Joinville é destaque nacional na geração de empregos absolutos entre os meses de janeiro e outubro de 2017, período em que registrou 70.398 contratações e 63.378 desligamentos. O saldo positivo de 7.020 novos postos de trabalho coloca a cidade catarinense na segunda posição no ranking de municípios com maior abertura de vagas no ano – a liderança é de São Paulo, que criou 14.884 empregos, de acordo com o Ministério do Trabalho.

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O resultado demonstra recuperação, ainda contida, de parte do resultado negativo acumulado nos últimos dois anos, quando houve fechamento de 13.256 vagas em Joinville. A retomada nos espaços de trabalho ficou mais evidente em outubro, mês do último levantamento feito pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em que o bom desempenho contabilizou 1.066 vagas criadas. Com o incremento nos números, a cidade ultrapassou a cidade de Goiânia, hoje terceira colocada na geração de vagas no ano.

2015 teve o pior resultado em 15 anos de balanço

A alta joinvilense no saldo de empregos é movida, principalmente, pela área de serviços, que contabilizou a abertura de 3.461 vagas nos 10 primeiros meses do ano. Na sequência, aparecem a indústria de transformação e o comércio, responsáveis, respectivamente, por 2.681 e 514 novas posições no mercado.

O resultado é o oposto do verificado de janeiro a outubro de 2015, quando os setores do comércio e da indústria da transformação registraram as maiores perdas, de 960 e 6.982 postos. No balanço anual, a performance negativa foi ainda mais brusca, com 10,4 mil empregos perdidos (no geral) e o pior desempenho em mais de 15 anos. No ano passado, o mercado nos dois setores continuou retraído, com fechamento de 559 e 786 posições formais.

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A área de serviços também acumulou resultados negativos e fechou 999 cargos nos dois anos.

Setor de serviços puxa números da alta joinvilense registrada no ano

O centenário Hospital Dona Helena, por exemplo, apresentou um ganho no quadro de funcionários nos últimos meses puxado justamente pelo setor de serviços. Com mais de 1,1 mil empregados entre fixos e terceirizados, a unidade contabiliza em torno de 20 a 25 vagas de reposição por mês. Outras 20 novas foram criadas recentemente.

De acordo com José Tadeu Chechi, gerente administrativo da instituição, com a abertura de novos consultórios e clínicas no hospital em 2018, a projeção é de que as contratações continuem para atender a demandas de diversas áreas, como recepção, limpeza e enfermagem. Durante a recessão, o hospital também conseguiu manter o quadro estável e aponta cerca de 70 a 80 promoções de cargo anuais.

— Tanto a manutenção quanto a admissão de novos colaboradores são planejadas ao longo do ano. Entendemos que há um viés de alta nas contratações, mas no ano que vem teremos uma série de movimentações políticas e não se sabe como isso vai impactar a área da saúde. Temos perspectiva de oferecer novos serviços e existe previsão de contratação, só que a velocidade com que isso vai acontecer vai depender do cenário econômico do país — sinaliza.

Alívio por voltar ao mercado após meses de procura

O técnico de enfermagem Warton Burzichelli, de 33 anos, completou o período de experiência no dia 4 de dezembro. Antes de conquistar a vaga, chegou a ficar cinco meses desempregado. Ele e 23 ex-colegas foram dispensados da empresa onde trabalhavam por causa do fechamento do setor no primeiro semestre. A maioria ainda busca a recolocação no mercado.

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— Em casa, somos eu, minha mulher e a filha. Então o baque nas contas era grande enquanto estive desempregado. Acabamos reduzindo muitas coisas. Mas aprendemos a lidar com a situação — avalia.

Com a volta ao trabalho, o técnico também pretende retomar o curso de enfermagem, trancado em janeiro, para se manter atualizado. A qualificação profissional também é a aposta de Valter da Conceição Faria Junior, 26 anos, contratado pela unidade hospitalar no mesmo dia que Warton. Ele realiza treinamentos na área como técnico de enfermagem e cursa faculdade de Direito.

Ele perdeu o emprego em outro estabelecimento após vencer o contrato como temporário e ficou dois meses fora do mercado. Tempo suficiente, garante, para sentir medo e alívio.

— É angustiante porque a gente tem medo de não conseguir, porque, por mais que você esteja qualificado e seja capaz de exercer aquela função, a concorrência é muito grande. Um item pode ser o suficiente para você não entrar na vaga. E quando se conquista o posto, é gratificante saber que conseguiu preencher o que eles esperam e é também um reconhecimento — aponta Valter.

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Indústria volta, aos poucos, a preencher os postos de trabalho

O fôlego também recomeça aos poucos na indústria de Joinville. Com 9.544 vagas a menos em 2015 e 2016, o setor de transformação reduziu as perdas e abriu 2.681 postos neste ano. O movimento ainda é tímido, mas acontece em empresas de grande porte, como a Krona Tubos e Conexões, a Pollux Automation e a Schulz, por exemplo.

Com um grande desligamento registrado em maio por causa da economia, a Krona conseguiu retomar o quadro de funcionários em outubro e, em novembro, voltou a apresentar resultados acima do orçado nas contratações. A empresa conta com mais de 1,3 mil colaboradores que produzem cerca de 30 milhões de peças por ano. A maior demanda está na área de produção, com quatro candidatos entrevistados para uma vaga.

Uma delas foi reconquistada por Sidnei Schubert, de 47 anos, meses depois de ter sido desligado durante o corte feito pela fábrica. Antes temporário, agora Sidnei voltou como funcionário fixo da unidade e faz qualificação ofertada pela empresa no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Pai de três crianças, de dois, sete e dez anos, ele destaca que trabalhou fazendo bicos para ajudar em casa e permaneceu confiante na recontratação.

— Nesse tempo, não cheguei a ficar parado. Fiz serviço de pedreiro, lavação de carro, mas eu sabia que as condições iriam melhorar. Já tinha encontrado um trabalho, mas assim que eles me ligaram, eu voltei — explica.

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Tendência é de que novas vagas continuem a surgir

De acordo com o superintendente administrativo-financeiro da Krona, Fernando Pedro de Oliveira, o preenchimento de vagas tende a continuar.

– As contratações serão vinculadas ao quadro econômico e nós estamos colocando no orçamento as contratações, acreditando que, em 2018, o mercado será retomado gradativamente. Lembrando que é um otimismo moderado – salienta.

O bom desempenho no ano também representou um acréscimo de 15% no número de funcionários da Schulz S.A. Foram 451 contratações. Conforme o presidente da companhia, Ovandi Rosenstock, a posição mercadológica da empresa nos mercados interno e externo melhorou, permitindo ainda que o trabalho voltasse a ser realizado em dois turnos completos, desde outubro.

Um terceiro exemplo bem-sucedido no mercado de trabalho joinvilense é a Pollux Automation, que efetuou 38 admissões entre janeiro e outubro. Desse total, 10 foram de reposição e 28 novas vagas. De acordo com a gerente de RH da empresa, Andrea Delaplata, até o início deste mês, pelo menos outras cinco vagas estavam em aberto para áreas de projetos, gerência, análise e recepção. A perspectiva é de crescimento para o ano que vem, principalmente nos quadros de engenharia, software e robótica.

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