Menos salas de aula e um elefante branco ocupando espaço no terreno de uma escola estadual. São 25 metros de comprimento e profundidade e largura suficientes para todo mundo ver o tamanho do desperdício de dinheiro público devido à falta de planejamento.

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A piscina semiolímpica da Escola Estadual Irineu Bornhausen, no Estreito, em Florianópolis, foi inaugurada em 2006 com a promessa de ser um projeto inovador para uso dos alunos e comunidade, mas a novidade durou pouco. Segundo uma auditoria do Tribunal de Contas do Estado, o local está sem uso desde 2011 por falta de professores capacitados e porque a água não é aquecida.

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Até o início de 2014, a água estava verde e a sujeira era tanta que moradores vizinhos denunciaram a situação para a Vigilância Sanitária com medo da proliferação de mosquito da dengue.

A diretora Luciane Neves explica que assim que assumiu o cargo, no mesmo ano, se deparou com a situação da piscina e encaminhou ofício para a Secretaria de Desenvolvimento Regional para ver o que poderia ser feito:

– Só de cloro era mais de R$ 3 mil por mês, e o antigo diretor limpava ele mesmo a piscina. Existia o risco de dengue e também de acabar entrando alguém no fim de semana e se afogar. Por isso chegamos à conclusão que o melhor seria esvaziar.

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Luciene diz que fica triste por ver um bem que poderia ser usado, estar abandonado por falta de estrutura.

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Área em desuso desde 2011 por falta de professores e de aquecimento da água

Foto: Betina Humeres/ Agência RBS

Em busca de parceria

– Estou buscando parcerias para ver a possibilidade de colocar uma cobertura, ou ver se o melhor é aterrar e construir mais salas – falou A diretora

Segundo informações que Secretaria de Desenvolvimento Regional da Grande Florianópolis divulgou na época, foram gastos R$ 782.548,96 na escola Irineu Bornhausen, incluindo a construção da piscina, quadras polivalentes e novos sanitários masculinos e femininos. A escola atendia cerca de 900 alunos, enquanto atualmente atende 440, do 1º ao 9º ano.

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Dez salas derrubadas para a construção

O presidente da Associação Amigos do Estreito, Édio Fernandes (Jajá), recorda que foram derrubadas em torno de 10 salas de aula para a construção da piscina, que foi pouquíssimo usada:

– Construíram em um período que logo iria ter eleição, sem nenhuma necessidade, sabendo que temos somente 2 a 3 meses de verão, ficando inutilizada ao longo do ano pois não é térmica. Mesmo se fosse, a manutenção é caríssima. Além do que vivia imunda, era um perigo nos fins de semana, quando a meninada pulava o muro e ia lá tomar banho. É impressionante a falta de planejamento – lamentou Édio.

Em 2013, TCE apontou que obra foi executada sem estudos técnicos necessários

FotO: Betina Humeres/ Agência RBS

Sem estudo técnico

Em outubro de 2013, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) realizou uma auditoria em seis escolas da rede estadual, e apontou a omissão do estado em apresentar solução para a manutenção das escolas. Na Irineu Bornhausen, os auditores destacaram que “trata-se de uma obra executada sem necessários estudos técnicos”.

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O TCE determinou que a Secretaria de Estado da Educação e a Secretaria de Desenvolvimento Regional tomassem providências em relação aos problemas apontados. Mo entanto, as secretarias pediram prorrogação nos prazos, e somente em 2015 encaminharam documentos ao TCE. Os papéis ainda estão em análise na Diretoria de Controle de Licitações e Contratações (DLC). Após a avaliação, o processo deverá ser submetido ao Ministério Público e ao relator.

E a solução?

A reportagem tentou durante toda a segunda-feira contato com o Secretário de Desenvolvimento Regional, Gilson Botelho, com a gerente regional de educação, Dagmar Pacher, e também com o Secretário de Educação, Eduardo Deschamps. A Secretaria de Educação foi o único órgão a comentar o caso.

Por telefone, a assessoria de comunicação informou que no início do ano foram reformadas três salas de aula e, após as obras, a Secretaria não tem informações de que faltam espaços na escola Irineu Bornhausen. A pasta também informa que está sendo feita uma análise para reutilização do espaço da piscina, sem dar mais detalhes concretos.

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