À medida que os Jogos Olímpicos se aproximam do encerramento, também começa a despertar aquele sentimento de frustração e saudade com o fim do maior evento esportivo do mundo. Embora Paris 2024 já tenha ficado para a história, também evidenciou muitos problemas que iniciaram antes mesmo da Cerimônia de Abertura e que poderiam ter sido evitados.

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E foram muitos problemas claramente perceptíveis — dos furtos à escolha do Rio Sena para realização de provas, assim como polêmicas em torno da festa de abertura. O NSC Total faz uma lista dos principais transtornos abaixo. 

Grades por tudo 

Para realizar a primeira Cerimônia de Abertura longe de um estádio, os órgãos públicos montaram uma verdadeira operação de guerra. As áreas centrais e próximas dos pontos turísticos foram isoladas por um labirinto de cercas de metal, sendo necessário apresentar ingresso para entrada nessas áreas ou um complicado QR Code de segurança. 

Na prática, no entanto, a cidade se tornou trancada, com dificuldade para locomoção e boa parte das linhas de metrô fechadas. Somado a isso, quem tinha ingresso enfrentou longas filas e terreno enlameado pela chuva torrencial. 

Paris teve toda a região central bloqueada por grades durante a Cerimônia de Abertura (Diego Guichard/NSC Total)

Os parisienses que foram sorteados com bilhetes obtiveram entradas para o espaço com pouca visibilidade para ver a passagem dos barcos de cada equipe pelo rio Sena. Já os que compraram entradas somente conseguiram assistir parte da cerimônia. Isso porque a festa claramente foi projetada para encantar o público pela televisão e valorizar os principais pontos turísticos da cidade.

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Sena poluído 

O Rio Sena foi um caso à parte nesta Olimpíada. O investimento na limpeza do icônico rio custou 1,4 bilhão de euros (R$ 8,58 milhões) aos cofres públicos, desde 2006. E, mesmo assim, houve muitos problemas. Devido à má condição da água, os treinamentos de natação do triatlo foram cancelados, enquanto as provas foram adiadas e confirmadas somente horas antes da realização. 

— Não podem nos tratar assim. Tiveram muitos anos para preparar isso bem e ter alternativas. A Federação Internacional tem que melhorar muitíssimo — afirmou a atleta espanhola Anna Godoy, 17ª na prova.

Mas as questões envolvendo o Sena extrapolaram o adiamento de provas. A Bélgica não participou da prova mista, realizada em 5 de agosto, após a atleta Claire Michel ter ficado doente. Já os portugueses Vasco Vilaça e Melanie Santos desenvolveram quadro de infecção gastrointestinal após a prova mista.  

Muitas reclamações da vila 

A Vila Olímpica também se tornou um capítulo e tanto. Uma onda de furtos foi denunciada por atletas, conforme divulgado pela organização na quinta-feira (1). Um jogador japonês de rúgbi teve pertences e dinheiro roubados de seu quarto. O técnico da seleção argentina Javier Mascherano também relatou furtos no mesmo local. 

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Fora isso, o calor. Sem ar-condicionado para beneficiar o meio-ambiente — a Olimpíada teve toda uma preocupação sustentável — os atletas sofreram em seus quartos em meio a uma onda de calor que assolou Paris e chegou a fazer 37ºC, mas com sensação térmica superior.

O que fazer para escapar do calor no quarto? Campeão olímpico dos 100m costas, o italiano Thomas Ceccon optou por dormir no gramado da Vila Olímpica, em cena que viralizou nas redes sociais. Para contornar isso, alguns comitês olímpicos pagaram do próprio bolso para instalar aparelhos nos quartos. 

Também houve reclamações dos atletas pela falta de cortinas, o que tirava a privacidade, além do colchão duro. A ginasta americana Simone Biles, por exemplo, postou nas redes sociais que a cama era “horrível”. 

Vermes na comida

Já o nadador Adam Peaty, da Grã-Bretanha, disparou sobre a qualidade da comida. Segundo ele, os atletas tinham poucas opções e longas filas para se servir, além de terem encontrado vermes na refeição. 

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— O serviço não é bom o suficiente para o nível no qual os atletas devem performar. Precisamos dar o nosso melhor. Em Tóquio a comida era incrível. No Rio era incrível. Mas desta vez? Não há opções de proteínas suficientes, há longas filas, temos que esperar 30 minutos por comida — contou Peaty, em entrevista ao jornal “The I”.

Hotel de Ville abrigou a maior fan fest de Paris (Diego Guichard/NSC Total)

E um último adendo: com locais de provas espalhados por todos os cantos da capital francesa, faltou um conglomerado para conectar os torcedores e turistas. O mais próximo a isso foi o Hotel de Ville, que recebeu a maior fan fest de Paris.

O Parque Olímpico da Rio-2016, por exemplo, se tornava uma atração à parte, com as quadras próximas, fan fest, praça de alimentação e outras atrações quase como se fosse uma estrutura para shows. 

*Diego Guichard é correspondente da NSC em Paris

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