A justiça, a segurança pública e o sistema prisional serão mobilizados na terça-feira para o julgamento dos acusados do assassinato da agente penitenciária Deise Alves, há quatro anos, em São José, na Grande Florianópolis. Além do reforço de policiais no Fórum, o júri popular deverá ser marcado por longos trabalhos que podem durar até dois dias até a sentença.
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Aos 30 anos, Deise foi morta a tiros na noite de 26 de outubro ao chegar em casa, no bairro Roçado. A Polícia Civil apurou que na verdade o alvo dos bandidos era o marido dela, o então diretor da Penitenciária de São Pedro de Alcântara, Carlos Alves.Segundo a polícia e o Ministério Público, os chefes da facção Primeiro Grupo Catarinense (PGC) ordenaram a execução em razão do corte de regalias que Carlos liderava na penitenciária, conhecida como quartel-general porque abrigava os principais líderes.
Após o assassinato, houve uma onda de violência nas ruas, quando os criminosos da facção ordenaram atentados em Santa Catarina, em novembro daquele ano e fevereiro de 2013. Os chefes então foram transferidos para presídios federais.
O julgamento será presidido pela juíza Marivone Koncikoski Abreu. Pela acusação, o Ministério Público designou quatro promotores. Os acusados como mandantes da morte e chefes da facção são Evandro Sérgio da Silva (Nego Evandro), Rudinei do Prado (Derru), Adílio Ferreira (Cartucho) e Gian Carlos Kazmirski (Jango). Eles também serão julgados por associação criminosa. Também será levado a júri popular pelo homicídio Marciano Carvalho, que responde em liberdade acusado de atirar em Deise e que nega participação na morte.
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No mesmo dia em que a agente morreu, Marciano procurou tratamento médico no hospital Celso Ramos por ter levado um tiro na perna. Na polícia, revelou que teria sofrido um disparo perto de casa, em São José, por desconhecidos. Para a Deic, a versão real é outra: Marciano levou o tiro de Deise, quando esta reagiu e o acertou depois se ser baleada.
A Polícia Militar cuidará do reforço da segurança na parte externa e interna do Fórum, além de auxiliar o Departamento de Administração Prisional (Deap) na escolta dos presos, que virão de presídios federais.
“Será mais um dia doloroso, sofrido”
Em seu perfil na rede social, o ex-diretor Carlos Alves publicou na semana passada um depoimento emocionado sobre a expectativa do julgamento.
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“Para nós da família que sofremos com a dor da perda de uma pessoa muito especial, com a ação e certeza da impunidade por parte de criminosos que estão destruindo o mundo em que vivemos, será mais um dia doloroso, sofrido e que nos remeterá aquele dia 26/10/2012, que certamente foi o mais triste e desesperador da minha vida até o momento”, escreveu Carlos.
Ele também relatou o que entende ter sido o motivo do crime:
“Apenas por estarem desconfortáveis com o combate à está m. de facção criminosa que vinha perdendo poder, dinheiro e espaço nos desmandos dentro da cadeia, que estavam sendo postos em seu lugar, por não poderem mais escolher qual agente trabalharia naquele local, (isso mesmo, praticamente faziam a escala do plantão da unidade) porquê não podiam mais ganhar dinheiro com a extorsão a outros presos, nem ganhar dinheiro com o comércio de cigarros, porquê não tinham mais como matar os mais fracos dentro da unidade, por termos agentes mais qualificados fazendo uma vigilância mais atenta e com respostas mais rápidas”.