Quando tinha 17 anos, Fábio Caldieraro estava disputando uma vaga para jogar no Grêmio, mas um acidente de moto interrompeu seu grande sonho, ser jogador de futebol: “Entendi que não era pra ser. Naquele momento eu pedi pra Deus que me desse um filho que quisesse ser jogador. E não é que ele me deu dois de uma só vez!”

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São eles os gêmeos Pedro Henrique e João Vitor, 13 anos, que hoje estão despontando na base do Figueirense. É uma dupla ambidestra, já que o João é ponta-esquerda e o Pedro, meia-direita. Em menos de um ano no clube do Estreito, já levantaram caneco. No dia 23 de dezembro, os irmãos foram campeões invictos da Copa Verde Vale, em Antônio Carlos, com a final sobre o rival Avaí.

— Quando eles tinham seis meses, o pai comprou a primeira bola. Eles estavam no mesmo berço e vimos algo diferente: em vez de eles erguerem as mãos, como toda a criança faz, eles brincaram com os pés — lembra a mãe, Adriana Fagundes, 41 anos.

A família é de Canoas, na Grande Porto Alegre, e teve que vir às pressas para Florianópolis quando os filhos passaram no peneirão do Figueira. Os dois começaram a jornada no São José, time de bairro da capital gaúcha. Depois foram para o Grêmio, assim como o pai. No entanto, não tiveram chances no time A e preferiram ser protagonistas no Novo Hamburgo, clube campeão gaúcho de 2017.

Nesse período, fizeram dois testes no Avaí, mas não passaram, segundo o pai, por causa do tamanho e do condicionamento físico abaixo do esperado.

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O professor, no entanto, elogiou muito a técnica dos moleques. Alguns meses depois, esse mesmo professor foi trabalhar no Figueira e convidou os meninos para um teste. E aí tudo mudou na vida da família Caldieraro.

Tudo pelos filhos

Fábio, de 40 anos, trabalhava como motorista de van, e a Adriana era produtora de eventos no Rio Grande do Sul. O casal deixou as atividades para trás e alugou uma casa, às pressas, em Palhoça, para ficar perto do Centro de Treinamento do Cambirela, onde os meninos treinam e fazem as principais refeições. A família está apostando todas as fichas no futuro dos gêmeos e se vira como pode para gerar renda por aqui: o pai faz corridas por aplicativo, e a mãe vende doces na praia. Para os pequenos atletas, o esforço está valendo a pena.

— No Grêmio a gente não tinha oportunidade, e aqui finalmente a gente está tendo — compara João Vitor.

— Tem amistoso todo sábado. Lá a gente não jogava muito, ficava mais no banco. Aqui a gente está no time de verdade — comemora Pedro Henrique.

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A decoração do quarto dos meninos deixa à mostra as primeiras vitórias da carreira. Na parede estão dezenas de medalhas, troféus e recortes de jornais que noticiaram as conquistas dos dois.

Dizem que esta página da Hora também irá para a parede, ao mesmo tempo em que marca um novo ciclo na vida dos gêmeos.

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