A promotoria anunciou que pedirá a condenação dos cinco réus, entre eles os líderes da facção que comanda crimes dentro e fora de presídios, no júri popular pelo assassinato da agente penitenciária Deise Alves, 30 anos, nesta terça-feira, em São José. Serão três promotores na acusação em um julgamento que envolverá grande quantidade de policiais militares na segurança do Fórum, a partir das 8h.

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A promotora de São José Letícia Baumgarten Filomeno contará com o apoio de dois colegas promotores: Alexandre Carrinho Muniz e Márcio Cota, do grupo de júri do Ministério Público. As razões são a complexidade do caso e a quantidade de réus, mas nos bastidores a própria questão da segurança estaria sendo levada em consideração. Quatro dos cinco acusados são integrantes do chamado 1º ministério do Primeiro Grupo Catarinense (PGC), ou seja, são os bandidos chefes da quadrilha que desde 2012 provocou quatro ondas de atentados a ônibus e a unidades policiais em Santa Catarina.

— Vamos atuar para que todos sejam condenados por todos os crimes. Há provas no processo para condenar os cinco. A ordem para o homicídio saiu do 1º ministério do PGC e foi o Marciano quem atirou na Deise e foi baleado por ela — antecipou o promotor Márcio Cota.

A previsão é que o júri se estenda até quarta-feira. Nesta terça-feira, a expectativa é que sejam ouvidas as dez testemunhas (cinco de acusação e cinco de defesa) e os cinco réus. Entre as testemunhas estão os delegados da Deic, Rodrigo Green e Ana Cláudia Pires e o ex-diretor da Penitenciária de São Pedro de Alcântara e marido de Deise, Carlos Alves. Uma das testemunhas é protegida, ou seja, será ouvida em sigilo.

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Se os depoimentos se alongarem, os debates entre acusação e defesa — previstos para até 2h30min para cada parte — devem ficar para a quarta-feira. Na réplica e tréplica, o tempo será de até duas horas para cada parte. A defesa dos réus será formada por quatro advogados.

Os réus chefes da facção são Evandro Sérgio da Silva (Nego Evandro), Rudinei do Prado (Derru), Adílio Ferreira (Cartucho) e Gian Carlos Kazmirski (Jango). Eles estavam em presídios federais e foram trazidos ao Estado para o julgamento — estão na Penitenciária de São Pedro de Alcântara.

Os quatro respondem pelo homicídio qualificado com duas agravantes (motivo torpe e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima) e associação criminosa. A pena a que estão sujeitos chega a 33 anos de prisão. O quinto réu é Marciano Carvalho, acusado de atirar em Deise, que responde em liberdade pelo homicídio.

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O julgamento será presidido pela juíza Marivone Koncikoski Abreu. A assessoria dela informou que haverá distribuição de senhas para o público acessar o salão de júris com capacidade para 160 pessoas.

Operação contra resgates e atentados

A Polícia Militar mobilizará dezenas de policiais para garantir a segurança do lado externo e interno do Fórum. Haverá PMs do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Choque e 7º Batalhão de São José. A coordenação será da 11ª Região e 7º Batalhão.

A operação já começará nesta segunda-feira à noite com a preparação do ambiente e varredura do local. O objetivo é evitar tentativa de resgate dos presos, atentados e garantir a ordem caso ocorram manifestações ou tumultos.

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Aos 30 anos, Deise foi morta a tiros na noite de 26 de outubro de 2012 ao chegar em casa, no bairro Roçado. A Polícia Civil apurou que na verdade o alvo dos bandidos era o marido dela, o então diretor da Penitenciária de São Pedro de Alcântara, Carlos Alves.

Segundo a polícia e o Ministério Público, os chefes da facção ordenaram a execução em razão do corte de regalias que Carlos liderava na penitenciária, conhecida como quartel-general porque abrigava os principais líderes.

Após o assassinato, houve uma onda de violência nas ruas, quando os criminosos da facção ordenaram atentados em Santa Catarina, em novembro daquele ano e fevereiro de 2013. Os chefes então foram transferidos para presídios federais.

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Líderes de facção vão a júri popular por morte de agente penitenciária

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