Entre os 24 alvos da Operação Leviathan suspeitos de integrar a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) está um homem que se passava por advogado em Joinville. Ele teve a prisão preventiva decretada por supostamente assessorar o bando em atividades ilícitas, conforme o delegado da Divisão de Investigações Criminais (DIC), João Adolpho Fleury Castilho.

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O homem, que não teve a identidade divulgada pela Polícia Civil, trabalha em um escritório local. O delegado afirma que que ele se passava por advogado, quando na realidade não possui o registro na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

— Ele está diretamente ligado à organização criminosa e não é por prestar auxílio jurídico — disse o delegado, sem revelar os detalhes que o incriminariam.

Esse perfil de preso destoa dos demais, a maioria de escolaridade baixa envolvido com o crime organizado pela rentabilidade proporcionada pelo tráfico de drogas.

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Embora sejam faccionados do PCC, quadrilha que age de dentro de presídios com comandos em São Paulo, os presos em Joinville são catarinenses. Segundo a DIC, são rivais do Primeiro Grupo Catarinense (PGC), facção que tenta eliminar desafetos para o controle de pontos de drogas.

Além do Jardim Paraíso, foram cumpridas buscas e apreensões em endereços nos bairros Aventureiro, Iririú, Vila Nova, Parque Guarani, Morro do Meio e Bom Retiro. A polícia não divulgou nomes dos presos.

Numa casa no Jardim Paraíso, os policiais também procuravam autores de um assalto à casa de um agente penitenciário em agosto, em Joinville. Um moletom do servidor foi encontrado e dois suspeitos levados para a delegacia. Pelas ruas do bairro, havia muros de pichadas com as siglas da facção. Os presos disseram à polícia serem inocentes e negaram envolvimento. À reportagem, nenhum quis se pronunciar. Ao serem apresentados pela polícia, apenas um deles gritou que ainda contava com a chegada do seu advogado para a defesa.

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Crimes de dentro das cadeias

Além dos suspeitos nas ruas, a Polícia Civil afirma que monitorou e conseguiu indícios de crimes cometidos por detentos de dentro do Presídio e da Penitenciária de Joinville com a facção, assegurou o delegado Fleury. Os seis detentos foram levados para a sede da DIC, no Boa Vista, para procedimentos policiais e depois retornariam à prisão.

Entrevista: João Adolpho Fleury Castilho, delegado

“Infelizmente SC sofre do mesmo mal”

Delegado João Fleury
Delegado João Fleury (Foto: Marco Favero / Agência RBS)

Qual o perfil dos presos envolvidos em facções?

Todos os presos na data de hoje são pessoas periculosas, que estavam envolvidas diretamente com os fatos ligados desde o início do ano até a presente data. Todos são de escolaridade bem baixa.

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São de Joinville ou de outros Estados?

São pessoas de Joinville. Lembrando que dentre os presos existe até uma pessoa que possui nível superior que se passava por um advogado, motivo pelo qual ele foi preso e houve a comprovação que está envolvido diretamente com as organizações criminosas.

Qual era o papel exercido por esse suposto advogado?

Não vou divulgar maiores detalhes, mas ele prestava uma assessoria e inclusive foi apurado uma possível transmissão de recados entre presos e soltos.

Por que o envolvimento de catarinenses com a facção de São Paulo?

Existem facções que agem no Brasil todo e infelizmente o Estado de Santa Catarina também sofre do mesmo mal.

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Como é a arrecadação, a sobrevivência dos criminosos faccionados?

A maioria tráfico de drogas, tráfico de armas, roubos, sequestros e até mesmo a lavagem de dinheiro.

Sobre os crimes bárbaros registrados em Joinville (mortes de adolescentes e mulheres) estão todos ligados a facções ou há passionais também?

O que eu pude observar nas investigações de facções criminosas é que grande parte dos delitos que ocorreram no início e metade do ano estavam diretamente ligado com essa guerra urbana que foi travada entre as duas facções criminosas (PCC e PGC).

As prisões de hoje repercutem no crime organizado com atuação estadual?

Com certeza é um duro golpe e repercute nas organizações criminosas no Estado como um todo. Esperamos ter redução de homicídios.

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