Com o mercado ainda em expansão, Santa Catarina assiste, de longe, a França destruir hectares de vinhedos. É o que afirma o presidente do Sindicato das Indústrias de Vinho de Santa Catarina (Sindivinho/SC), Guilherme Grando. Santa Catarina produz, atualmente, 35 milhões de litros de vinho por ano.
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Na contramão de um mercado em expansão, a França anunciou na última semana o uso de 120 milhões de euros da União Europeia para acabar com cerca de 4% da área de produção de vinho no país. O setor francês enfrenta uma crise grave, com a queda do consumo da bebida (saiba mais abaixo).
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No Brasil, no entanto, Grando afirma que “ainda há muito a melhorar”. O país consome, em média, cerca de dois litros de vinho por habitante por ano. É apenas uma fração do que países europeus consomem (no caso da França, são aproximadamente 45,8 litros por pessoa acima de 15 anos anualmente).
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— Acredito que aqui no Brasil, e principalmente nos novos estados produtores, como Santa Catarina, isso não acontecerá em curto e médio prazo. O mercado ainda está em expansão. O brasileiro e o mundo estão começando a conhecer e, quem entende de vinhos, a reconhecer a qualidade do bom produto nacional. Ainda temos muito o que crescer — afirma o presidente do Sindivinho.
Um dos pontos onde ainda é preciso melhorar, segundo ele, é justamente no reconhecimento do produto de qualidade.
— Temos, sim, um problema tributário e um problema de alto consumo de vinhos falsificados e contrabandeados. Mas isso culturalmente melhorará quando o consumidor aprender a consumir mais qualidade, parando assim de arriscar em compras de produtos baratos, mas que, na verdade, vem deste meio ilegal — pontua.
Produção de vinho em Santa Catarina
Anualmente, Santa Catarina produz 35 milhões de litros de vinho. Além disso, são 60 mil toneladas de uva processadas; 6 mil hectares de videiras plantadas; e cerca de 100 empresas vinícolas regularizadas.
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O Estado também possui a indicação de procedência, uma certificação fornecida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), para os Vinhos de Altitude. Possui ainda a indicação geográfica da região do Vinho Goethe (produzido com a uva de mesmo nome, no Sul do Estado).
Hoje, Santa Catarina tem cerca de 5,4 mil famílias envolvidas no processo produtivo do vinho.
Crise dos vinhos na França
O mercado de vinhos franceses sofre o impacto da queda no consumo, especialmente entre os jovens. Em um estudo feito para a feira Vinexpo, menos de um terço dos apreciadores de vinho tem menos de 40 anos. Isso pode ter relação com hábitos alimentares: cada vez mais, pessoas jovens optam por refeições rápidas, como aperitivos, que normalmente são acompanhados por cerveja. Quando optam por vinho, preferem o branco, rosé ou o tinto leve.
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Outro impacto tem sido na queda das exportações, que reduziram 10% em 2023 em comparação com o ano anterior, de acordo com a rádio francesa de notícias, a RFI. A China, principal comprador, está adquirindo menos vinhos franceses, já que o país tem investido na produção própria e importado de outros países, como Espanha e Itália.
Ao todo, para rebater a queda na demanda, cerca de 30 mil hectares de área de produção de vinho devem ser destruídos. O Ministério da Agricultura francês anunciou um incentivo de 4 mil euros por hectare destruído para cada produtor que implementar a medida.
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Com a redução da produção, a ideia é que, mesmo com menos demanda, os preços não caiam.
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