Guilherme Jockyman, de 31 anos, foi morto a tiros por policiais militares, na manhã de quinta-feira (17), no bairro Rio Vermelho, em Florianópolis. O homem estava tendo um surto na Servidão Maringá, nas proximidades da casa onde vivia com os pais. A Polícia Militar (PM) afirma que ele teria “investido contra a guarnição”, mas a família nega. O 1º Comando Regional da PM instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias que envolveram o atendimento da ocorrência.
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Em nota, a PM diz que foi acionada para dar apoio ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A equipe médica havia sido chamado pela família após o homem ter um surto, por volta das 5h da manhã, mas teria enfrentado “dificuldades” no atendimento e foi “recebida a pedradas”, ainda conforme a versão da PM. O homem estava com duas facas na mão, segundo os policiais.
Os tiros teriam ocorrido momentos após os policiais chegarem, enquanto eles ainda estavam dentro da viatura. Guilherme foi baleado na região do peito. Ele chegou a ser atendido por socorristas no local, mas não resistiu.
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Família nega que homem estava agressivo
A família nega a versão dos policiais. O irmão da vítima, Arthur Jockyman, diz que Guilherme não havia agredido ninguém e que estava apenas atentando contra a própria vida, em um surto depressivo. Os familiares afirmam que ele não atirou pedras no Samu e que a PM foi acionada porque ele havia recusado atendimento médico.
Segundo a família, os policiais chegaram e derrubaram Guilherme com o carro. Quando ele se levantou, pediram para botar a mão na cabeça e se abaixar. O homem não teria atendido o comando e caminhou em direção aos policiais.
— No mesmo instante, a PM efetuou os dois disparos contra o peito do meu irmão. A PM simplesmente chegou e atirou — diz Arthur, que tem 23 anos.
Arthur também critica o fato de os policiais terem atirado no peito do irmão. Segundo ele, a atitude foi “para matar”, e não para imobilizar a vítima.
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— Um vizinho ouviu um PM falando: “morava no Rio Vermelho, queria que fosse como?”. Minha mãe escutou um PM falando para ela que a culpa do que tinha acontecido era dela, que não cuidou do próprio filho. Ela tá muito comovida. É muito triste essa situação, de ter um filho assassinado por quem poderia ter ajudado, sabe? Quem foi chamado para ajudar — lamenta Arthur.
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Câmera de segurança registrou a chegada da PM
Imagens da câmera de segurança mostram a ambulância do Samu estacionando na rua, em frente à casa de um vizinho, às 5h55min da manhã. Sete minutos depois, chega a viatura da PM. Ouve-se gritos de Guilherme dizendo “não boto, p*rra!”, e depois policiais gritando “não corre, vagabundo”. Em seguida, há barulhos graves.
— Foi uma abordagem bem breve e imprudente. Não precisavam ter feito isso — disse o vizinho, que não quis se identificar.
Veja a nota do 21º Batalhão de Polícia Militar
1 – A Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC), através do 21º Batalhão de Polícia Militar (BPM), atendeu na manhã desta quinta-feira, 17, no bairro Rio Vermelho, em Florianópolis, uma ocorrência para prestar apoio ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) em uma situação envolvendo um homem em surto psicótico.
2 – Durante a primeira tentativa de atendimento, a equipe do SAMU enfrentou dificuldades, sendo recebida com pedradas. Diante da situação crítica, foi solicitado apoio policial para garantir a segurança da equipe e possibilitar um atendimento adequado.
3 – Informações preliminares indicam que o homem em surto, estaria de posse de duas armas branca (faca) e, no momento da abordagem, teria investido contra a guarnição policial militar, tendo sido empregado o uso de força letal, resultando no seu óbito.
4- O 1º Comando Regional de Polícia Militar instaurou um Inquérito Policial Militar para apurar as circunstâncias que envolveram o atendimento da ocorrência.
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O que diz a Polícia Civil e o Samu
A Delegacia de Homicídios da Polícia Civil iniciou investigações sobre o caso. Segundo o delegado Ênio Matos, as apurações confirmam a versão da PM.
Procurado pelo NSC Total, o Samu não informou se Guilherme estava agressivo durante o atendimento. “Por conta do sigilo médico, nós não repassamos informações sobre os pacientes”, declarou a Secretaria Municipal de Saúde, responsável pelo serviço.
Quem era Guilherme Jockyman
Natural do Rio Grande do Sul, Guilherme Jockyman vivia desde 2022 com os pais, no Rio Vermelho. Ele havia feito aniversário na quarta-feira (16). Segundo Arthur, o irmão tinha depressão severa.
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— O Guilherme era uma pessoa fora de série. Como um bom gaúcho, adorava cavalos, desde pequeno. Ele era uma pessoa que tava sempre com a família, sempre queria fazer um churrasco, uma comida, tava sempre querendo inventar alguma coisa. Foi um companheiro muito, muito bom pra família toda, tava sempre querendo essa integração da família. Acho que esse é o maior legado que ele deixa — diz o Arthur.
Guilherme estava sem trabalhar. Segundo Arthur, a última experiência profissional do irmão havia sido como bancário. Ele deixa uma filha de cinco anos, que vivia com a mãe.
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