O descontrole de comando direto e as disputas internas pela liderança na facção Primeiro Grupo Catarinense (PGC), além dos confrontos com o Primeiro Comando da Capital (PCC), preocupam ainda mais a segurança pública no contexto de violência que assola comunidades da Grande Florianópolis.
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O raciocínio é de policiais experientes em investigações do crime organizado. Para eles, raramente a facção deixa de estar envolvida em confrontos com sequência de mortes, seja em comunidades por causa do tráfico de drogas, seja em crimes de dentro das cadeias em busca da liderança.
As investigações apontam que a escalada de homicídios em Santa Catarina começou nos últimos anos em Joinville, onde justamente se deu o início do duelo entre PGC x PCC. Agora, seria a vez da Grande Florianópolis ser palco do embate.
Do lado do PGC, o desafio para as autoridades policiais consiste em montar o quebra cabeças dos atuais líderes do PGC que figuram em mandos e desmandos de violência. Isso porque a facção nos últimos anos está sem comando direto e ficou desestruturada. Líderes vitalícios do 1º ministério perderam a força de comando com a desarticulação do bando e as transferências para presídios federais.
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Já os integrantes do 2o ministério, com grau de posição inferior no PGC, seriam a bola da vez da quadrilha dispostos a digladiar entre si com os chefes do passado para ganhar força e o comando.
— O PGC está sem liderança, há brigas entre si e descontrole nos crimes. Há também esse confronto notório nos últimos anos do PGC com o PCC que também preocupa — ilustra um delegado experiente.
Execuções são atos de lobos solitários
Ordens de assassinatos como os do norte da Ilha não necessariamente são de conhecimento e autorizados por chefes da facção. Assim, fica ainda mais complicado para a polícia identificar e incriminar os envolvidos, além de descobrir os motivos diretos.
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No linguajar policial, é como se integrantes do PGC estivessem agindo como lobos solitários a exemplo do que acontece no terrorismo. Eles podem possuir a mesma doutrina para o crime, mas agem sozinhos, no momento e no local que julgarem convenientes.
A polícia ainda não faz nenhuma ligação da violência no norte da Ilha com as mortes de dois presos na Penitenciária de São Pedro de Alcântara. Na cadeia da Grande Florianópolis estão mais de mil detentos. A principal suspeita é que os dois líderes da facção, Sebastião Carvalho Walter, o Polaco, e Valcir Tomaz, o Chapecó, tenham sido mortos por divergências pessoais na busca pelo comando da facção PGC, sem relação também com massacre de detentos no Norte do país.
Violência e o crime organizado
Norte da Ilha – Há confrontos entre Primeiro Grupo Catarinense (PGC) x Primeiro Comando da Capital (PCC). O motivo é o controle de pontos de tráfico de drogas e o comando do crime em geral. Áreas vulneráveis economicamente são os alvos dos criminosos, onde fazem a população em geral refém do crime.Comunidades como Siri e Papaquara são alguns dos palcos de violência entre criminosos faccionados. Há outras com problemas de conflitos como Vila União e Morro do Mosquito, na Vargem do Bom Jesus.
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Ordens e conflitos – Nem sempre partem do comando das facções. No caso do PGC, a quadrilha está em parte desmantelada com prisões e os isolamentos de antigos chefes. Disputas internas de membros de segundo escalão na hierarquia com criminosos patrões do bando provocam guerra interna, incluindo assassinatos nas ruas e dentro de presídios.
Mortes na cadeia – Na Penitenciária de São Pedro de Alcântara, morreram dois presos que figuravam em posições de grande liderança no PGC: Sebastião Carvalho Walter, o Polaco, e Valcir Tomas, o Chapecó. A polícia diz que foram mortos por próprios integrantes do PGC em disputas internas e sem relação com assassinatos de detentos em brigas de facções como acontecem em Manaus e Roraima.
Massacre de presos – Por enquanto, segundo a polícia, o PCC em SC não sofre interferência de atuação do PCC de São Paulo em apoio logístico, bélico e ordens diretas e sim de integrantes locais do crime e também do PCC do Paraná. Nesse raciocínio, os policiais entendem que até agora as mortes de detentos em SC não estão ligadas à violência do Norte do País, entre PCC e a facção Família do Norte, embora esta última tenha aliança com o PGC.
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