Atendi uma pessoa da área das exatas faz pouco tempo. Nossa sessão era um encontro, primeiro muito focado em carreira. Sempre me surpreendeu que nós falamos, muitas das vezes, de trabalho, quando alguma coisa ainda precisa ser revisitada em nossas biografias.

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Até o falecimento do meu irmão eu não tinha bem clareza do contrato da vida. Mas ali, naquele momento tão marcante da minha biografia, eu vivia uma compreensão profunda da finitude – uma palavra que aprendi a usar em um artigo do querido jornalista e psicólogo Luiz Carlos Prates. O único fato concreto e incontestável da vida é sobre sua finitude sem data, e com ela o convite diário de aprender a viver. 

Momentos marcantes nos provocam para o desapego: o que sabíamos já não sabemos mais e não há nada que por muito tempo nos afastará de viver a vida aceitando os mistérios da sua existência.

Naquele atendimento, perguntei para o meu cliente se ele queria algo mais prático, instrumental, objetivo e até silencioso, ou se era "dado" aos mergulhos dos questionamentos, das reflexões que levam tempo, de ferramentas que eu traduzo como " profundas" – e que portanto nos fazem promover o diálogo, as reconciliações, o desatar de rancores e nos levam para o desenvolvimento da aceitação e da vida baseada na felicidade. A felicidade se dá na percepção do nosso crescimento, enquanto a alegria se dá por um momento. Ele disse que preferia algo mais prático, e disso eu tinha certeza. O que temos preferido?

Naquele atendimento, perguntei para o meu cliente se ele queria algo mais prático, instrumental, objetivo e até silencioso, ou se era "dado" aos mergulhos dos questionamentos, das reflexões que levam tempo, de ferramentas que eu traduzo como " profundas" – e que portanto nos fazem promover o diálogo, as reconciliações, o desatar de rancores e nos levam para o desenvolvimento da aceitação e da vida baseada na felicidade. A felicidade se dá na percepção do nosso crescimento, enquanto a alegria se dá por um momento. Ele disse que preferia algo mais prático, e disso eu tinha certeza. O que temos preferido?

Pessoalmente me considero "nada prática" porque procuro evitar os atalhos que levam para o começo do problema. Não alimento a crença de que acelerar processos que demandam vivência seja possível – e, muito embora eu gostaria de um papo sobre a finitude na companhia do Deus em quem eu acredito, eu não considero perda de tempo viver o que se faz necessário. Isso me parece até mais lógico e mais prático – como são as equações, só não parece.

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Foi um momento realmente bonito ali: o de ver uma pessoa "prática" entender a lógica do movimento firme, em frente e consistente. Nós podemos de muitíssimas maneiras – comer, jogar, comprar, dormir, trabalhar demais, usar drogas, beber, mentir… – acreditar que é possível não viver nossas ausências. É como uma madeira em cima de um buraco – dependendo do peso e da pressão dos acontecimentos, quebra-se – e mais uma vez lá estamos, dentro do buraco que sempre existiu, acobertado por alguma coisa artificial. Uma hora o crédito acaba.

Meu pai sempre me disse que eu deveria conhecer o peso de uma enxada de 7 libras para valorizar o trabalho de cada dia, e respeitar cada vez mais a evolução que uma vida consciente propõe. As dores do crescimento são a musculatura emocional em exercício, colocando pá por pá, a  terra sobre as nossas antigas certezas.

Dessa forma, e aos poucos, a gente vai experimentando da liberdade de não mais temer os fatos, porque sabemos que a maneira mais prática de lidar com eles, é vivendo o que precisa ser vivido.

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