Na quinta-feira, Porto Alegre vai amanhecer diferente. A partir deste dia, intervenções artísticas serão instaladas em diversos pontos – do Largo Glênio Peres, no Centro, à Praça da Encol, no bairro Bela Vista.

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Esta será a primeira das três etapas de entrega dos trabalhos do circuito de arte urbana Artemosfera, megaevento que vai reunir de 40 a 50 artistas, fotógrafos e outros criadores, com obras espalhadas por pelo menos 40 bairros.

Entre os nomes desta primeira leva está Heloisa Crocco, artista de 62 anos que, em quatro décadas de atividade, tem trabalhado recorrentemente com a natureza. Uma parte importante de sua produção envolve o reaproveitamento de madeira. Ela planeja um trabalho com participação dos passageiros do catamarã – barco que faz o trajeto entre Porto Alegre e o município de Guaíba, inaugurado no dia 27 de outubro. De início, Heloisa cogitou solicitar aos usuários que escrevessem relatos sobre a travessia. Mas mudou de ideia na quarta-feira passada, ao realizar pela primeira vez o passeio de ida e volta, acompanhada pela reportagem de ZH.

– Quero propor, entre outros aspectos, uma reflexão sobre a importância do rio para nós. Mas para isso eu precisava entrar no barco para ver como funciona – comentou Heloisa, nos primeiros momentos do passeio.

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Das 120 poltronas da embarcação, cerca de 70 estavam ocupadas. Sob um calor como há dias não se via, o ambiente climatizado veio a calhar. Heloisa concluiu que o foco de sua intervenção artística não deveria estar nos relatos escritos, mas nos registros visuais:

– Podemos entregar câmeras para os passageiros fotografarem suas experiências com a travessia, registrando a paisagem ou o ambiente interno do barco. Cada um pode deixar também um depoimento escrito. Poderemos editar o material e realizar exposições na estação de Porto Alegre e de Guaíba.

A película escura nas janelas do barco ajuda a diminuir o calor, mas Heloisa imaginou que pudesse atrapalhar as imagens. Fez o teste na hora, com a lente de seu telefone celular, com o qual vinha fotografando o passeio desde a estação em Porto Alegre. Verificou que a película pode até criar um efeito interessante.

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Observar a orla de Porto Alegre, de um lado, e o horizonte d?água, de outro, era o que os passageiros mais faziam. Um sentimento especial para alguns, como o empresário Carlos Vieira, 58 anos, morador de Criciúma (SC), que viajava com a prima Maria Marçal, 55, para um almoço na cidade de Guaíba, onde têm familiares.

– O passeio nos dá uma sensação nostálgica. Costumávamos fazer este percurso com barcas – disse Vieira.

Maria exultou:

– Como guaibense, eu tinha esse sonho de poder usar o rio.

O circuito de arte urbana Artemosfera tem patrocínio de Chevrolet, Zaffari, Braskem e TIM, apoio de Tintas Renner e prefeitura de Porto Alegre. A curadoria do projeto é de Cézar Prestes. Realização do Grupo RBS.

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