O presidente Jair Bolsonaro (PSL) chamou as manifestações contra o contingenciamento na educação, que ocorreram em diversas cidades na quarta-feira (15), de "movimento do pessoalzinho aí que eu cortei verba".

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A declaração foi dada neste sábado (18), na portaria do Palácio da Alvorada, onde o presidente apareceu trajando sandália, short amarelo e a camisa do segundo uniforme da Seleção Brasileira. Ele cumprimentava 36 estudantes de uma escola privada de São Paulo que, de longe, gritavam:

— Oh, Bolsonaro, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver.

Ao cumprimentar os estudantes, o presidente perguntou espontaneamente a eles sobre as manifestações.

— E este movimento do pessoalzinho aí que eu cortei verba, o que vocês acharam? — indagou Bolsonaro.

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Ao que ouviu de um jovem:

— Um lixo. A gente é estudante de verdade. A gente estuda — respondeu um dos alunos do Colégio Bandeirantes, que, segundo dados coletados pelo Datafolha em 2017, tem mensalidade de mais de R$ 3 mil.

— Contingenciamento — reparou um outro aluno, após o próprio Bolsonaro falar em corte.

Na quinta-feira (16), em Dallas (EUA), depois de uma repórter da Folha de S. Paulo ter se referido ao bloqueio de recursos no orçamento da educação como corte, Bolsonaro disse que o jornal não tinha que contratar "qualquer uma".

Os estudantes do Bandeirantes foram a Brasília para uma atividade da escola. Antes da chegada do presidente, uma das guias do passeio orientou os jovens que, mesmo quem não gostassem do presidente, o respeitassem. Bolsonaro ganhou de presente uma camisa do primeiro uniforme da Seleção.

"Pelo Brasil, tá ok?"

Ao chegar perto dos alunos, o presidente levantou a camisa para mostrar a cicatriz da facada que levou em setembro do ano passado, durante ato de campanha no interior de Minas Gerais.

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Depois de puxar assunto com os alunos sobre as manifestações de quarta-feira (15) em ao menos 170 cidades do país, continuou no assunto.

— É uma minoria que manda na escola. O pessoal fica aí, professor, alguns, oferecendo ponto, facilidades (inaudível) nem sabe o que vai fazer na rua — disse.

Um dos estudantes, então, diz que Bolsonaro teve sua fala distorcida pela imprensa. O mandatário reiterou o que disse nos Estados Unidos, chamando novamente os manifestantes de "idiotas inúteis".

— Em Dallas, eu falei, sim, que uma parte são idiotas úteis. É verdade, ué. É mentira? Meu pessoal esteve na rua ouvindo a molecada. Não sabe de nada. É massa de manobra dos espertalhões de sempre, do pessoal que quer voltar ao poder. Para alguns grupos está difícil a vida, acabou a teta — disse.

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O presidente também relativizou a autonomia dos reitores das universidades federais.

— Universidade, por exemplo, os reitores têm autonomia. Mas, hoje em dia, parece que eles têm, na verdade, autonomia total, soberania. Têm que prestar as contas do que está acontecendo — reclamou.

Sobraram críticas para a qualidade do ensino público no país.

— O currículo escolar não é bom. No meu tempo, na idade de vocês, colégio público era bom. Colégio particular não era bom. Hoje, inverteu o negócio. O colégio particular pago, como regra, é bom. O público, como regra — como regra, antes que a imprensa fale que estou atingindo todo mundo — não é bom — disse.

Saudado como "mito" pelos estudantes, Bolsonaro levou-os para depois da barreira de segurança e fez fotos em grupo e individualmente. Durante cerca de meia hora, cumprimentou também outros turistas, fez fotos com crianças no colo e gravou vídeos a pedido deles.

Críticas à imprensa

O presidente também disse que a imprensa mentiu na sexta-feira (17) ao noticiar a sanção de projeto que isenta partidos de multas por infrações na campanha eleitoral.

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— Não vão botar uma linha do que vou falar aqui, não vão botar nada. Sei que vocês são funcionários, não têm poder junto aos editores. Mas as imprensas (sic) estão dizendo que eu sancionei uma lei ontem para anistiar multas de R$ 60 milhões mais ou menos de partidos políticos. É mentira, eu vetei. Estão dizendo que eu sancionei — disse Bolsonaro.

— É o tempo todo assim, é só mentira. Grande parte da mídia só vive disso. Só desinformando, deturpando, mostrando o contrário do que acontece. A mídia, se fosse isenta no Brasil — existem boas televisões, bons rádios, bons jornais, existem, não estou generalizando — o Brasil seria diferente. Mostre a verdade. Se eu errei, mostre a verdade — insistiu o presidente.

Bolsonaro, no entanto, sancionou projeto aprovado pelo Congresso que anistia multas aplicadas a partidos, entre elas as decorrentes da não aplicação de ao menos 5% das verbas públicas para a promoção e difusão da participação política das mulheres.

O texto aprovado diz que não sofrerá punição, como ter as contas rejeitadas, o partido que não tiver usado estes recursos para financiar campanha de candidatas mulheres até as eleições de 2018. Ele apenas vetou trecho do projeto que desobrigava legendas a devolver aos cofres públicos doações que receberam de servidores comissionados filiados às próprias siglas.

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Bolsonaro é do PSL, partido que é investigado em Minas Gerais e Pernambuco sob suspeita de desvio de recursos públicos por meio de candidaturas femininas de fachada. Os casos foram revelados pela Folha.

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