As armas apreendidas na tarde de quinta-feira na comunidade do Papaquara, em Florianópolis, seriam usadas por uma facção criminosa para a invasão à Vila União, também no Norte da Ilha. Isso é o que revelou o delegado responsável pela investigação do caso, Antônio Cláudio Seixas Joca, coordenador da Divisão de Repressão ao Crime Organizado (Draco) da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic).
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Os agentes tinham a informação de que na madrugada desta sexta-feira integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) entrariam na Vila União para retomar os pontos de drogas dominados pela facção rival, o Primeiro Grupo Catarinense (PGC). Até o começo desse ano a região era controlada pelo grupo paulista, mas os criminosos de SC tomaram a área.
As armas haviam recém-chegado à Capital e estavam em um esconderijo no Papaquara. Quinze pessoas, entre homens e adolescentes, haviam sido recrutados para fazer o ataque nesta madrugada, segundo explicou Joca. A tendência, de acordo com ele, é que houvessem novos assassinatos como os ocorridos em chacinas recentes na Costeira e na Vila União.
— Conseguimos evitar a invasão. Entramos no Papaquara e flagramos dois suspeitos, sendo um deles com mandado de prisão ativo. Depois localizamos as armas. Eles iriam se reunir no Morro do Mosquito para depois entrar na Vila União — detalhou o delegado.
Pistola apreendida é usada pelas forças especiais da Rússia
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Cinco armas foram encontradas, sendo dois fuzis 765, uma pistola igual a usada pelas forças especiais da Rússia, uma espingarda calibre 12 e uma submetralhadora. Esta última tinha o brasão da Polícia Civil do Paraná, de onde teria sido roubada. Cada um dos fuzis custa no mercado negro em torno de R$ 50 mil.
— Suspeitamos que os fuzis e a pistola tenham vindo do Paraguai — contou Joca.
Dos dois presos no Papaquara, um deles foi liberado. Um terceiro homem foi detido, desta vez na comunidade Novo Horizonte, na região Continental de Florianópolis. A Draco aponta ele como um dos líderes do PCC nas ruas desde a prisão de Júlio César de Jesus Dias, o Cesinha, em fevereiro passado.
A ação desta quinta-feira contou com o apoio da área de inteligência da Secretaria de Justiça e Cidadania, que repassou informações sobre movimentações dentro do sistema prisional. Foram captadas conversas entre membros do PCC detidos no Complexo Penitenciário da Agronômica, em Florianópolis, sobre a retomada da Vila União. O diretor da Deic, Adriano Bini, descartou, entretanto, que a ordem para o possível ataque tenha vindo de dentro dos presídios.
Ouça a reportagem de Felipe Reis: