No Brasil pós-7 a 1, o surgimento de novas ideias é o que mais urgentemente necessita o futebol brasileiro. Algo capaz de ditar uma nova tendência, um caminho diferente, a luz que iluminaria em alguma direção. Difícil imaginar em meio às mesmices da maioria dos treinadores.

Continua depois da publicidade

Leia outros textos do De Fora da Área

Ao abrir mão de ótimos salários transformando os 12 meses de 2014 num ano sabático, Tite chamou para si grande expectativa. Multiplicada após o massacre alemão sobre o time de Luiz Felipe Scolari. Afinal, ele foi capaz de ganhar todos os títulos sonhados pelo Corinthians.

E o fez sem craques, com jogadores nada badalados, calçando sua estratégia em estudo, aplicação, treinamento, disciplina, entrega. Misto de suor e inteligência, força e perspicácia, coração e astúcia. Uma defesa quase intransponível, um ataque que fazia pelo menos o necessário.

Caiu em 2013, quando a retaguarda seguiu funcionando, mas a artilharia pifou. Foram 22 gols em 38 jogos da Série A, dos quais 17 terminaram empatados. No segundo turno, míseros oito tentos em 19 pelejas. O Corinthians não mais o quis e, sim, era a hora de parar.

Continua depois da publicidade

Na prática não parou. Viajou, estudou, conversou, pesquisou, comentou na TV, viu jogos. Em meio ao seu aperfeiçoamento, o futebol brasileiro beijava a lona com os setes murros desferidos pelos germânicos em Belo Horizonte.

Tite era o cara certo para a reconstrução. Como os cartolas da CBF não o chamaram, voltou ao Corinthians. Dele espero mais do que a sólida defesa de 2012/2013. E ela ainda está lá, isso já percebemos logo nos primeiros jogos do ano.

A expectativa em torno do treinador é quanto ao que ele ainda poderá fazer. Defender e atacar bem. Variar o jogo. Atuar com e sem a bola, se reinventar mais vezes. Sinal de vida inteligente num futebol apoiado em bola parada e contra-ataque.

Com o seu Corinthians em boa fase, Tite só recebe elogios. Suas entrevistas se transformaram em algo parecido com palestras motivacionais. Em outros momentos lembram discursos. Ele está seguro. Muito seguro. E não por acaso. Mas ainda é cedo.

Continua depois da publicidade

Ameaça Tite a segurança demasiada que elogios fáceis e exagerados podem provocar. Aquelas palavras generosas que floreiam um time de grande torcida e seu comandante quando em bom momento. Por que elas são tão carinhosas quanto duras são as que vêm quando as coisas não vão bem.