Divulgados na última sexta-feira pelo IBGE, os números do Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios brasileiros revelam que a soma das riquezas produzidas em Blumenau encolheu pelo segundo ano consecutivo, tomando como base 2016, o último dado disponível. A cidade encerrou aquele ano com PIB a preços correntes de R$ 15,39 bilhões, uma leve queda de 0,28%. Em 2015, a economia local já havia diminuído 2,81% frente a 2014, ano em que o indicador atingiu o maior patamar da história, de R$ 15,88 bilhões.

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Como os dados municipais mais recentes sempre remetem a dois anos atrás, é preciso fazer ressalvas. Vale lembrar que, nas estatísticas econômicas, 2015 e 2016 representaram o pior período da grave recessão que assolou o país. Neste sentido, Blumenau seguiu movimento visto em todo o Brasil, mas com quedas menores do que a média nacional. O PIB brasileiro despencou em média 3,5% em cada um daqueles dois anos.

Por aqui, o PIB da indústria somou R$ 4 bilhões em 2016, retração de 1,18% na comparação com 2015. Já o volume do setor de serviços passou de R$ 7,73 bilhões para R$ 7,64 bilhões, queda semelhante, de 1,2%. Responsáveis por cerca de 75% da economia blumenauense, estes dois segmentos sofreram no biênio, e o reflexo disso se viu no mercado de trabalho. Naqueles dois anos somados, a indústria fechou 5.272 postos de trabalho, enquanto na área de serviços foram eliminadas 309 vagas.

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Se os números mais atualizados não são animadores, a boa notícia é que a economia local iniciou uma recuperação já em 2017, que será traduzida em estatística oficial quando o próximo dado oficial do PIB municipal for divulgado. Ainda que timidamente, a economia nacional voltou a crescer no ano passado, em 1%, e em Blumenau, que tem condições acima da média, o incremento será superior a isso.

O próprio mercado de trabalho blumenauense deu sinais de retomada, com criação de 1.286 novas vagas de emprego em 2017. Em 2018, o indicador acumula saldo positivo, até outubro, de 4.031 postos, embora esse dado vá diminuir com o encerramento de contratos nos meses de novembro e dezembro.

Matriz econômica

Os dados de geração de riquezas referentes a 2016 reafirmam o que o blog já abordou: aos poucos Blumenau está transformando a sua matriz econômica. Moldada, no século passado, como um polo industrial, a cidade vê o setor de serviços ganhar cada vez mais importância na economia. Num intervalo de 15 anos, entre 2002 e 2016, a participação deste segmento no PIB local saltou de 44,1% para 49,6%. Esses cerca de cinco pontos percentuais de aumento são justamente os perdidos pela indústria, que representava, em 2002, 31% do PIB e agora responde por 26%.

Alguns fatores ajudam a explicar esse movimento. Primeiro: a infraestrutura para escoar a produção industrial na região está estrangulada. A novela da duplicação da BR-470 é prova disso. Diante desse quadro, investidores têm optado por áreas com mais diferenciais logísticos, de preferência próximas a portos e a rodovias duplicadas. Nos últimos tempos, os investimentos feitos em parques fabris em Blumenau basicamente se resumem a empresas que nasceram ou já estão instaladas por aqui.

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Além disso, o próprio desenvolvimento econômico estimula o fortalecimento de novas atividades de maior valor agregado, e o crescimento da área de informática reforça isso. No geral, o surgimento de postos de trabalho mais qualificados do que os oferecidos no chão de fábrica eleva o padrão salarial. Algumas empresas têxteis, por exemplo, transferiram unidades para outras regiões do país para baratear custos com pessoal. Não se trata, no entanto, de um cenário negativo. Essa transformação exige do setor industrial a busca por novas tecnologias, o que o conduz para um novo patamar de competitividade.

R$ 44.791,08

Era o PIB per capita de Blumenau em 2016. Esse valor já foi de R$ 47.560,93 em 2014.