A poucos metros do desfile cívico, estudantes e representantes de organizações populares ocuparam as escadarias da Catedral de Florianópolis, em frente à Praça XV, neste sábado, 7 de setembro, em protesto contra medidas do governo Bolsonaro. "Estamos em luta e em luto pelo Brasil" foi a fala inicial de um dos integrantes. Por volta das 10h, manifestantes se reuniram em torno de diferentes bandeiras e aguardavam para começar o movimento, inicialmente previsto para 8h30min.

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Enquanto esperavam a chegada de moradores de ocupações da Capital, que teriam se atrasado por problemas no transporte, militantes entoavam falas contrárias à reforma da previdência, aos cortes de verbas para universidades federais e ao governo Bolsonaro.

— Não somos poucos. Como aqui na praça, em todos os cantos do Brasil, aqueles que vestem preto estão dizendo que o povo está em luto. Isso mostra a capacidade de, mesmo em tempos sombrios, o povo ir para rua. O sentido é de estarmos neste dia 7 de setembro em luto e em luta. Pela defesa de direitos, do meio ambiente, da Amazônia. Hoje estão aqui aqueles que realmente defendem os direitos do nosso povo brasileiro — disse um dos manifestantes.

Por volta das 11h30min, após conclusão das discussões em torno do rumo do protesto, a manifestação iniciou deslocamento em direção à passarela Nego Quirido, onde ocorreu o Desfile da Independência. Durante o trajeto, no entanto, houve encontro com a tropa de choque da Polícia Militar (PM). Após negociação e acordo, a caminhada mudou o percurso e foi em direção ao Centro, na imediações do Ticen, onde ocorreram diversos atos e diálogo com a população. O protesto foi pacífico.

(Foto: Karollayne Rosa / DC)

A caminhada foi puxada por um grupo levando um caixão com a bandeira nacional, simbolizando "cortejo fúnebre do Brasil". A PM acompanhou o protesto.

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(Foto: Karollayne Rosa / DC)

Em contraste com o verde amarelo do Desfile da Independência, a maioria dos participantes do protesto usava roupas pretas. Logo no início da concentração foi possível perceber integrantes do centro Acadêmico de Química da UFSC, do Sintrasem e do PcdoB. Em seguida chegaram pessoas ligadas à ocupação Marielle Franco. Também marcou presença a ex-senadora catarinense Ideli Salvatti (PT). Pouco antes de começar a caminhada, chegaram ainda integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens, que é parte da Via Campesina.

(Foto: Gabriel Lain / DC)

Andrei Santiago, do DCE da UFSC, destacou a força do movimento no país.

— O grito dos excluídos acontece no Brasil inteiro, e é muito forte no Nordeste. Consiste justamente em criar uma contranarrativa sobre o que está acontecendo no país — explicou.

Ana Júlia, do movimento Grito dos Excluídos, chamou atenção para as dificuldades na UFSC com os cortes de verbas federais.

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— Temos que defender a soberania nacional. Defender a educação, a saúde e as empresas públicas. É isso que temos que explicar para o povo, para que o povo entenda. Os estudantes devem chamar a greve e parar a universidade. Por que é essa juventude que vai ficar sem estudo — disse Ana.

(Foto: Karollayne Rosa / DC)

Próximos passos

José Maria Pego, que integra o Sindicato dos Correios, disse que a expectativa para próxima semana é de paralisar as atividades na estatal. A greve seria motivada por impasse salarial.

— Estamos há dois meses em campanha salarial e o governo não quer negociar com os trabalhadores. Estaremos em greve, sim. E somos contra a privatização — explicou.

Além disso, durante o protesto na Capital houve conversa sobre possibilidade de greve na UFSC durante a próxima semana, mas ainda sem nenhuma informação concreta. Uma das possibilidades seria definir a paralisação em uma assembleia.

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Entre outras pautas que surgiram, manifestantes abordaram o caso de uma casa de passagem indígena que teria sido depredada. Falaram ainda sobre uma conferência municipal de habitação, prevista para manhã do próximo sábado (14).

Protesto em outras cidades de SC

Além de Florianópolis, houve manifestação neste sábado (9) em Joinville e Chapecó.

Na maior cidade do Norte catarinense, o protesto contra o governo Bolsonaro ocorreu no próprio desfile cívico, na avenida Beira Rio. Os manifestantes foram os últimos a desfilar. Apesar de algumas vaias, não houve incidentes.

No Oeste do Estado o protesto também ocorreu junto ao desfile cívico. Manifestantes ocuparam a Avenida Getúlio Vargas, no Centro de Chapecó. Os atos também foram pacíficos, segundo informações do G1/SC.

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Manifestação na Capital:

(Foto: Gabriel Lain / DC)
(Foto: Gabriel Lain / DC)

Protesto em Joinville:

(Foto: Gabriela Florêncio / AN)

Manifestação em Chapecó:

(Foto: Allan Borges/NSC TV)

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