Pela primeira vez em pelo menos 15 anos, a maioria dos trabalhadores catarinenses não terá aumento real. A constatação é do presidente da Câmara de Relações Trabalhistas da Fiesc, Durval Marcatto Júnior. Ele explica que maio é o principal mês de convenções de data-base em SC, quando 38% dos mais de 200 sindicatos negociam reajustes. Até agora, tem havido acordo na maior parte dos casos, mas as conversas têm sido duras, com cada parte tentando reduzir o impacto da crise no bolso.
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Em Joinville, a negociação em um dos mais importantes setores econômicos da cidade, o dos mecânicos, foi parar no Ministério Público do Trabalho (MPT). A mediação do MTP, anunciada nesta semana, foi a alternativa após dez reuniões sem sucesso e duas propostas do patronal rejeitadas. Sem acordo no MPT, o caso vai para dissídio na Justiça. Na semana que vem será a primeira reunião com mediação.
– É a primeira vez que não há acordo em 15 anos – conta o secretário-geral do sindicato laboral, Adriano Braatz, que espera conseguir judicialmente o pagamento da inflação – 9,91% (INPC de 1º de abril de 2015 a 31 de março de 2016) – ainda que parcelado, se for o caso.
Com os metalúrgicos, o caminho é inverso. Após duas rejeições à proposta patronal, os trabalhadores entraram em estado de greve e o caso foi para dissídio, mas agora voltou para mesa de negociação. O presidente do sindicato laboral, Sebastião Alves, diz que o patronal sinalizou nesta semana que quer retomar as conversas e a data-base foi prorrogada para 13 de junho.
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Os trabalhadores nas indústrias do plástico votam neste sábado, às 14 horas, a proposta de reposição da inflação, paga de uma vez só e retroativa a abril. Em fevereiro, o sindicato começou pedindo 5% de aumento real.
No setor têxtil, a negociação já foi encerrada em Joinville. Os trabalhadores conseguiram reposição da inflação, de 11,31%, para data-base em fevereiro, paga em duas parcelas: 7,5% em fevereiro e 3,81% em maio. O piso da categoria cresceu acima da inflação: 13%.
– Saímos bem em comparação a outros setores – diz o presidente do Sinditex, Livino Steffens.
Nos setores mais atingidos pela crise em Santa Catarina, as empresas iniciam a conversa oferecendo em torno da metade da inflação, nem sempre para todos os funcionários, e tentam compensar com a figura do abono, algo que não agrada aos sindicalistas. No final, Durval Marcatto diz que a maioria das negociações tem terminado com valores abaixo do INPC e muitas vezes parcelados.
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Quem ganha o piso da categoria tem conquistado resultados melhores. Segundo Marcatto, o percentual tem ficado acima do que é oferecido nas negociações para todos os trabalhadores.