Na vida tudo tem um ciclo. O que é um alívio diante das fases que nos desafiam mais. Tenho comigo uma forte disciplina sobre associar minha felicidade com o quanto percebo que estou evoluindo. Isso me mantém motivada. Cheguei a conclusão de que há "momentos" — experiências — e não os classifico entre ruins ou bons, mas os admiro diante da sua capacidade de me prover transformações, liberdade e melhorias. Crises, portanto são sempre muito bem vindas. É como se eu percebesse, a medida que as crises se apresentam, que tenho o vigor e a coragem que me é necessária, para com autocompaixão, acreditar em minha capacidade de avançar.
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Tenho comigo uma forte disciplina sobre associar minha felicidade com o quanto percebo que estou evoluindo.
Passei uma fase com grande necessidade de cor. Fui presentada com uma quantidade impressionante de casulos na casa do escritório. Ali, em uma fase que precisava reconhecer minhas próprias asas, permitir alegrias e sentir a capacidade que todos temos para seguir e voar, foi muito simbólico e profundo observar a conversa da natureza e suas cores, comigo. Cada borboleta que surgia me impactava com o convite para a liberdade. Foi preciso quase que uma dúzia de casulos presos em uma das paredes da casa para que eu me atentasse que meu nome carrega o significado das transformações e, que dão nome, inclusive a 13 diferentes tipos de borboletas. Foram infinitas lições.
No início do ano eu estava em casa, me preparando para encontrar um casal de amigos que vai se casar. Um deles é irmão de um amigo de infância, que tornou-se tanto amigo quanto o irmão, mais tarde. Ando empolgada com o que o casamento traz dizendo que, depois de ter filhos, casar é outra coisa que precisamos viver. Escrever um livro, plantar uma árvore, ter um filho e casar com a celebração — essa última eu somei com a frase da sabedoria popular, que nos fala que na vida temos que fazer as três primeiras coisas.
Nesse dia, ainda em casa, a Carla — que é meu braço direito e anjo do João Ricardo — disse: "Olha Vá, uma borboleta" — apontando para o chão do apartamento que fica no sétimo andar do prédio, que em altura fica no nono andar. A gente se entreolhou e pensou: "A gente nem sabia que borboleta voava tão alto". Fiz uma brincadeira daquilo, entendendo para aquele momento que das borboletas eu já tinha tirado todas as lições: "Ela deve ter entrado no apartamento errado, mas vou anotar a presença dela na minha cabeça aqui — vai que faz sentido daqui a pouco".
Ando empolgada com o que o casamento traz dizendo que, depois de ter filhos, casar é outra coisa que precisamos viver.
Acredito na sincronicidade das coisas e vejo sinais em tudo — como se, de fato, a natureza e seus mistérios — estivessem comigo em ressonância, diálogo e harmonia. O que tinha aquela borboleta para me dizer ainda?!
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Saí de casa para conhecer o local onde a cerimônia e a festa de casamento acontecerão e encontrei com os noivos. Animados, andamos por todo o lugar, que é muito lindo e fica na Lagoa. Também é um hotel, além de espaço de eventos, e fica em meio a natureza linda que tem em cada canto de Florianópolis. Vai ser muito lindo!
Lá pelas tantas a noiva me conta sobre o quanto estavam animados, mas que no final do ano tinham ficado sem muita energia para pensar o casamento em função do falecimento da mãe do futuro marido. Esse que é o irmão do amigo e amigo. Eu não fazia a menor ideia que isso tinha acontecido. Surpresa e entristecida dei meu abraço nos dois, respirei fundo com eles… e finalmente entendi a presença daquela borboleta. Para mim, era um sinal da presença da mãe deles, dizendo: "vai lá e ajuda". Me arrepiei.
Talvez nossa missão seja a de conectar céu e terra com nossa energia e presença, criar intimamente uma linguagem entre nós e o Deus no qual cremos e, com isso, ser parte de alguns dos seus milagres — sendo, para alguém, como uma borboleta linda no céu.
Quando contei a história, a gente junto se emocionou. Acaba que me convidaram para o desafio lindo de celebrar o casamento deles — coisa que, formalmente, eu nunca fiz mas nesse caso, desejaria muito. Já estou estudando e em contagem regressiva.
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