Os municípios catarinenses tiveram o quarto maior comprometimento orçamentário do país com saúde no ano passado. Em média, as cidades do Estado investiram R$ 471,91 por habitante no setor em 2017. Somente os municípios dos Estados de São Paulo (R$ 601,98), Mato Grosso do Sul (R$ 567,74) e Mato Grosso (R$ 502,22) tiveram maior investimento per capita no período. A média nacional foi de R$ 403,37.

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Os dados foram apurados em um estudo inédito do Conselho Federal de Medicina (CFM), elaborado a partir de informações disponíveis relativas às contas públicas no setor.

Considerando a soma dos gastos federais, estaduais e municipais com saúde, as despesas foram de R$ 1.140,66 por habitante em Santa Catarina, a nona maior proporção do país. A média nacional foi de R$ 1.271,65.

Roraima aparece no topo do ranking, com gasto per capita de R$ 1.771,13 — o Distrito Federal não entra na lista porque tem cálculos diferenciados. A última posição nacional é ocupada pelo Pará, com gasto de R$ 703,67 por habitante.

No comparativo dos investimentos com recursos exclusivos dos Estados, Santa Catarina teve desempenho ligeiramente acima da média: a despesa per capita foi de R$ 334,44 por habitante em SC, enquanto a média nacional foi de R$ 315,93. Nesse quesito, Roraima também lidera o ranking de investimento estadual, com média de R$ 976,77 investidos por habitante. Os piores desempenhos foram observados na Bahia (R$ 226,56), Maranhão (R$ 231,48) e Pará (R$ 258,02).

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— O município é o Estado mais próximo do cidadão e, portanto, mais suscetível às pressões diretas da população. Além disso, é o maior responsável pela entrega dos serviços do SUS na atenção primária e na urgência e emergência, que são as portas de entrada do sistema, e mesmo na média complexidade —, avalia o economista e diretor da consultoria Monitor Saúde, Januário Montone.

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Florianópolis teve 11º investimento entre capitais

Florianópolis concentrou investimentos com saúde por habitante um pouco abaixo da média entre as capitais. O custo per capita na capital catarinense foi de R$ 389,02, o 11º da lista, enquanto a média das capitais ficou em R$ 398,38.

Brasil gasta R$ 3,48 ao dia com habitante

A média de investimento em saúde nos três níveis de gestão do governo (federal, estadual e municipal) foi de R$ 3,48 por dia com cada brasileiro em 2017. Segundo o apurado pelo CFM, as despesas atingiram a cifra de R$ 262,8 bilhões. O montante agrega a cobertura das ações e serviços de aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde (SUS), como o custeio da rede de atendimento e pagamento de funcionários, dentre outras.

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Secretaria da Saúde de SC enfrenta graves problemas financeiros

As finanças da Secretaria de Saúde de Santa Catarina passam por momentos delicados nos últimos anos, com um déficit que chegou a R$ 1,08 bilhão em setembro de 2017, conforme apurado por uma auditoria do TCE, incluindo atrasos de pagamentos a fornecedores, restos a pagar de anos anteriores e problemas de gestão. Hoje, de acordo com a própria secretaria, a situação é um pouco melhor, com a dívida caindo para R$ 792 milhões em junho desse ano.

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Entre as medidas tomadas estão a luta no Ministério da Saúde, que reconheceu que Santa Catarina produzia mais do que recebia, trazendo mais R$ 100 milhões ao Estado, redução de sobreavisos na folha de pagamento direta e redução de despesas com revisão de contratos e melhora nos descritivos de processos de licitação, o que possibilitou economizar na compra de itens e medicamentos. Como resultado, foi possível ampliar o índice de abastecimento: o estoque de medicamentos saltou de 31% em março para 86% em julho. Já em relação a insumos, o salto foi de 23% para 80%.

Para o ano que vem, seguindo Proposta de Emenda à Constituição (PEC) aprovada na Alesc, o governo do Estado deveria aumentar em mais 1% o percentual da arrecadação gasto com saúde, chegando a 15%. Porém desde fevereiro tramita uma uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a suspensão da emenda constitucional 72/2016, que determinou essa elevação no percentual de valores à saúde.

A Adin foi proposta ainda pelo ex-governador Raimundo Colombo (PSD), que contou com a assessoria da Procuradoria Geral do Estado, depois de SC não conseguir cumprir o mínimo de 13% do repasse em 2017, no primeiro ano da medida. Na ocasião, o Estado aplicou 12,67% do que foi arrecadado com impostos na saúde. Com essa diferença, deixou de ser aplicado cerca de R$ 60,2 milhões em hospitais, medicamentos e serviços de saúde no ano passado.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, manifestou-se favorável ao pedido do governo pela inconstitucionalidade da lei. No despacho, ela pondera que essa “alocação adicional de recursos não pode ser feita de forma apriorística e unilateral pelo legislativo”, como aconteceu em Santa Catarina.

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Em entrevista ao Diário Catarinense na segunda-feira, o coordenador da transição de governo, professor Luiz Felipe Ferreira, informou que tanto a dívida da secretaria quanto o questionamento ao aumento do repasse mínimo ainda estão sendo analisados pela equipe do governador eleito Carlos Moisés da Silva (PSL).

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