O que era uma disputa comercial entre dois grandes grupos catarinenses pelo mercado de shoppings do Sul do Estado se transformou numa guerra de bastidores e denúncias. Três documentos da Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma), com diferença de 23 dias entre eles, estão no centro do tiroteio.
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O primeiro, assinado pelo gerente de Desenvolvimento da Fatma em Criciúma, Alexandre Guimarães, pede à Fundação do Meio Ambiente de Criciúma (Famcri) que suspenda a Licença Ambiental Prévia e se abstenha de emitir a Licença Ambiental de Instalação ao empreendimento Parque Shopping Criciúma.
Ele leva em conta embargo anterior feito pela Fatma, vistoria in loco dos técnicos e imagens aéreas as quais indicam a presença de nascentes e cursos de água no local onde seria erguido o empreendimento. Nele, Guimarães afirma que solicitará participação de geólogo e geógrafa para o caso.
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O segundo documento, assinado 19 dias depois pelo analista técnico da Fatma em gestão ambiental Ramon Meller Citadin sugere o cancelamento do embargo. Alega “inúmeras atividades dos técnicos da fundação bem como o número reduzido destes servidores” para dispensar o empreendimento da análise de geólogo e geógrafo. Quatro dias depois, a medida é encaminhada num terceiro documento assinado por Guimarães.
Esses documentos têm como pano de fundo a guerra entre dois grandes empreendedores que disputam um mercado regional de cerca de 800 mil consumidores e que tem como polo principal a cidade de Criciúma, sul de SC.
Um dos grupos pertence ao empresário Jaimes Almeida, da construtora Almeida Jr, que tem shoppings em outras cidades catarinenses. O outro tem à frente o Grupo Angeloni, conhecido como a maior rede de supermercados de SC e que se associou ao Partage, de São Paulo, para erguer o Parque Shopping Criciúma.
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O Angeloni obteve o primeiro aval para o empreendimento em dezembro de 2012 com o alvará de licença para construir o shopping dado pela prefeitura. Em outubro de 2013 obteve a Licença Ambiental Prévia da Fundação do Meio Ambiente de Criciúma (Famcri) e no último dia 13 de dezembro obteve a autorização para iniciar as obras.
No dia 8 de janeiro, o Shopping das Nações da Almeida Júnior foi proibido pela Famcri de começar as obras do empreendimento e notificado a apresentar laudo geológico da área em 30 dias. Um dia antes, em 7 de janeiro, o grupo Almeida Júnior havia anunciado a construção de um shopping em Porto Alegre.
Governador está ciente do caso
O mais novo round dessa batalha já chegou ao gabinete do governador Raimundo Colombo, que pediu apuração imediata pelo presidente da Fatma, Gean Loureiro. O governador teria telefonado para Gean no meio da semana passada e solicitado prioridade máxima na apuração.
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Procurado ontem pelo DC, o presidente da Fatma, Gean Loureiro, disse que mandou uma equipe de Florianópolis composta por dois engenheiros sanitaristas e um geógrafo na sexta-feira ao local do empreendimento, em Criciúma.
Gean afirma que a defesa administrativa do empreendedor feita por geólogo é que embasou a decisão de levantar o embargo e repassar a competência para a Famcri. Gean atribui a polêmica à visão do empresário Jaimes Almeida, pois não vê motivo para controvérsias.
A equipe de Florianópolis, segundo Gean, não detectou nascente no local da obra ou outra irregularidade que pudesse gerar novo embargo. Até amanhã, a Fatma ainda fará um documento conclusivo a respeito por um geólogo. A Fatma disse que o prazo poderá ser maior se o geólogo precisar de mais trabalho em cima da análise.
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