Dois alpinistas franceses e um canadense continuavam desaparecidos nessa segunda-feira no Nepal, depois de uma avalanche no monte Manaslu que matou ao menos nove pessoas, em uma das piores catástrofes das últimas décadas no Himalaia.
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Segundo o Sindicato Nacional de Guias de Montanha (SNGM), não há mais esperanças de encontrar os desaparecidos. Os três faziam parte de um grupo de 25 a 30 alpinistas que dormiam em um acampamento de base próximo ao cume do monte, um dos mais perigosos do mundo, quando uma avalanche varreu o local no domingo às 4h da madrugada.
– Nós paramos as operações de busca por helicóptero. Dois franceses e um canadense ainda estão desaparecidos. Os sherpas estão fazendo buscas nas montanhas – disse o chefe da polícia local, Basanta Bahadur Kunwar.
De acordo com o vice-presidente do SNGM, Christian Trommsdorff, as buscas podem ser canceladas definitivamente, porque não há mais esperanças de encontrar os desaparecidos.O Conselho de Turismo do Nepal havia reportado anteriormente que sete pessoas estavam desaparecidas, mas a polícia indicou que quatro deles estavam entre as 13 pessoas encontradas no domingo ilesas.
Segundo Kunwar, cinco alpinistas foram levados do acampamento-base e para serem tratados em Katmandu.
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– Os oito outros alpinistas não ficaram feridos. Eles disseram que ou iriam descer a pé, ou tentariam chegar ao topo de novo – afirmando que não queriam ser resgatados.
Um cardiologista canadense, Dominique Ouimet, é um dos desaparecidos, de acordo com a sua irmã. Alpinista experiente, ele havia escalado o Manaslu, chamado de “montanha assassina”, para arrecadar fundos para um hospital de Montreal.
– As barracas parecem ter desaparecido sob a avalanche – disse à Radio Canada Isabelle Ouimet, sem ter notícias do irmão que aparentemente estava em uma das barracas do acampamento no momento da avalanche.
Dos nove mortos, oito foram identificados, indicou à AFP um porta-voz do Conselho de Turismo do Nepal, Sarad Pradhan. Há quatro franceses, um guia de montanha do Nepal, um espanhol, um alemão e um italiano.
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Berlim confirmou a morte de seu cidadão. Entre as quatro vítimas francesas, estão dois guias de Chamonix (Alpes franceses) e dois clientes, de acordo com o SNGM. O SNGM também indicou nessa segunda-feira que três franceses, um guia e dois clientes ainda estavam desaparecidos.
– As chances são muito pequenas de encontrar pessoas soterradas nessa altitude – declarou Christian Trommsdorff.
De acordo com um dos sobreviventes da tragédia, o italiano Silvio Mondanelli, afirmou que um bloco de gelo se soltou da montanha a 7.400 metros de altura, provocando a avalanche. No momento, todos os alpinistas estavam dormindo em suas barracas com os sherpas e foram atingidos em cheio pela grande massa de neve e gelo.
– Estávamos dormindo quando, de repente, ouvimos os gritos de alpinistas. Eu sabia que deveríamos estar sob uma avalanche. Vi um membro da equipe morrer – contou um sobrevivente alemão, Andreas Reiter, 26 anos.
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Em Chamonix, a comunidade espera com ansiedade a identificação das vítimas, sem muita esperança de encontrar sobreviventes.
– A esta altitude, o socorro é muito complicado, seria necessário um milagre para encontrar os três alpinistas ainda desaparecidos. A emoção é ainda intensa. Nunca nos acostumamos, especialmente quando você vê a velocidade dos acontecimentos – declarou Eric Favret, presidente da companhia de guias de Chamonix.
O Nepal tem oito dos 14 picos mais altos do mundo (mais de 8 mil metros), o maior de todos, o Monte Everest. O Himalaia cada ano atrai milhares de alpinistas, especialmente na primavera, mas também o fim de setembro e outubro, após a monção.
O pior acidente de montanha que aconteceu no país foi em 1995, quando uma gigantesca avalanche atingiu um acampamento de um grupo japonês na região do Everest, matando 42 pessoas.
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