Quatro chapas começaram nesta segunda-feira a disputar a preferência de estudantes, servidores e professores da Furb para comandar a instituição entre 2019 e 2022. Os professores Everaldo Artur Grahl, Márcia Cristina Sardá Espíndola, Valmor Schiochet e o atual vice-reitor Udo Schroeder concorrem na eleição da universidade, que tem hoje cerca de 8 mil alunos e este ano teve orçamento de R$ 225,8 milhões.

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O primeiro turno da eleição ocorre no dia 2 de outubro e o segundo, se necessário, está previsto para o dia 24 do mesmo mês. Depois da eleição, chamada internamente de consulta pública, o Conselho Universitário (Consuni) elege formalmente a nova reitoria.

A estimativa é de que cerca de 10 mil pessoas tenham direito a voto. Até sexta-feira, o Santa apresenta entrevistas com os candidatos sobre temas centrais para a próxima gestão. A sequência delas segue a ordem alfabética dos nomes dos candidatos.

Chapa 2 – Juntos pela Furb

Candidato a reitor: Valmor Schiochet

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Vice: Henriette Damm

Valmor Schiochet é professor na área de Ciências Sociais da Furb desde 1987. Foi contratado no primeiro concurso feito depois que a mesma foi reconhecida como universidade. Foi diretor do Centro de Ciências Humanas e da Comunicação, dirigiu o Instituto de Pesquisas Sociais e ajudou a criar um núcleo de pesquisa sobre economia solidária e mundo do trabalho. Ajudou a criar o mestrado em Desenvolvimento Regional e trabalhou como gestor público por nove anos na Secretaria Nacional de Economia Solidária. Em 2016, foi candidato a prefeito de Blumenau pelo PT e agora concorre pela segunda vez à reitoria.

O que o levou a concorrer à reitoria?

Não tinha nenhuma intenção de participar, mas um grupo importante de servidores técnicos e docentes, avaliando a situação da universidade, que está, como o conjunto de universidades comunitárias, passando por dificuldades importantes nesse momento, entenderam que o próximo reitor teria que ser um perfil de liderança interna e, fundamentalmente, com capacidade de diálogo para fora da universidade. Tenho a impressão de que as três candidaturas colocadas são mais internas à universidade, com perfil que não corresponde à expectativa de colocar a Furb com mais interlocução externa.

Qual sua visão geral sobre a situação atual da Furb?

A Furb, por vários motivos, foi perdendo o protagonismo institucional como universidade na região. De um lado, você tem a proliferação de instituições privadas, por outro, temos a chegada da UFSC e dos institutos federais, que também ofertam ensino superior. A Furb, que até o início dos anos 2000 tinha o protagonismo institucional da oferta de educação superior, foi perdendo essa força. Ao mesmo tempo, foi se isolando das questões prementes da comunidade local. Um dos desafios fundamentais é reposicionar a Furb como instituição mais protagonista no cenário regional. Isso necessariamente implica uma capacidade de interlocução no âmbito estadual, federal, para darmos condições à universidade de encontrar uma nova razão de ser.

Como contornar as dificuldades encontradas com o Fies e qual deve ser a relação da Furb com esse modelo de financiamento?

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Vamos defender que a Furb continue como instituição pública. Enquanto instituição pública, ela precisa se relacionar com o Estado e com a União nesta configuração. Há necessidade de muita interlocução com o governo estadual. Vai depender dos próximos governos, que configuram novo cenário. Independente disso, a Furb é uma instituição regional. Na medida em que a comunidade regional coloque na Furb um desejo de potencializá- la enquanto agência de promoção do desenvolvimento, claro que a Furb pode ter acesso a outras formas de recursos, junto a órgãos internacionais, outras iniciativas nacionais e assim por diante.

Como lidar com problemas como a evasão e com a redução de alunos?

Precisamos ver qual o sentido de um jovem estudar na Furb e não em outra instituição. Precisamos encontrar uma razão para que ele faça a opção por nós. A razão deve estar calcada na qualidade, na capacidade que a Furb tem de trazer esse estudante para dentro da universidade, atender expectativas desses estudantes na entidade. Que ele possa ter uma relação com a Furb que ele não teria em nenhuma outra. Não se trata apenas da quantidade dos estudantes, mas do vínculo deles com a instituição. A inserção dos estudantes na pesquisa, na extensão, é um diferencial que temos potencialidade de trabalhar. E (assim) reorganizar a Furb de acordo com essa potencialidade, para que ela possa contribuir de forma decisiva para a biografia desses jovens.

De que forma o senhor, como reitor, pretende trabalhar a situação financeira da universidade?

A primeira coisa é que uma situação de crise traz muita insatisfação interna e falta de confiança. O que precisamos nesse momento é fazer com que o conjunto da comunidade acadêmica assuma a crise e tenha clareza das causas para que a gente possa enfrentá- la – conjuntamente. É decisiva a transparência, a capacidade de ter o conjunto da universidade coesa do diagnóstico do que está acontecendo e daquilo que pode ser feito. Precisamos socializar para o conjunto da comunidade a perspectiva de enfrentamento dessa situação. Você não tem entrada de recursos, vai ter que cuidar da saída do dinheiro, dos custos. Temos uma situação em que grande parte das mensalidades dos alunos são financiamento via Fies ou bolsas. Vamos fortalecer ações como o artigo 170, que são recursos estaduais, e junto a outras instituições debater e garantir que se estruture um Fies adequado às instituições.

Mas temos outras possibilidades de financiamento, inclusive de mobilização na comunidade regional de incentivo para os nossos estudantes. A Furb já está instituindo um sistema de autofinanciamento, utilizando parte dos seus recursos para que a gente possa prolongar o pagamento das mensalidades.

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A Associação dos Amigos da Furb já foi retomada. Mas fundamentalmente o que precisamos é mostrar que a universidade tem capacidade de desenvolver projetos e através desses projetos captar recursos locais, estaduais, nacionais e internacionais. Tem áreas do conhecimento que a Furb tem potencial de interação internacional e que podem trazer recursos.

Confira a entrevista dos outros candidatos ao Santa:

Everaldo Artur Grahl: “A Furb deveria retomar seu protagonismo”