Quatro chapas começaram nesta segunda-feira a disputar a preferência de estudantes, servidores e professores da Furb para comandar a instituição entre 2019 e 2022. Os professores Everaldo Artur Grahl, Márcia Cristina Sardá Espíndola, Valmor Schiochet e o atual vice-reitor Udo Schroeder concorrem na eleição da universidade, que tem hoje cerca de 8 mil alunos e este ano teve orçamento de R$ 225,8 milhões.

Continua depois da publicidade

O primeiro turno da eleição ocorre no dia 2 de outubro e o segundo, se necessário, está previsto para o dia 24 do mesmo mês. Depois da eleição, chamada internamente de consulta pública, o Conselho Universitário (Consuni) elege formalmente a nova reitoria.

A estimativa é de que cerca de 10 mil pessoas tenham direito a voto. Até sexta-feira, o Santa apresenta entrevistas com os candidatos sobre temas centrais para a próxima gestão. A sequência delas segue a ordem alfabética dos nomes dos candidatos.

Chapa 3 – Diálogo e Ação

Candidata a reitora: Márcia Cristina Sardá Espíndola

Continua depois da publicidade

Vice: João Luiz Gurgel Calvet da Silveira

Márcia Cristina Sardá Espíndola é arquiteta e professora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo. Foi servidora técnico-administrativa por 14 anos e há 15 anos atua como professora, totalizando 29 anos como servidora da Furb. Foi aluna da Etevi e da graduação da Furb. Mais recentemente, foi chefe do Departamento de Arquitetura e Urbanismo por dois mandatos e, nos últimos quatro anos, esteve no posto de diretora do Centro de Ciências Tecnológicas (CCT), segundo maior centro da universidade, que reúne 10 cursos de graduação.

O que a levou a concorrer à reitoria?

Estou na Furb desde os 15 anos. Isso foi o que me motivou. Conheço muito bem a Furb, as potencialidades e as fragilidades. Por mais que a gente tenha passado pela crise, acredito que temos um potencial enorme de arrecadação e de outras formas de financiamento.

Qual a sua visão geral sobre a situação atual da Furb?

O Norte da nossa campanha vai ser diálogo e ação. O maior potencial da Furb hoje são as pessoas. A gente tem um quadro de professores e técnicos-administrativos muito qualificado. Pessoas muito comprometidas com a Universidade. Isso que acreditamos que pode fazer a diferença. Primeiro vamos ter que verificar qual a dimensão, quais os objetivos da instituição e reunir todos trabalhando dentro desse objetivo. É isso que as pessoas buscam hoje. A Furb não vai ser EAD, não tem essa expertise, a Furb tem uma qualificação grande no ensino presencial. A gente tem que ter o EAD como modalidade híbrida, flexibilidade nos currículos, mas a gente não pode concorrer com uma empresa que está aí colocando mensalidades de R$ 100, R$ 150, que está na bolsa de valores. Não, esse não é o caminho da Furb. O caminho é a qualificação do ensino. Se você for olhar, houve aquele boom com o Fies… É muito arriscado como a Furb fez, colocar 30% do orçamento na época com o Fies. Quando o governo federal atrasou as parcelas, tivemos que fazer vários cortes, foi muito complicado. Apostar tudo em somente em um tipo de financiamento acho muito arriscado. Hoje o governo federal também não tem facilitado. Mesmo que eles falem que o Fies está aberto, a gente já viu, todo o juro hoje fica para a universidade, quase 20% somos nós que pagamos, mas a Furb abriu também essa modalidade. Acreditamos em outras formas de aporte. Temos o Complexo de Saúde no campus 5, o hospital, o ambulatório, dá para fazer muitos convênios com as prefeituras. No Centro Tecnológico também. Temos potencial grande de arrecadação através de editais. Os combustíveis de Santa Catarina e Paraná, por exemplo, são analisados aqui na Furb. Isso foi através de editais. Esse edital, você ganha uma verba e consegue equipar laboratórios, dar bolsas para os alunos. Outra área forte que temos na Engenharia Elétrica são os editais da companhia elétrica do Rio Grande do Sul. No ano passado fechamos dois editais com eles, que somavam mais de R$ 2 milhões. Com isso, você consegue bolsas para alunos, mestrado, doutorado. A Furb não tem fundos de conseguir sozinha equipar os laboratórios. Com esses convênios e editais é que conseguimos arrecadação para isso. Acreditamos nesse potencial.

Como contornar as dificuldades encontradas com o Fies e qual deve ser a relação da Furb com esse modelo de financiamento?

Continua depois da publicidade

Temos uma pesquisa que (mostra que) entre 60% e 70% dos nossos alunos precisam de algum tipo de financiamento. Tem o Fies, o artigo 170 do governo do Estado, outros tipos. Quando tínhamos o Fies no auge, em 2013, 2014, tínhamos 30% do orçamento da Furb vindo do fundo. Mas isso foi perigoso porque quando o governo atrasou, mexeu com todo o orçamento da universidade. A Furb restringiu também na época o número de Fies, mas o próprio governo parou. Hoje temos poucas adesões iniciais. Precisamos ver esse tamanho da Furb e buscar muito essa parte do financiamento externo. Temos visto que do governo federal está cada vez mais restrito, mesmo para as universidades federais eles têm passado pouca verba. Por termos a classificação no MEC como universidade pública, também não podemos participar de opções como o Prouni.

Como lidar com problemas como a evasão e com a redução de alunos?

Uma coisa importante que a gente vai trabalhar é, além de fidelizar nosso aluno, trazer o egresso. A gente percebe que muitas pessoas que se formaram às vezes querem só uma qualificação, complementar o currículo. Via muito nas engenharias: um engenheiro químico, se fizer um ano, um ano e meio de disciplinas, pode ter uma dupla diplomação (com Engenharia de Alimentos). A gente quer trabalhar os currículos flexíveis, em módulos, para que se possa trazer o egresso. Pode ser um módulo que ele faz como curso de curta duração. A gente quer flexibilizar essa questão da pós-graduação com a graduação e trazer de volta esse profissional que quer se qualificar. Além de otimizar as turmas… No CCT, fizemos um núcleo com disciplinas comuns. Hoje o aluno não quer só a formação dele. Quer saber mais sobre empreendedorismo, outras áreas. Claro, você tem que respeitar as disciplinas mínimas para a profissão, mas o aluno busca muito essa flexibilização do currículo. A questão do financiamento é essencial. Muitos deixam porque não conseguem pagar. A maioria é isso. Os currículos também influenciam nessa atratividade.

Como pretende trabalhar a situação financeira da universidade?

Este ano foi atípico por causa do 9o ano. A implantação do 9o ano impactou nas universidades agora em 2018. Ano passado, em vez de os alunos estarem no 3o ano (do Ensino Médio), estavam no 2o, daí não teve praticamente entrada este ano. Baixou bastante. Temos a expectativa de em 2019 aumentar bastante esse número. Já tínhamos essa redução anunciada, sabíamos que 2018 seria um ano atípico. Este ano estamos com orçamento bem apertado, justo. Estamos praticamente sem investimento, só para trabalhar folha de pagamento. Contamos que ano que vem mude bastante esse cenário.

Confira a entrevista dos outros candidatos ao Santa:

Everaldo Artur Grahl: “A Furb deveria retomar seu protagonismo”