Após uma longa jornada desde Roraima, 102 venezuelanos chegaram em São José na madrugada desta sexta-feira (21). Eles vieram num avião da Força Aérea até Curitiba e, da capital paranaense, seguiram viagem em ônibus do Exército Brasileiro. Os imigrantes foram recebidos por voluntários na Paróquia Sagrado Coração, no Jardim Cidade de Florianópolis, onde jantaram e depois foram divididos e levados para suas novas moradias.

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O grupo é formado por famílias jovens, com média de duas a três crianças, e pais entre 27 a 35 anos. Ao longo da viagem, eles foram atendidos pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, e aqui em Santa Catarina, contarão com o apoio da Cáritas, entidade humanitária da Igreja Católica que atua em todo mundo.

A maior parte ficará buscará emprego na cidade. Outras vinte pessoas seguiram para Tubarão, no sul do Estado.

Conforme o secretário executivo da ONG em Santa Catarina, Gelson Nezi, através do "Projeto Pana", os venezuelanos vão receber cestas básicas e materiais de higiene pessoal e limpeza. Ele pede a solidariedade dos moradores de São José para ajudar com doações aos estrangeiros, que fugiram de um país que sofre com uma forte crise social e política.

— Todas essas famílias já tem um aluguel social, que a gente está destinando pelo projeto. A ideia é que elas fiquem um tempo abrigado nessas casas até que consigam se integrar à sociedade catarinense e terem autonomia de vida. Esse período vai de um a cinco meses, no máximo. Eles receberão cursos profissionalizantes e de língua portuguesa, o que vai ser muito importante para o mercado de trabalho.

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Gelson informou também que a Cáritas irá promover campanhas de conscientização com a comunidade josefense sobre a questão dos imigrantes venezuelanos, bem como do movimento migratório que acontece na Europa e nos Estados Unidos.

O padre Alceoni Berkenbrock, pároco da paróquia Sagrado Coração, rezou pelos imigrantes quando eles chegaram de viagem. O religioso sabe que eles sofrem com o preconceito, por isso pede apoio da comunidade.

— Nós trabalhamos com moradores de rua, situação que, às vezes, a nossa comunidade no entorno da igreja, nem todos aceitam. A mesma coisa com os irmãos vizinhos venezuelanos. De fato existe isso, o preconceito está aí, pessoas que dizem abertamente que a igreja não deveria se envolver. Por outro lado, a grande maioria se envolve, sim. Esse preconceito é um pecado humano. Esse bairro foi todo formado por gente de fora, são poucas pessoas que nasceram aqui.

O projeto Pana

Esse trabalho é uma parceria entre Cáritas suíça e brasileira e tem o objetivo de contribuir na assistência humanitária e integração dos migrantes em situação de vulnerabilidade. Além de Santa Catarina Rondônia, Roraima, São Paulo, Paraná, Pernambuco e o Distrito Federal também possem centros de acolhidas do Pana.

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O projeto tem duração de um ano e conta com o financiamento de US$ 1.491.083,00. Com este recurso, que é privado, o Pana busca beneficiar 3.500 pessoas no país, sendo 80% destinado aos venezuelanos. Cada região irá acolher, em média, 500 beneficiados sendo 60% dos beneficiados mulheres.

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