Não foi um terreno à venda, mas duas pistolas Glock e uma espingarda calibre .12 que atraíram Júlio Cesar Thibes, 25 anos, o sobrinho Gabriel de Oliveira, 15 anos, e o amigo Augusto Moreira Chagas, 22 anos para a Praia da Guarda do Embaú, em Palhoça, em maio passado.
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A confirmação é do delegado responsável pelo caso, Attílio Guaspari Filho, titular da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Palhoça.
As vítimas eram cunhado, filho e amigo do líder do tráfico de drogas do Morro do Horácio e integrante da cúpula do Primeiro Grupo Catarinense, Rodrigo de Oliveira, o Rodrigo da Pedra.
De acordo com o delegado Attílio, o traficante Wilson Macário Alves, o Dedé, foi quem disparou os três tiros que mataram Gabriel, Júlio e Augusto. A Justiça decretou a prisão temporária de Dedé nesta terça-feira pelo crime de latrocínio e ele passou a ser foragido.
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Os três levaram R$ 10 mil em dinheiro para comprar as armas. Saíram do Morro do Horácio, em Florianópolis em um carro GM Astra e foram até Palhoça, na tarde do dia 29 de maio, uma quarta-feira.
Dedé os levou até as dunas da Praia da Guarda com o argumento de que as armas estavam enterradas lá. Nenhum dos três desconfiou que aquilo era uma armadilha. Dedé é conhecido por vender e emprestar armas no mundo do crime.
Eram cerca de 18h quando Dedé assinou sua sentença de morte: deu um tiro calibre 9 mm na cabeça de cada um dos três moradores do Horácio. Gabriel, Julio e Augusto não sofreram, morreram na hora. E foram enterrados ali mesmo nas dunas, em uma cova rasa.
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Os corpos irreconhecíveis foram encontrados seis dias depois por policiais militares, que notaram espécie de rachaduras na areia e pegadas ao lado. Perto acharam dois estojos da mesma munição. Um dia antes, policiais civis haviam achado ali perto uma pá e o boné de Gabriel. Os R$ 10 mil sumiram.
O triplo homicídio chocou a comunidade do Horácio e enfureceu o pai de Gabriel, Rodrigo de Oliveira, preso na Penitenciária Federal de Mossoró (RN). Promessas de vingança se espalharam pelas redes sociais. No último dia 17, uma jovem de 16 anos mulher do homem de confiança de Dedé foi sequestrada e liberada quase 24 horas depois.
Dedé está foragido e sua família escondida. Segundo a polícia, ele sabe que quando for preso dificilmente escapará da lei da cadeia e de algum dos milhares de integrantes do PGC espalhados pelo sistema prisional.
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De acordo com a polícia, Dedé está com dívidas e tem histórico de fazer muito por pouca coisa. Mesmo assim, policiais experientes continuam intrigados com o triplo homicídio. A pergunta que fazem é: será que um traficante comum teria tanta coragem de matar o filho, o cunhado e um amigo de um dos maiores traficantes de Santa Catarina por R$ 10 mil?
O inquérito continua aberto.