“Nós vivemos em uma sociedade que ensina ‘não sejam estupradas’, em vez de dizer ‘não estuprem'”. A frase, de um cartaz da Marcha das Vadias (SlutWalk, em inglês), sintetiza a principal reivindicação do movimento originado em Toronto, no Canadá: reverter a cultura que culpa as vítimas por casos de assédio sexual, um pensamento que desencoraja as mulheres a denunciar os crimes.

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Inspirados na primeira manifestação, São Paulo será palco, neste sábado, da mesma marcha. De acordo com a comunidade no Facebook, mais de 5 mil já confirmaram presença, mas Madô Lopez, idealizadora do evento no Brasil, acredita que pelo menos metade irá de fato às ruas.

A primeira manifestação surgiu como reação a um discurso feito por um policial em um fórum sobre segurança a um grupo de apenas 10 pessoas, em 24 de janeiro, na Universidade de York.

– Me disseram para não falar isso, mas as mulheres devem evitar se vestir como vadias para não se tornarem vítimas – disse Michael Sanguinetti.

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Via Facebook e Twitter, a polêmica tomou grandes proporções. Após a marcha de Toronto, que reuniu cerca de mil pessoas em 3 de abril passado, ocorreram passeatas pelo Canadá e Estados Unidos. Há marchas programadas para África do Sul, Grã-Bretanha, México, entre outros. Na Argentina, a passeata acontece em Buenos Aires no dia 3 de julho.

A marcha de Toronto inspirou a blogueira Madô Lopez, que, como muitas mulheres, já ouviu atrocidades que os homens se orgulham de dizer nas ruas:

– O que me motivou é o fato de que sou mulher e sempre passei por situações desrespeitosas e grosseiras fora de casa pelo simples fato de ser mulher e usar roupas de mulher. Acho que o Brasil é um país extremamente machista e está na hora de começarmos a mudar isso – explicou, lembrando comentários do comediante Rafinha Bastos, sobre mulheres feias que deveriam agradecer pelo estupro.

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Sonya Barnett, uma das fundadoras do movimento, explica o porque do nome – o termo slut pode ser traduzido como “vadia”, “vagabunda” ou “puta”, mas era, na origem, associado à imagem de uma mulher desordeira.

– O policial usou o termo primeiro, então nós decidimos lançá-lo de volta, com nossa própria interpretação. Estamos cansadas de sermos julgadas por nossa sexualidade e de nos sentirmos inseguras por isso.