Uma cientista formada na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) criou um repelente para tecidos capaz de matar o mosquito da dengue em segundos. Fernanda Checchinato foi a responsável por desenvolver o Protec, o primeiro produto do gênero certificado pela Anvisa e que pode ser usado em superfícies, roupas e até barracas de camping para conter o Aedes Aegypt.
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O item foi criado em 2015 e Fernanda conta que a ideia surgiu de uma necessidade própria, já que é uma pessoa alérgica a insetos. Quando estava nos Estados Unidos, em 2010, ganhou uma bandana que tinha efeito repelente e conheceu a empresa norte-americana por trás do produto, que também fazia camisetas repelentes.
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Intrigada com a descoberta, ela resolveu investigar o tema a fundo. E foi assim que fundou a própria empresa, a Aya-Tech. Inicialmente, trabalhava apenas com a fabricação camisetas repelentes, mas conforme o avanço das pesquisas, o leque de opções ficou maior.
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— Depois de algum tempo, percebi que havia também uma demanda de mercado para repelentes aplicáveis também em tecidos e superfícies, desde cortinas, tapetes, lençóis, cobertores e enxovais de cama, roupas em geral e até barracas de camping. As pessoas queriam praticidade e muito mais proteção. Tive a ideia de fabricar um produto líquido para colocar na máquina de lavar roupas e, posteriormente, lançamos a versão em aerossol — explica Fernanda.
Atualmente, a média de vendas do produto é de 500 unidades por dia ao consumidor final. Já no mercado atacadista, o número ganha outras proporções, já que é comercializado em todo o Brasil, por meio do e-commerce, e é exportado para Colômbia, EUA, Austrália, Peru, França e Equador. Atualmente, a empresa também negocia a venda para países africanos.
Produto demorou cinco anos para ser desenvolvido
A cientista destaca que o Protec traz uma camada a mais de proteção contra a dengue. Até então, segundo ela, as pessoas se protegiam monitorando vasos, pneus e outros objetos com água parada — algo que se faz até hoje, já que são potenciais focos de proliferação das larvas do mosquito — e, também, com uso de repelentes em forma de creme ou em spray para a pele.
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Fernanda explica que o produto foi desenvolvido a partir de uma combinação de componentes químicos com os compostos naturais permetrina (princípio ativo do repelente, retirado da flor crisântemo) e água. Por isso, é inodoro, antialérgico e inofensivo para humanos, incluindo crianças, idosos e grávidas, também a animais e meio ambiente, garante Fernanda. As aplicações podem ser feitas em inúmeros locais, desde tecidos a veículos e partes da casa — em qualquer tipo de superfície capaz de absorver os ativos do produto.
A empresária diz que a proteção comprovada por testes laboratoriais é de até 60 dias ou 20 lavagens, e funciona também contra insetos causadores de doenças como febre amarela, Zika vírus, Chikungunya, leishmaniose e Síndrome de Guillain-Barré. Além disso, auxilia no controle de pragas urbanas que provocam alergias e outras patologias de pele, como ácaros, traças, baratas, carrapatos, piolhos, formigas, pulgas, muriçocas, borrachudos e moscas.
Assim que o Protec é aplicado, descreve a cientista, o inseto sente o princípio ativo do produto e se afasta imediatamente. Se ainda assim insistir em pousar ou passar perto da superfície aplicada, ele absorve os ativos e entra em estado de paralisa e morte. É o chamado efeito “knock-out”, com ação fulminante para o vetor da dengue.
— O Protec é fruto de um meticuloso trabalho que durou cinco anos e envolveu pesquisas e desenvolvimento com nanotecnologia e recursos próprios. O Protec é sustentável e não existia nada como ele em todo o mundo antes do seu lançamento. Por isso tenho muito orgulho, além de um incontestável respaldo científico, em afirmar categoricamente que ele é uma criação exclusiva da Aya-Tech — destaca.
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Sobre a cientista
Nascida em São Paulo, mesmo local da sede da empresa, Fernanda formou-se em Engenharia Química na Universidade Federal de Santa Catarina em 1999 e fez o mestrado e o doutorado em Engenharia de Materiais também na UFSC, com parte do período na Universidade Claude de Bernard CNRS Lyon, na França. Ela também possui um curso de especialização no Japão pela Japan International Cooperation Agency (Jica). Em Santa Catarina, morou por 14 anos, casou-se e fruto da relação, teve duas meninas.
Atualmente, a empresa de Fernanda também trabalha no desenvolvimento de um repelente para aplicação em couro e em um produto para sapatos para portadores de epidermoliose bolhosa.
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