O empresário e corretor morto no Aeroporto Internacional de Guarulhos na sexta-feira (8), identificado como Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, era delator em um acordo assinado com o Ministério Público. Os depoimentos traziam casos de envolvimento com uma facção criminosa e corrupção policial. As informações foram divulgadas no Fantástico, neste domingo (10).
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Antônio Vinicius era corretor de imóveis e foi através do ramo que se envolveu com o crime. Investigações apontaram seu envolvimento com dois participantes do alto escalão da facção, ambos mortos em 2021 e 2022.
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No vídeo divulgado pelo Fantástico, Antônio negou envolvimento na morte de um deles, mas confirmou que havia encontrado a vítima um dia antes dela ser morta. Ainda durante a delação, ele contou que membros da facção criminosa o sequestraram e ameaçaram de morte.
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— Nesse momento, ele levantou, pôs a arma na minha cabeça e falou: “Se você errar a senha, eu sei que você quer apagar o celular, vou te matar aqui mesmo. Você não vai pegar mais nesse celular, só vai se despedir de sua família” — contou.
A vítima foi solta, mas ainda assim foi denunciado como mandante de uma das mortes no início de 2022 e aguardava julgamento. Nessa mesma época, ele estava sendo investigado por lavagem de dinheiro para a mesma facção.
A proposta de delação premiada partiu do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo, no fim de 2023. O primeiro advogado, Ivelson, não concordava com a delação e deixou o caso. A defesa de Vinícius ficou com Aristides Zacarelli.
Trabalho para facção criminosa
Durante depoimento, Antônio negou envolvimento nas mortes, mas confirmou sua participação na facção ao ajudar a lavar dinheiro na compra de imóveis.
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— Eu admito que participei dessas transações, foi uma venda comercializada onde meu escritório fez análise jurídica, rodou os contratos e onde acabei fazendo no nome do meu tio e do meu primo — disse.
Nas reuniões com o MP, o corretor pedia por proteção contra as ameaças que vinha sofrendo. Ele afirmou ter sofrido um atentado após ajudar a repelir o crime. O atentado ao qual Antônio se refere aconteceu no Natal de 2023, onde após a primeira reunião com o MP o apartamento em que estava foi alvo de tiros.
O Ministério ofereceu a vítima o apoio do Programa Federal de Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas (Provita), do governo federal, mas ele recusou.
— Ele se recusou por várias vezes ingressar no programa. O que ele queria era uma espécie de escolta policial, não há nenhuma previsão legal para isso — explicou Lincoln Gakiya, promotor de Justiça do Gaeco do Ministério Público de São Paulo.
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Denúncia de corrupção contra policiais
Oito dias antes de ser morto, Antônio Vinicius havia denunciado à Corregedoria da Polícia Civil que dinheiro e pertences dele haviam sido roubados por investigadores da Polícia Civil. Em depoimento, ele afirmou que a primeira vez em que foi preso, uma bolsa com R$ 20 mil e uma caixa com relógios luxuosos haviam sido levados de sua casa.
A caixa com relógios foi devolvida, mas com cinco itens faltando. O empresário afirmou ter reconhecido um desses objetos em fotos nas redes sociais de um dos policiais. Segundo Antônio, as imagens foram apagadas logo após a denúncia.
— Nós estamos proibidos de revelar o teor. Inclusive, esse depoimento que ele deu na Corregedoria faz parte do acordo de delação premiada. E isso foi muito recentemente, ainda está em apuração por parte da Corregedoria — explicou o promotor Lincoln Gakiya.
Relembre o caso
O corretor havia desembarcado em Guarulhos de um voo vindo de Maceió junto da namorada. Ele seria recebido pelo filho e pelos seguranças, que eram todos policiais militares. De acordo com Guilherme Flauzino, advogado dos policiais, eles não têm envolvimento na execução de Antônio. Os PMs foram ouvidos e seguem afastados das funções na corporação temporariamente.
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— Estavam apenas trabalhando, fazendo seu bico. Eles cuidavam do filho do Vinícius como se fosse filho deles — explicou Flauzino.
A Polícia Civil informou, através de nota, que as armas que foram encontradas próximas ao aeroporto serão periciadas e que as investigações seguem em andamento. A suspeita é de que elas podem ter sido usadas no ataque.
Na mala que estava junto da vítima, foram encontradas joias avaliadas em R$ 1 milhão, de acordo com a polícia. Elas seriam o pagamento de um dívida e por isso o corretor havia viajado até Maceió.
— Ele era um arquivo vivo. Ele é alguém que infelizmente se envolveu com um crime organizado. Todas as linhas de investigação, elas serão levadas em conta e eu garanto para vocês que o Ministério Público vai acompanhar, como sempre acompanhou, mas especialmente nesse caso, vai acompanhar e auxiliar no que for possível as investigações da Polícia Civil para que esse caso seja solucionado o mais rápido possível — disse Lincoln Gakiya.
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