O preso Rudinei Ribeiro do Prado, o Derru, ex-líder da facção Primeiro Grupo Catarinense (PGC), pegou 21 anos e nove meses de prisão pelo assassinato da agente penitenciária Deise Fernanda Melo Pereira. A sentença saiu em júri popular realizado nesta sexta-feira sob forte número de policiais militares e agentes do Departamento de Administração Prisional (Deap) no Fórum de São José, que foi fechado ao público externo como medida de segurança.

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Os jurados decidiram condená-lo da acusação de mandante do homicídio da agente e por associação criminosa. Deise foi morta a tiros no dia 26 de outubro de 2012 ao chegar em casa, em São José. O alvo dos bandidos era o marido dela, o então diretor da Penitenciária de São Pedro de Alcântara, agente Carlos Alves.

Pelo assassinato, a pena ao réu foi de 20 anos de reclusão e por associação criminosa a de um ano e nove meses. A juíza Marivone Koncikoski Abreu negou a ele o direito de recorrer em liberdade e o início do cumprimento da pena deverá ser em regime fechado.

Por cerca de uma hora, Derru negou em interrogatório o envolvimento ou conhecimento do plano para matar Deise. Ele afirmou que não fazia mais parte do 1º ministério da facção desde agosto de 2012 e não figurava mais entre os líderes do bando que teriam dentro da cadeia encomendado a execução para comparsas na rua.

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A defesa foi formada por advogados de Balneário Camboriú nomeados pelo Estado. Os defensores pediram a absolvição por falta de provas cabais que pudessem incriminá-lo. Lembraram também que Derru havia recebido o perdão judicial em um outro processo criminal que tramitou em Blumenau sobre a facção e os atentados nas ruas após a morte da agente — naquela ação o réu cooperou com à Justiça.

— Estou decretado, não sei o que vou fazer. Posso morrer a qualquer momento. O Estado me colocou nessa situação. Já perdi um irmão assassinado, o padrasto por infarto e minha mãe está doente — disse o réu.

O acusado contou ainda que antes do assassinato de Deise era uma espécie de informante dos agentes na cadeia, onde alertava sobre crimes que estariam sendo planejados pelos presos. Ele acusou os agentes de terem filmado essas conversas e depois mostrado aos demais presos, o que gerou ameaças contra si e agora estaria lhe custando a vida.

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— Alertei o próprio diretor em 2011 que ele seria alvo, evitei várias mortes dentro do sistema. O da Deise não cometi, não sabia de nada e não tenho envolvimento. Se soubesse teria evitado — afirmou Derru.

O promotor Jádel da Silva Júnior sustentou que Derru fazia parte do 1º ministério da facção, ou seja, do comando da organização criminosa que planejou e determinou o assassinato do diretor em razão do corte de regalias que o servidor implantou na unidade prisional.

— Esta morte representa que infelizmente estamos nas mãos da violência de pessoas como o Rudinei do Prado. Essa organização criminosa é o câncer do sistema prisional e do Estado, que impõe medo, desespero e a execução de crimes — declarou o promotor.

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Ex-diretor e mãe da vítima marcam presença

O ex-diretor da Penitenciária de São Pedro de Alcântara, agente Carlos Alves, a mãe e demais familiares de Deise assistiram ao júri. Durante o depoimento, o réu afirmou ter sido vítima de suposto espancamento na prisão após o crime contra Deise.

O preso é o quinto réu julgado e condenado pelo assassinato. Em julgamento em novembro do ano passado, quatro acusados foram condenados. Foi naquele júri que a Justiça decidiu que Derru deveria ser julgado em separado aos demais envolvidos.

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