No Km 63, da BR-470 em Indaial, dois pedaços de madeira com adornos floridos se cruzam em um ângulo de 90 graus. Os elementos que formam uma cruz servem para lembrar que naquele ponto, em setembro de 2018, Elivelton Machado, 26 anos, morreu após um acidente na rodovia federal.
Continua depois da publicidade
Esta marca deixada na rodovia representa também uma das 2010 vidas perdidas no trecho da rodovia federal entre Navegantes e Pouso Redondo desde 2000, de acordo com levantamento feito pelo Santa. Os dados consideram pessoas que faleceram em razão das lesões decorrentes do acidente de trânsito, no momento ou até 30 dias após a ocorrência, conforme regras definidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os números revelam que entre 2000 e 2018 a rodovia no Vale registra uma média de mais de 102 mortes por ano, ou seja, uma morte a cada três dias. O ano com o maior número de mortes foi em 2011, justamente no ano em que a então presidente Dilma Rousseff (PT) prometeu a duplicação da rodovia. Naquele ano, 166 pessoas morreram em decorrência de acidentes no trecho que corta do Vale do Itajaí.
Levantamento feito pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) aponta que em 2018, do km zero, em Navegantes, até o Km 197, em Pouso Redondo, foram registrados 1.345 acidentes, nos quais 1.636 pessoas ficaram feridas. Nestas ocorrências, de acordo com a PRF, as cinco principais causas foram: falta de atenção, desobediência às normas de trânsito, velocidade incompatível para o local, ingestão de álcool e ultrapassagem indevida.
Até as 18h da última sexta-feira, dia 27 de setembro, 59 pessoas haviam morrido na rodovia federal, segundo monitoramento de acidentes que resultaram em mortes feito pelo Santa. Números considerados inaceitáveis pela PRF, que é responsável pela fiscalização e policiamento ostensivo das rodovias federais. O inspetor Loes, chefe do Núcleo de Policiamento e Fiscalização da 4ª Delegacia da PRF de Blumenau, afirma que é necessário agir em duas frentes para reduzir esta realidade.
Continua depois da publicidade
– Atuamos na fiscalização e punição, que é algo de efeito a curto prazo, para que as pessoas mudem de comportamento no trânsito. A longo prazo, acreditamos na educação de trânsito para reduzir os índices, algo que é previsto em lei. O aceitável de mortes é zero, mas para isso ocorrer somente com educação, apenas com fiscalização é impossível – afirma.
Para o especialista em Segurança no Trânsito, Emerson Andrade, muitos dos acidentes são causados exclusivamente pelos condutores, mas é necessário que os órgãos que compõem o sistema nacional de trânsito tratem o tema com a devida importância.
A grande maioria dessas vidas perdidas poderia ser evitada e não podem ser tratadas como acidentes. Não vejo perspectivas de mudança imediata dessa estatística. A gente não vê uma política pública comprometida com a vida das pessoas no trânsito – afirma Emerson Andrade.