Me preparei a vida inteira para ser uma especialista. Sonhei com o mundo dos negócios e em me tornar um tipo de empresária workaholic, morando em São Paulo, pulando de mesa em mesa de reuniões, mudando o futuro do país, para aos 35 me tornar – como sonho da época – a primeira mulher Presidente da República.

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Sempre admirei sonhadores e me inspiro em homens e mulheres que, a sua maneira, encontraram a felicidade e a força para transformação pessoal. Ilude-se quem trabalha olhando para fora, sem perceber que a mudança acontecerá no outro quando ocorrer para nós, internamente. O micro – de fato – se reproduz no macro. Desde cedo acreditei nisso.

Acesse o teste de Inteligências Múltiplas

A questão passou a ser o fato de que, ao trabalhar, me divertia tanto quanto em minhas aulas de dança; e me tornei capaz de virar algumas noites planejando a arquitetura dos espaços de nosso escritório e do meu apartamento e, da mesma maneira, me via engajada na criação de novas marcas, ou meditando no Morro das Pedras, ao som de Marisa Monte. Dia perfeito tem almoço no Nutri – restaurante de comida natural que costuma alimentar meus quatro corpos (físico, emocional, corpo de energia e consciência). É quando estou lá que me cai a ideia de que, talvez, eu pudesse ter sido nutricionista, ou surfista. Me apaixona ainda tanto o som do pandeiro que toco mal, quanto a dor do choro – de quando me vejo tristonha, vivendo a saudade nobre de um irmão que tive e que já morreu. É também esse meu fascínio pela cura que me encanta a todo tempo. Somos tão infinitos.

Um jeito meu de existir

Dei meu grito de liberdade sobre a forma, questionando se eu deveria mesmo ser um exemplar perfeito de empresária ou se poderia criar um jeito só meu de existir – o que é o caminho inevitável e estreito para a felicidade: um olhar no espelho que reconhece que sou eu quem vejo ali, e não uma mistura do que há lá fora. Há ali no reflexo uma química de mim mesma, do que carrego dentro. E isso é tão maravilhoso, isso é tão multidisciplinar. Elevamos aqui na empresa nosso patamar de existência à liberdade da multidisciplinaridade. Se antes entrava em sala para a técnica, entro hoje em cada reunião com meu violão mental, e vejo em cada negócio fechado uma trilha sonora em um passo de dança. Não existirá felicidade sem nossa integridade. Se é para ir, que nosso embarque seja inteiro, sem pedaços escondidos nem talentos não revelados.

Ajudei a desenhar nossa nova marca e a fazer o design dos móveis de nossas salas novas. Fiz questão porque é quem eu sou.

Encontrei um cliente que disse que surfa bem, tem uma empresa em sua família que fatura muito bem, que namora bem, que sonha em ser um advogado que faz seus processos bem, que viaja bem e que se cuida melhor ainda. Muito bem. Disse a ele: vá ser feliz. Na hora lembrei do Arnold Schwarzenegger – fisiculturista austríaco premiado, ator mais bem pago de sua época nos Estados Unidos, e duas vezes governador da Califórnia (!) e me perguntei o que diria Arnold diante desse cliente?! Precisa de serenidade para ser tudo, inclusive ser feliz na vida, e viver o desafio de aceitar-se ilimitado – como a gente sonha que seja a internet e sua velocidade. Com ele notei que minha pergunta mudaria: Se eu não fosse apenas quem me tornei, quem eu seria? Comprei uma marcenaria.

Uma criança vive o duelo entre a variedade e a profundidade logo na segunda infância quando começa a aprender sobre a lógica e a razão das coisas. Nossa noção de julgamento recebe atenção nessa fase, quando o julgamento e as comparações passam a fazer parte da realidade da comunidade. Se tiro uma nota 7 “sou pior” do que alguém que tira 9. E, ao invés de conhecer um pouco sobre tudo, me angustio diante do desejo da perfeição, e passo meus dias estudando para tirar 10 na prova, ao invés de tocar meus dedos em um violão. Foi o que aconteceu comigo e o que acontece ainda com a maioria. E, será que com 34 posso aprender como alguém de 12 anos?

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Competências múltiplas

Em 1984, Howard Gardner propôs uma teoria baseada na pressuposição de que somos dotados de competências múltiplas – que devem ser observadas no sentido de permitir a expansão de nossa autenticidade. Essa ideia nos constrange a refletir sobre o quanto temos dado espaço à essa multiplicidade, e sobre o quanto deixamos parados no tempo partes essenciais de nós. Eu poderia ser jornalista, poderia ter sido atleta, poderia ter sido médica – mas se fizesse isso não seria eu essa mistura de tudo um pouco, que me transforma em Vanessa Guimarães Tobias.

A teoria das inteligências múltiplas de Gardner – educador e psicólogo da Universidade de Harvard, EUA – postula que todos os indivíduos normais são capazes de uma atuação em pelo menos sete diferentes áreas: cinestésica, espacial, interpessoal, intrapessoal, lingüística, lógico-matemática e a musical. Quando fiz meu teste – que você encontra em nosso site, no link do rodapé – descobri que minha inteligência musical é bem baixinha – não como minha voz que desafina alta. Não canta mal quem canta feliz.

A felicidade é um acesso livre ao que somos, não ao que nos tornamos. Não sabe o velho o que poderia ter sido quando crescesse, se essa pergunta lhe faltar mesmo que na velhice. O ser multidisciplinar nunca se define, não envelhece, nunca está pronto – porque isso o limita, ele se encanta pelo caminho quando se descobre a residência de um mar infinito de possibilidades. Sinto que mais perdido está quem se diz encontrado, e que confuso é o estado do ser que se aceita multidisciplinar.

O convido a a fazer seu próprio teste e a compartilhar comigo seus resultados me dizendo: como a multidisciplinaridade está na sua vida? Acesse o Teste das Inteligências Múltiplas, que foi desenvolvido para nos auxiliar a descobrir quais são os tipos de inteligência que são predominantes em cada um de nós.

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