A presidente afastada Dilma Rousseff se reunirá nesta terça-feira com senadores e representantes de movimentos sociais para discutir a proposta de uma consulta popular sobre a realização de novas eleições. Dilma quer aproveitar o ambiente de crise instalado pelos pedidos de prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do senador Romero Jucá (PMDB-RR) para tentar ganhar votos de parlamentares indecisos ou favoráveis ao impeachment.

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Segundo senadores, o clima de “fim do mundo” causado pelos pedidos de prisão feitos pela Procuradoria-Geral da República e pela sombra da delação premiada de executivos da Odebrecht na Lava-Jato criou um ambiente mais favorável para que a tese da realização de novas eleições ganhe espaço no Senado.

Na quinta-feira passada, Dilma admitiu em entrevista à TV Brasil a possibilidade de um plebiscito, caso consiga reverter a votação do processo de impeachment no Senado.

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Dois dias antes o senador Roberto Requião (PMDB-PR), contrário ao afastamento da petista, realizou um jantar em seu apartamento, que reuniu cerca de 25 outros senadores.

— Tinha 30 pessoas na minha casa, todos fechados com o plebiscito e novas eleições. No fim dos 90 dias de interinidade pode chegar a 40 — disse Requião.

Segundo ele, vários parlamentares estão descontentes com o início do governo do presidente interino Michel Temer.

— A distribuição de poder nos Estados desagradou a muita gente. Tem senador que só precisa de um motivo, de um ponto de apoio, para votar contra o impeachment — ressaltou.

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Dilma precisa dos votos de 27 senadores para voltar ao cargo. Segundo o Placar do Impeachment do jornal O Estado de S. Paulo, hoje ela teria 18 votos. Temer precisa do voto de 54 senadores e tem 37.

Parlamentares que votaram a favor do afastamento da petista e declaram voto pelo impeachment, como àlvaro Dias (PV-PR), admitem, agora, que a tese das novas eleições ganhou fôlego.

— O plebiscito é uma forma de aplacar a consciência de alguns senadores que querem votar contra o impeachment, mas temem a repercussão negativa. Há alguns não desejosos de votar pelo impeachment — afirmou Dias.

O senador Dário Berger (PMDB-SC), que também declara voto a favor do impeachment, é simpático à iniciativa, mas acha que ela é tardia.

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— Simpatizo com a ideia, mas a gente não vive de simpatia. Só simpatizar não basta — disse o peemedebista.

Berger calcula que há 30 senadores que apoiam a ideia. Além de representantes das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, participará da reunião com Dilma um grupo de senadores de diversos partidos que defendem as novas eleições, entre eles Requião. Essa parcela tem procurado parlamentares descontentes desde a semana passada, pedindo assinaturas para um documento em favor do plebiscito.

Para o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), é tarde demais para Dilma propor uma consulta popular sobre novas eleições. O peemedebista avalia que a petista deveria ter sugerido a ideia antes do processo de impeachment ser instaurado.

Oliveira revelou que há alguns meses o PMDB cogitou buscar um acordo com a então presidente nesse sentido, mas acredita que com o processo de afastamento praticamente concluído uma nova votação iria prejudicar o país.

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