O número de motoristas que foram flagrados bêbados enquanto dirigiam pelas rodovias federais de Santa Catarina subiu 81% no Carnaval 2023, em relação ao período de festa do ano anterior. A quantidade de autuações por embriaguez ao volante, de acordo com dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), voltou a parâmetros pré-pandemia depois de dois anos em baixa. Esse movimento já era antecipado pelo resultado na operação do Réveillon, que também teve alta de 47,6% nos registros de condutores embriagados.

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Em seis dias de fiscalização das BRs, a Operação Carnaval 2023 totalizou 358 motoristas flagrados sob influência de álcool no território catarinense. Esse foi o maior número desde 2020, quando os policiais realizaram 613 autuações pelo mesmo motivo.

Já durante as festas de fim de ano, entre 29 de dezembro de 2022 e 3 de janeiro de 2023, foram 220 flagrantes. Na operação três anos antes, tinham sido registrados 236 casos no mesmo período.

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Para o inspetor Adriano Fiamoncini, da PRF, realizar comparações entre os últimos anos não é efetivo, já que a pandemia restringiu as atividades das pessoas e as festas, tanto de Carnaval quanto de Réveillon, foram canceladas em 2021 e 2022. No entanto, a quantidade de motoristas bêbados nas estradas em 2023 está maior do que em outros períodos da série histórica dessas operações (veja no gráfico abaixo).

— Depois que acabaram os efeitos da pandemia e os eventos voltaram a acontecer, a vida volta ao normal. Não foi surpresa nenhuma. Eventos, festas, com apelo para o consumo de bebida alcoólica, é a vida que segue — avalia o policial rodoviário.

A cultura de achar que não terá problema, com acidente e com a fiscalização, é o motivo que leva muitos motoristas a se arriscarem ao misturar bebida e volante, de acordo com Roberto Bentes Sá, presidente do Movimento Nacional de Educação no Trânsito (Monatran).

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— Isso é cultural, um hábito enraizado. O brasileiro não muda o comportamento se não sentir que está sendo fiscalizado — afirma Bentes Sá, que há 25 anos atua pela educação e segurança no trânsito.

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Risco de acidente envolvendo motoristas embriagados

O especialista reforça que o risco de se envolver em um acidente estando embriagado é maior. Ele relembra que algumas questões conhecidas do senso comum já alertam para o perigo de beber e dirigir.

— A pessoa alcoolizada perde todo instinto de reação, agilidade e concentração. Então, se torna completamente vulnerável e fica com a capacidade de raciocínio menor. Normalmente já é difícil evitar um acidente porque eles acontecem em segundos de distração. Se você ingere álcool, os sentidos ficam alterados e evitar é muito mais complicado — reforça.

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Questionado sobre dados e estatísticas envolvendo vítimas de acidentes causados por pessoas embriagadas, Bentes Sá afirma que as ocorrências não são devidamente registradas, principalmente com relação a mortes. Ele avalia que há uma subnotificação em Santa Catarina e no Brasil sobre quanto é mais perigoso dirigir após beber do que em estado sóbrio.

No Estado de São Paulo, dirigir sob efeito de álcool aumenta em mais de três vezes a chance de morte, de acordo com dados do programa Respeito à Vida, de 2020. Nas ocorrências registradas no período, tanto o próprio condutor quanto outras pessoas perderam a vida.

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— A pessoa coloca a si mesmo em risco, a vida dos outros também — reforça o inspetor da PRF.

Além de infração, é crime

Em uma situação de abordagem de embriaguez ao volante, com resultado positivo no teste do bafômetro ou se o motorista se recusar a realizar o teste, o condutor é multado pela infração do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) em R$2.934,00. Além disso, recebe sete pontos na carteira e tem o direito de dirigir suspenso por um ano.

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A pessoa ainda pode ser presa se estiver com a “capacidade psicomotora alterada” e estiver dirigindo sob influência do álcool ou aparentar sinais de embriaguez. Pela Lei Seca, o motorista pode ser punido com prisão de seis meses a três anos, além das sanções administrativas.

Motoristas de aplicativo foram solução

De acordo com Fiamoncini, os flagrantes de embriaguez ao volante em 2023 foram menores do que em 2020 por conta da popularização do uso de motoristas de aplicativo. Ele relata que, durante o Carnaval nesta semana, percebeu vários condutores trabalhando nas rodovias federais e passando pelas BRs mais de uma vez.

— Nós acompanhamos muitos motoristas de aplicativo transportando quem queria beber e lucrando como nunca. Essa situação em 2020 não era tão popular, as pessoas não usavam tanto o aplicativo. Então isso explica o número maior de flagrantes — analisa o policial.

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