O Centro Educacional Infantil (CEI) Zanellato, que fica no bairro Jardim Zanellato, em São José, deveria atender 242 crianças da comunidade, mas já faz sete meses que está fechado. Acontece que no dia 3 de julho de 2017 a unidade foi interditada por risco de desabamento e nunca mais foi reaberta. Tampouco houve a reforma do local.

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— Depois de inaugurada, só funcionou por alguns meses e agora já está há quase um ano fechada. Está fazendo muita falta, porque tem muita criança aqui no bairro — comenta a aposentada Teresinha das Graças Matos, de 63 anos.

Teresinha é avó e tutora legal de Mateus, de 5 anos. O garoto até conseguiu uma vaga em outra creche da rede municipal, mas a distância é um problema para a família. Sem meios próprios de locomoção, Teresinha caminha mais de duas horas todos os dias para levar e buscar o neto no CEI Morar Bem.

— Ele até que levou sorte, porque muitos não conseguiram vaga em outras creches. O problema é que eu tenho dificuldade de andar, não tenho dinheiro para condução e preciso caminhar 30 minutos para levá-lo e 30 minutos para voltar para casa. À tarde, repito o trajeto. O Mateus adorava a creche aqui, tadinho. O que é bom dura pouco — lamenta Teresinha, vizinha do CEI Zanellato.

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De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, a unidade custou cerca de R$ 1,7 milhão, e deverá passar por uma reforma ainda neste ano, orçada em R$ 636 mil. Ainda segundo a secretaria, “foram garantidas vagas para todas as crianças matriculadas na CEI Zanellato”.

Apesar do posicionamento da Secretaria de Educação, moradores afirmam que nem todos conseguiram vagas em outras unidades.

— Minha menina mais velha, a Maria, de 4 anos, chegou a estudar aqui na (creche) Zanellato. Mas aí começou a cair o teto e interditaram. Agora, minha filha está na creche de uma ONG. A solução não veio até agora, está fazendo falta — afirma o carpinteiro Geneide Costa, de 46 anos.

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Ginásio fechado

Ao lado do CEI, há um ginásio esportivo à disposição das crianças do Colégio Marista. Porém, de acordo com o líder comunitário Paulo Sérgio Cristóvão, de 46 anos, o terreno onde fica o ginásio foi cedido pela associação de moradores, em acordo que previa a utilização irrestrita da comunidade após o período letivo.

— A associação doou o terreno para a prefeitura. O acordo era pra fazer um campo de futebol, mas decidiram fazer um ginásio para a escola. O combinado era que de dia o colégio faria o uso e de noite a comunidade, mas no começo do ano passado proibiram a comunidade de usar. Tiraram até o horário do basquete para cadeirantes — reclama Paulo.

Em nota, a prefeitura de São José disse, sem estipular prazos, que “a Secretaria de Educação, o Colégio e a Fundação Municipal de Esporte estão fazendo uma parceria para oferecer aulas de esporte gratuitas no local, de diversas modalidades, voltadas para crianças, adolescentes e adultos”.

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Esgoto a céu aberto

Mas os problemas dos moradores do Jardim Zanellato vão além da falta de uma creche para as crianças e de uma quadra esportiva para a comunidade. Ao lado do CEI, aquilo que deveria ser um pequeno córrego virou um esgoto a céu aberto. Não bastasse o forte cheiro, o local ainda é uma incubadora de doenças.

— Ainda tem esse córrego aqui, que virou um esgoto a céu aberto. Não sei porque a prefeitura não toma providência. Ainda fizeram a creche aí do lado, não dá pra entender — avalia o marceneiro Adevaldo de Souza, de 54 anos.

—Esse “esgotão” é complicado por causa do cheiro e do risco de dar doenças, principalmente nas crianças. Quando faz calor, a situação é ainda pior — completa Geneide.

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Sobre o córrego imundo, a prefeitura de São José diz que “acompanha a situação e avalia algumas medidas, mas ainda não há projeto para uma intervenção no local”.

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