Principal equipe de Santa Catarina e uma das melhores do Brasil, o Avaí Ciclismo entregou a toalha na Liga Nacional de Ciclismo de Estrada, onde estava em 3º colocado com o time masculino e em 4º no recém-criado feminino. Tudo por causa da falta de recursos da prefeitura. A última vez que a Fundação Municipal de Esportes repassou uma parcela no convênio firmado com o clube foi no dia 12 de julho. Desde então, os mais de 20 atletas e comissão técnica se viraram como puderam, com ajuda da família, dinheiro guardado. Em novembro eles chegaram ao limite.

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Ainda restam quatro parcelas de R$ 29 mil, e não há garantia de que esse valor seja quitado. O dinheiro custeia bolsas atleta, transporte, alimentação, uniformes e equipamento. A equipe possui outras fontes com patrocinadores, mas a verba do Município é a principal. Já o Avaí cede estrutura para treinamento, alojamento e plano de saúde.

— Esses valores mantém várias famílias ao longo do ano, e não é só do ciclismo, são várias modalidades na mesma situação. Os atletas são profissionais, é como se fosse a folha de pagamento. Não é um favor que eles estão fazendo — protesta o treinador da equipe, Diones Chinelatto.

“Não sabemos o dia de amanhã”

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No último final de semana, a equipe já não viajou para a cidade gaúcha de Vacaria, onde havia uma prova obrigatória. Edson Luiz de Rezende, 30 anos, é um dos atletas diretamente atingidos. Medalha de bronze no Parapan de Toronto no ano passado como atleta guia, ele conta que está há mais de dez anos na equipe e nunca passou por uma situação como essa.

— Nosso nível de estresse está muito alto. A gente treina, viaja, compete sem saber o dia de amanhã. Essa é a minha fonte de renda — explica o atleta.

— É paixão pelo ciclismo, claro, mas também é a nossa profissão. Tem quem já desistiu do Avaí e foi para outras equipes. É uma pena, porque tivemos boas colocações nesse ano — lamenta o ciclista Giovani Frasão, 28.

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O treinador Diones Chinelatto garante que o Avaí Ciclismo irá continuar atendendo as 90 crianças e adolescentes carentes do projeto social que a equipe desenvolve no bairro Carianos. Para levantar recursos, serão feitos alguns eventos e rifas de bicicletas.

“Eles sabiam da nossa situação”

A falta de verba na Fundação Municipal de Esportes já foi notícia no Hora de SC em outubro. Equipes, atletas e projetos sociais estão na mesma condição. Na época, o superintendente da FME, Lídio Cruz, disse que pretendia pagar o saldo devedor dos convênios até o final do ano, mas explicou que a verba vinda da Fazenda não estava sendo suficiente. Questionado novamente na quarta-feira (09) sobre a desistência do Avaí Ciclismo, ele foi mais duro.

— Ajudamos as entidades na medida de nossas possibilidades, eles tinham a possibilidade de escolher o bolsa atleta e não quiseram. Sabiam que a situação da prefeitura com os repasses para a FME estava muito complicada em virtude da grave crise econômica. Quem determina o que irão fazer e quais competições irão participar são eles, não a FME — declarou Lídio.

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Principais conquistas do Avaí Ciclismo

A equipe começou em 1997 a partir de uma parceria entre o clube do Sul da Ilha e a própria Fundação Municipal de Esportes. De lá pra cá, conquistou 16 vezes os Jogos Abertos de Santa Catarina. O time também tem no currículo:

– Tour de SC em 2005

– Tour de SP em 2008

– Brasileiros de 2009 e 2015

– Brasileiro sub-23 em 2016