Como sempre faz todas as noites após o banho, na quinta-feira, o delegado Otávio César Lima, da 5ª DP da Capital, foi estender a toalha na sacada de seu apartamento, numa rua a menos de 500 metros da casa do governador, no Bairro Agronômica, na Capital. A surpresa foi ver os vizinhos da casa em frente sendo assaltados, às 23h, dentro do carro da família, enquanto esperavam o portão eletrônico abrir.
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O delegado notou que os bandidos estavam armados com pistolas e vestidos com moleton preto e capuz, e conseguiu repassar a placa do automóvel para a Polícia Militar, que fez rondas na região.
– Abaixa o vidro e abre a porta – ordenou um dos assaltantes, apontando a arma para o dono da casa, um coronel aposentado do Exército.
Ao lado dele, no banco do passageiro, estava a mulher, que também ficou sob a mira de uma pistola.
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– Achei que era um mendigo e ainda disse: não tenho nada para te dar – contou a dona de casa.
O marido explicou para ela que era um assalto.
– Não queremos fazer mal, só queremos o carro. Não olha pra gente – falou um dos ladrões, antes de entrar no banco de trás com o comparsa e orientar o coronel a sair com o veículo.
A vítima ainda virou o retrovisor para cima para evitar ver os ladrões.
O delegado pegou seu celular e a pistola e saiu atrás dos bandidos. Foi com seu carro nos morros do Horácio, do 25 e no Santa Vitória, e passou pelos caixas eletrônicos da região. Nenhuma pista dos vizinhos.
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Na altura da Praça Professor Amaro Seixas Neto, no mesmo bairro, o casal recebeu nova ordem:
– Podem descer que vamos pegar o carro agora – disse um dos bandidos, que seguiu pela Avenida Beira-Mar Norte, em direção às pontes, levando o veículo, a carteira de motorista da vítima e os documentos do veículo, que até a tarde de ontem não havia sido encontrado.
Cansados e abalados, o coronel e a esposa saíram a pé pela deserta Rua Frei Caneca, onde foram encontrados pelo delegado, que os levou para casa. Ontem, o coronel disse que não ficou com medo e até conseguiu dormir. Estava resignado, mas lamentou a falta de segurança em Florianópolis e deu uma dica para quem passar pela mesma situação.
– Mantenha a calma para preservar a vida. Atendemos todos os comandos deles. Mesmo que eu estivesse armado, não teria reagido – afirmou.
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O delegado Otávio disse que falta estrutura e pessoal à 5ª DP, que atende sozinha aos bairros Agronômica, Itacorubi, Pantanal, Córrego Grande, Santo Antônio de Lisboa, Sambaqui, Santa Mônica, Trindade, Monte Verde e Saco Grande.
– A incidência de furtos e roubos de veículo e em residências é muito grande na região. Em razão disso, persiste a necessidade de melhorias para o atendimento dessa demanda aqui na delegacia – concluiu o delegado, que tem 26 anos de carreira.