo técnico adequado para a tomada de decisões visando, além de não gerar transtornos, garantir conforto e segurança a todos os ocupantes de espaços de todos os modais”.
João Natel (PDT)
Ao dizer no plano de governo que um dos objetivos para o transporte coletivo é promover uma maior competitividade entre os potenciais concorrentes, com o objetivo de reduzir a tarifa técnica, o ex-reitor sugere que pensa em uma nova licitação. João Natel também defende uma frota menos poluente, com fontes alternativas de energia, e ampliação dos corredores exclusivos, com ônibus biarticulados nas linhas troncais em horários de pico. Outra proposta é a integração do sistema com outros meios de locomoção, como as bicicletas.
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João Paulo Kleinübing (DEM)
João Paulo Kleinübing sugere o retorno das estações de pré-embarque em eixos troncais. As estruturas funcionavam como “mini-terminais” e chegaram a ser implementadas na época do Siga, mas foram desativadas após a prefeitura romper o contrato com o antigo consórcio. No plano de governo, o ex-prefeito também propõe ampliar os corredores de ônibus e promover ações de ampliação de outros modelos de locomoção na cidade.
Mario Hildebrandt (Podemos)
Na condição de quem busca a reeleição, Mario Hildebrandt não tem muita margem para propor mudanças muito significativas no sistema – isso seria atestar que o atual modelo é insuficiente. Tanto que o plano de governo cita a necessidade de garantir a sustentabilidade da operação por meio do cumprimento do contrato de concessão vigente. O candidato do Podemos também fala em ampliar corredores exclusivos, finalizar a construção do Terminal Oeste, na Água Verde, e aprimorar o aplicativo destinado aos usuários.
Mário Kato (PC do B)
A exemplo de Georgia, Mário Kato também propõe a criação de uma empresa pública municipal de transporte coletivo, além de redução da tarifa e passe-livre para estudantes. E é outro que defende uma auditoria no atual contrato, aumento de horários a partir de uma reorganização das linhas e novos corredores de ônibus. O plano de governo do PC do B ainda propõe um estudo para a implantação de um trem de superfície para conectar Blumenau com cidades vizinhas.
Odair Tramontin (Novo)
O promotor de Justiça licenciado tem uma proposta que certamente despertará reação do sindicato dos trabalhadores do transporte coletivo: a automatização da função de cobrador. Isso, segundo o plano de governo de Odair Tramontin, permitiria a redução da passagem – o custo do cobrador na atual tarifa antecipada, de R$ 4,28, é de R$ 0,59 – e viabilizaria a climatização dos ônibus. Blumenau tem lei municipal que garante a presença desses profissionais dentro dos coletivos. Para a ideia ir adiante, ela precisaria ser revogada.
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Ricardo Alba (PSL)
O candidato do bolsonarismo também defende uma revisão do atual contrato e sugere uma ampla pesquisa com os usuários para verificar necessidades tanto nos veículos quanto nos terminais urbanos. Ricardo Alba é outro que propõe a ampliação das faixas exclusivas e o aprimoramento do aplicativo disponível para os usuários, além da necessidade de concluir a implantação do sistema integrado na região das Itoupavas e do bairro Água Verde.
Wanderlei Laureth (Avante)
Wanderlei Laureth propõe a revisão do contrato com a Blumob, uma nova concessão e “fazer estação de pré-embarque com minhocão”, numa alusão aos ônibus articulados, que têm capacidade para transportar um volume maior de passageiros. O postulante do Avante também sugere o uso de combustíveis menos poluentes nos ônibus, como gás natural ou até mesmo a adoção de carros elétricos, e ar-condicionado em todos os veículos.
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