Pedro*, 41 anos, mal levanta a voz e os olhos para contar que ainda não sabe quanto tempo terá que esperar para conseguir a guarda da filha caçula, em Blumenau. A pequena Lilian* vive com a avó, mãe da mulher com quem foi casado e teve outros três filhos, já crescidos.

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O operário morava na mesma casa que a ex-sogra até o começo do ano, quando decidiu morar com a namorada. A casa em que vive agora fica na mesma rua em que a filha mora com a avó. Pedro diz continuar ajudando nas despesas, mas não é sempre que ela permite que ele veja a filha.

– É tão ruim ficar longe da menina, queria um advogado para pegar a guarda dela.

Funcionário público, Pedro ganha a vida limpando as ruas da cidade. Nunca contou o número de vias que percorre. Sabe apenas que fecha ao menos duas cargas de lixo recolhido todo dias. Perdeu alguns períodos de trabalho procurando um jeito de ter a permissão para cuidar da menina.

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– Fui no fórum pegar a guarda da minha filha e falaram que tinha que arrumar um advogado. Mas agora está demorando para conseguir esse advogado. Ganho uma base de R$ 580 por mês, vou pagar advogado como?

Há dois meses, Pedro procurou o serviço da defensoria dativa, que funcionava no Juizado Especial Cível, no centro da cidade. Até chegou a dar entrada no pedido de guarda da caçula com um advogado do Estado, mas foi informado que o serviço de defesa não seria mais prestado a partir de 15 de março. Enquanto vê a caçula testar a bicicleta do irmão mais velho, o pai se conforma.

– Quero cuidar dela, se tivesse condições de pagar um advogado, seria muito mais fácil. É esperar, mas acho que vai pelo menos uns cinco meses até resolverem tudo.

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Na quarta-feira, 10, Pedro foi atendido por alunos do curso de Direito no Núcleo de Prática Jurídica (NPJ) da Universidade Regional de Blumenau (Furb). Com intervenção do serviço gratuito prestado pela universidade, o coletor aguarda um comunicado do oficial de justiça para poder iniciar a defesa pela guarda da filha.

*O nome foi alterado para preservar a identidade dos envolvidos

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