Às vésperas de um novo reajuste na passagem de ônibus, o transporte coletivo de Blumenau ganhou mais um concorrente: as motos do Uber. A plataforma passou a oferecer corridas sobre duas rodas na cidade na segunda-feira (7). Para o usuário final, o preço promete ser o grande atrativo. Simulações feitas pela coluna indicaram viagens em média 40% mais baratas na comparação com o UberX – a modalidade padrão de carros, mais usada pelos passageiros.
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O serviço ainda esbarra na pouca oferta de condutores. Em nenhuma das simulações de viagens a coluna encontrou motocicletas disponíveis. Por ser recente, a modalidade deve começar a ganhar maior adesão nas próximas semanas. O transporte individual particular por moto não é novidade – Blumenau tem moto-taxistas, embora eles sejam cada vez mais raros nas ruas –, mas tem tudo para ser potencializado a partir da alternativa disponibilizada pelo Uber.
A expansão do aplicativo acontece no momento em que está em curso a revisão tarifária extraordinária do transporte coletivo, solicitada pela Blumob ainda em 2021. Ao término da avaliação, que deve acontecer ainda em fevereiro, a passagem de ônibus será reajustada para compensar o aumento de insumos como combustível e pneus, decorrentes da inflação de dois dígitos ao longo do último ano, e de salários de funcionários. A conferir qual o novo valor a ser aplicado pela prefeitura.
A chegada de corridas de moto pelo Uber tende a tornar os deslocamentos curtos de ônibus ainda menos atrativos, impondo novo desafio para a mobilidade urbana. Mesmo que os coletivos ainda sejam mais baratos na maioria dos casos, a facilidade de embarcar em uma garupa na porta de casa e chegar ao destino final mais rapidamente, driblando o trânsito, pode pesar para quem não se importa de pagar um pouco mais pelo deslocamento.
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Secretário quer esperar para avaliar impacto
O secretário de Trânsito e Transportes, Alexandro Fernandes, prefere aguardar para mensurar o impacto das motos do Uber no trânsito e eventualmente no transporte coletivo de Blumenau. Ele admite que pode haver certa concorrência para trechos curtos, mas considera que, na ponta do lápis – e no peso do bolso –, o ônibus ainda é a melhor alternativa para deslocamentos longos.
— O sistema de transporte coletivo da cidade movimenta o usuário por 10, 20 quilômetros e até mais com o valor de uma tarifa, com pontualidade, veículos novos… E as dificuldades estão sendo corrigidas dia a dia — avalia, fazendo menção a ajustes de horários e linhas.
Para Fernandes, não necessariamente as motos da plataforma disputarão o mesmo público do ônibus. Parte dos usuários até pode migrar de um para outro, embora o secretário acredite que as pessoas tendem a priorizar a segurança no trânsito.
— É mais ágil (a moto), porém menos seguro, então não é para todos os públicos — aposta.
Regulamentação
Já houve, no passado, duas tentativas de regulamentação em Blumenau de aplicativos de transporte particular de passageiros, como o Uber. Em março de 2018, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara de Vereadores arquivou uma proposta enviada à época pelo Executivo, sob o pretexto de que era preciso aguardar um entendimento da legislação federal para evitar conflitos na esfera municipal.
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Naquele mesmo ano, uma lei nacional sancionada pelo então presidente Michel Temer abriu caminho para a retomada da discussão ao dar aos municípios o poder de regulamentar esse tipo de serviço.
Em 2019, o então vereador Alexandre Caminha apresentou nova proposta na Câmara, que mais uma vez esbarrou na CCJ. Na ocasião, a comissão viu vícios de inconstitucionalidade e ilegalidade no projeto. Uma das irregularidades seria a tentativa de criar competências legais para um órgão vinculado ao Executivo.
Segundo Fernandes, nova tentativa de regulamentação não está no radar, ao menos por enquanto. Há análises, acrescenta, sobre o tema, mas que ainda são superficiais. O avanço de novas modalidades de serviço dos aplicativos, por outro lado, pode acelerar as discussões.
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