Balduíno torna-se um gigante quando trata-se de Avaí e Figueirense. Com 1m60cm, ele é sinônimo de clássico e de história do duelo mais importante de Santa Catarina. O meia armador, que marcou época na década de 1970 e 1980, é o homem que mais sentiu na pele o arrepio e a força que as cores azul, preta e branca proporcionam quando a bola está em disputa. Balduíno jogou 75 vezes – 39 pelo Leão e 36 no Alvinegro.
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Como poucos, conseguiu satisfazer as exigências dos torcedores da Capital com gols e lances inteligentes. Eternizou-se na memória dos mais velhos e nas fotografias do passado, como a forma que flutuou e bailou nos gramados catarinense entre os dois maiores rivais. Balduíno marcou quatro vezes em clássicos e disputou duas finais, como a que se aproxima, ganhou uma e perdeu a outra. Sabe, desde os 20 anos, o que a rivalidade entre Avaí e Figueirense significa, carrega na lembrança a visão das arquibancadas do Estádio Adolfo Konder (hoje o Shopping Beiramar) lotado, com os torcedores das equipes rivais sentados lado a lado, independente da camisa, sem maiores problemas.
Quase 28 anos depois de ter se despedido dos campos, mas não do futebol, Balduíno, prestes a completar 60 anos, é comentarista esportivo de rádio e, da mesma forma com que fazia com as bolas nos pés, distribui e devolve com palavras, aos torcedores, o carinho que construiu ao longo dos anos em que jogou. E é no passado, nas recordações, que Balduíno segue em campo, ora por Avaí, ora por Figueirense, em um clássico que jamais terminará em sua memória.
Confira a entrevista completa com Balduíno, meia que defendeu as cores de Avaí e Figueirense
O PRIMEIRO CLÁSSICO
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Era o meu começo, em 1972. Eu estava aprendendo, tinha 20 anos. Era um clássico decisivo – atuava pelo Avaí, e o Figueirense, com o empate em 0 a 0, foi campeão – , não joguei na minha posição, fui para a ponta-direita. Lembro que era um jogo muito pegado e todo mundo se conhecia, pois a metade dos jogadores eram de Florianópolis. Poucos eram de fora. A rivalidade era grande.
CLÁSSICO ATUAL X PASSADO
O futebol mudou, as coisas estão diferentes. Nós fazíamos clássicos para poder pagar a folha dos jogadores, só com a renda. Teve um ano, na década de 1970, que tivemos 14 clássicos em um único ano. Teve o clássico de Florianópolis, o da Ponte, o do Governador…Era a salvação dos clubes. Os torcedores não eram divididos. Hoje é tudo muito violento, por isso que tem essa divisão de torcida, o cara que torcia para o Figueirense ficava ao lado do que era torcedor do Avaí.
O JOGO
Esse é o melhor jogo possível para se jogar. Eu costumo dizer que só existe um jogo melhor que o clássico, que é uma final. Portanto, esse (o que se aproxima) será o melhor jogo de todos. É um jogo diferente, ele marca a vida do atleta. Se for bem vira ídolo, caso contrário pode até perder o emprego né?
RELAÇÃO COM A DUPLA
É um prazer, uma satisfação ser lembrado por isso. Estou no memorial do Figueirense, no memorial do Avaí e estou na história das duas torcidas da época. Essa gurizada que está aí não me viu jogar, a gente (jogadores da década de 70 e 80) jogava muita bola era pura tática e técnica.
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FORÇA X TÉCNICA
Por isso (excesso de força) que o nosso futebol está medíocre, atualmente é só o físico que conta. Na época cada time contava com 4 ou 5 jogadores muito bons. Os times grandes contavam com gênios. Hoje não, você conta nos dedos os caras que são bons, cito o Neymar, o Cristiano Ronaldo, Messi, Ganso…
CORAÇÃO DIVIDO
Não é para ficar no muro não, mas eu me arrepio quando lembro dos dois clubes. Eu consegui ser ídolo das duas torcidas e dos dois times. Para mim que ganhe o melhor. Sou matuto de Florianópolis e ter feito parte disso tudo, já é muito importante. Do fundo do meu coração, com toda honestidade, que vença o melhor.
SEGREDOS
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É a pegada. A disposição, a disputa da bola com mais veemência, com mais determinação, com menos vergonha de jogar feio. É isso que faz a diferença. É muito mais o coração do que a razão.
A pedido do Diário Catarinense, Balduíno convocou, diretamente do passado, a Seleção de Avaí e Figueirense, formada somente por craques que jogou ao lado.
A SELEÇÃO DOS SONHOS
Rubens (Avaí); Pinga (Figueirense), Reginaldo (Figueirense), Veneza (Avaí) e Orivaldo (Avaí); Carlinhos (Figueirense), Almir Gil, Renato Sá e Zenon; Ademir e Toninho
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No grupo
Albeneir, Levir Culpi, Ari Prudêncio, Bira Lopes, Rogério, Chico Botelho
Técnico: Balduíno
Data: Em algum lugar do passado entre as décadas de 1970 e 1980
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Estádio: Nos sonhos de Balduíno
Quem é ele
Nome: João Carlos da Silva
Posição que jogava: meia
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Clássicos pelo Avaí
1972 a 1978 39 jogos 12 vitórias 16 empates 11 derrotas 2 gols
Clássicos pelo Figueirense
1979 a 1984 36 jogos 17 vitórias 11 empates 8 derrotas 2 gols
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